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sexta-feira, 20 de abril de 2018

Entre as brumas da memória


25 Abril – Faltam 5 dias

Posted: 20 Apr 2018 02:06 PM PDT

@alfredocunha
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Macron, o salvador da Europa?

Posted: 20 Apr 2018 11:21 AM PDT

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Quarenta e sete anos, dez meses e vinte e quatro dias depois

Posted: 20 Apr 2018 08:39 AM PDT

«A cidade apareceu ocupada e radiosa. Deparámos com colunas militares inundadas de sol; e povo logo a seguir, muito povo, tanto que não cabia nos olhos, levas de gente saída do branco das trevas, de cinquenta anos de morte e de humilhação, correndo sem saber exactamente para onde mas decerto para a LIBERDADE!

Liberdade, Liberdade, gritava-se em todas as bocas, aquilo crescia, espalhava-se num clamor de alegria cega, imparável, quase doloroso, finalmente a Liberdade!, cada pessoa olhando-se aos milhares em plena rua e não se reconhecendo porque era o fim do terror, o medo tinha acabado, ia com certeza acabar neste dia, neste Abril, Abril de facto, nós só agora é que acreditávamos que estávamos em primavera aberta depois de quarenta e sete anos de mentira, de polícia e ditadura. Quarenta e sete anos, dez meses e vinte e quatro dias, só agora.»

José Cardoso Pires, Alexandra Alpha
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Dica (747)

Posted: 20 Apr 2018 07:14 AM PDT

The Labour Market Basis For Populism (Carl Melin e Ann-Therése Enarsson)

«All over the world, populist parties and movements are growing ever more strongly, and established parties appear to lack effective strategies to combat this. A newly-published report from Stockholm-based think tank Futurion confirms that this growing populism can be explained by people’s concerns about what is happening in the labour market. Politicians and many experts have underestimated the importance of the economy and jobs and overestimated the immigration issue. And this is why the response to the populists has been wrong.»

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As novas cidades

Posted: 20 Apr 2018 02:58 AM PDT

«Há poucos dias o South China Morning Post (SCMP) escrevia que o distrito central de Hong Kong se tinha tornado demasiado caro, mesmo para as multinacionais. Muitas, face ao aumento das rendas, estavam a preparar a saída do centro da cidade, embora fosse difícil abandonar Hong Kong, um centro financeiro e comercial por excelência. A própria Goldman Sachs estava a preparar a sua saída. É um sinal dos tempos, em que os centros das cidades se estão a tornar inóspitos para os cidadãos locais e mesmo para as empresas. Os dados desta mutação eram também visíveis noutras notícias que o SCMP foi dando nesses dias. Assim, um estudo do Australian Housing and Urban Research Institute mostrava que havia incentivos governamentais para que os construtores edificassem casas de preços acessíveis na Austrália. Sidney é a cidade menos acessível do mundo em termos de preços do imobiliário, só atrás de Hong Kong. E, nos últimos oito anos, a construção de casas de preço acessível tinha sido apenas 0,5% do total. Hoje em Sidney há 50,4 pessoas sem casa por 10 mil habitantes, face a 33,9 em 2006. Mais interessante: os investidores institucionais japoneses tinham agora mais apetite pelos fundos europeus de "real estate", porque os crescentes dividendos no mercado da Europa eram agora mais atractivos dos que os recebidos no mercado americano. Ou seja: a tendência de subida do preço das casas é para se manter.

Quando se olha para o que se está a passar em Lisboa (e no Porto) percebe-se essa tendência. Os centros das cidades estão a ser ocupados por quem tem dinheiro para investir e isso vai conduzir à desertificação dos cidadãos locais, mesmo daqueles que, como classe média, ainda tentavam resistir. E Portugal, nesse aspecto, surge como um lugar seguro para elites francesas ou brasileiras. O centro das cidades começa a parecer-se com enormes condomínios privados. Um dia destes os presidentes das juntas de freguesia da parte central de Lisboa serão eleitos por eles próprios, porque não haverá eleitores. Ou seja, a democracia está a suicidar-se com esta aparente "economia de mercado".

As cidades estão a tornar-se o território dos abastados sem pátria. Enquanto isso sucede, a cultura local irá extinguir-se e a diversidade também. Mas este é o caminho da urbanização acelerada e dos interesses económicos que nunca foram contrariados pelos poderes públicos. Porque uma coisa é investir e rentabilizar imobiliário nas cidades; outra é torná-la inabitável. Quando polícias, enfermeiros e funcionários dos serviços básicos deixarem de poder viver próximos dos centros urbanos e, portanto, resistirem a vir trabalhar para eles, se verá. Como escrevia George Orwell: "Não é coincidência que Charles Dickens nunca escreva sobre a agricultura e escreva sem fim sobre a comida. Era um cockney, e Londres é o centro da terra no mesmo sentido que a barriga é o centro do corpo. É uma cidade de consumidores." Hoje há uma alteração: as cidades estão a sofrer uma alteração estrutural. O problema é que parece que ninguém está muito atento a isso.»

Fernando Sobral

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