Novo artigo em Aventar
por Ana Moreno
No dia em que se celebra a conquista da Liberdade e Democracia em Portugal, a organização não governamental Repórteres sem Fronteiras publica o seu relatório de “Classificação Mundial da Liberdade de Imprensa 2018", denunciando um sério agravamento da hostilidade contra os mídia/jornalistas no continente europeu.
Entre os países europeus em que a liberdade de expressão e de informação está mais fortemente refém dos interesses de regimes autoritários, figuram a Hungria, Polónia, Tchetchénia, Eslováquia e, claro, Malta - o paraíso fiscal onde em Outubro do ano passado foi assassinada a corajosa jornalista Daphne Caruana Galizia, por explosão de uma bomba colocada no seu automóvel. Sabia demais sobre corrupção nos mais altos círculos governamentais. "Há patifes por todo o lado. A situação é desesperante" - foram as últimas palavras que Daphne escreveu no seu blog.
Tal como demais sabia o jornalista eslovaco Jan Kuciak, assassinado a tiro juntamente com a sua companheira em Fevereiro passado, enquanto investigava fraude fiscal e corrupção de alto nível envolvendo a máfia italiana e políticos do seu país.
O tecido de que são feitos os tão aclamados princípios europeus está a esgaçar-se por todo o lado, sob a tensão do primado do lucro e o ataque das traças neoliberais, acarinhadas por governos eleitos por povos supostamente sem alternativa, mantidos cansados e espremidos - para produzirem baratinho - e alienados por via do consumo, futebóis ou redes sociais.
Há, sim, saquinhos de cânfora ou lavanda, como o “Projecto Daphne”, e valha-nos isso.
Mas os insectos são cada vez mais vorazes e, enquanto acenam com a profusão de pechinchas que podemos comprar à custa de condições de produção e transporte degradantes e nocivas que não interessam a ninguém, transformam em farrapos as conquistas das gerações que lutaram pelos Direitos, pela Democracia.
Nota: Surpreendentemente, Portugal subiu quatro lugares na classificação e ocupa agora o 14.º lugar.
Contudo, de acordo com o relatório, divulgado desde 2002, a "atitude grosseira", por parte dos agentes do futebol, representa um dos principais problemas para os meios de comunicação.
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