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Na Língua Portuguesa subsistem inúmeros vestígios da língua árabe mas, apesar desta nítida influência, é bastante complicado contabilizar esses indícios, porque não existe uma listagem completa e consensual dos arabismos na língua portuguesa, nem mesmo um registo daqueles que desapareceram.
Os Árabes chegaram à Península Ibérica no início do século VIII d. C., trazendo consigo a segunda (e final) componente do Português. O estudo dessa importante influência é bastante complexo, porque esta também se verificou em Espanha, no Norte de África e no Oriente. Poder-se-á dizer, em parte, que estas influências aparecem em manifestações da vida quotidiana portuguesa medieval, entre os séculos IX e XIV e podiam ser encontrados também tanto na administração e na economia, como no domínio espiritual.
Estes vocábulos entravam nas casas das pessoas, nas instituições, nas oficinas. Segundo os textos esta influência tornou-se mais progressiva quando a cristandade lutava com a mourama, devido ao contacto existente entre as duas forças em conflito, e dos moçárabes que iam ficando nas terras reconquistadas pelos cavaleiros cristãos.
Este estudo da relação entre a língua árabe e a língua portuguesa revela-nos que de entre o léxico de origem árabe predominam os substantivos, seguidos dos adjectivos. São muito escassos os advérbios e praticamente inexistentes os verbos, talvez pela diferença entre as duas línguas ser muito acentuada. Estas são algumas palavras da Língua Portuguesa de origem árabe.
- Açafate (assafat, cesta)
- Açafrão (azzafaran, amarelo)
- Acéquia (assekyah, ribeiro de rega)
- Achaque (ashshaka, enfermidade)
- Acicate (ashshukat, espinho)
- Açoite (assaut)
- Açorda (athurda, sopa de pão)
- Açoteia (assutaiha)
- Açougue (assuk)
- Açucena (assusana)
- Açude (assudd)
- Açúcar (assukar deriva do Sânscrito çarkara, grãos de areia)
- Adarga (addarka, escudo)
- Aduana (addwana)
- Alá (al + ilâh, divindade)
- Alabão (allabban, que dá muito leite)
- Alambique
- Alarife (alarif, sábio, mestre de obras)
- Alarve (al+ A’árab, os árabes beduínos)
- Alazão: al-Hiçân: Cavalo
- Albarda (albarda’a)
- Albardar (albarda’a)
- Albornoz (Al’burnus, capa usada pelos Berberes)
- Alcáçova (alkasaba, a zona administrativa de um castelo)
- Alcachofra (Alkharshof, fruto do cardo manso)
- Alcaide (alkaid, chefe)
- Alcaidaria (alkaid, chefe)
- Alcaiote (alkawwad)
- Alcalóide (palavra composta: Árab. alcali + Grego eîdos, forma)
- Alcaravia (alkarawiya)
- Alcaraviz (alkarabís)
- Alcateia (alkataia, rebanho)
- Alcatifa (alkatifa)
- Alcatruz (alkadus palavra composta: Árab. al + Grego kádos, jarro para água ou vinho)
- Alcaparra
- Alcavala (alkabala, tributo)
- Alcofa (alkuffa, cesto)
- Álcool (alkohul, coisa subtil)
- Alcorão (Alkuran, a leitura)
- Alcova (al-qabu, quarto lateral)
- Alecrim (aliklil)
- Aletria (Axxa’riyaalitríya)
- Alface: al-khaç (veio a substituir o latim lactuca, leitosa, leituça, leituga, que por sua vez, derivou o fr. Laitue, o esp. Lechuga , o it. Lattuga e o ing. Lettuce)
- Alfafa: al-Hâfa
- Alfaia
- Alfaiate: al-khayyât
- Alfândega: alfunduq
- Alfanje: al-Hanx: serpente
- Alfaraz: al-faras cavalo ou égua
- Alfarela
- Alfarrábio
- Alfarrabista: do nome do filósofo muçulmano al-Fârâbî que possuia e leia muitos livros.
- Alfarroba (al-Kharrub) fruto e árvore
- Alfarrobeira
- Alfavaca: al-habâqa vaso onde se semeia a planta de al-habaq i.é. erva cedreira ? (não é erva cidreira, al-habaq é manjericão)
- Alfazema:al-khuzâma
- Alfeire
- Alferes (alfaris, cavaleiro)
- Alfobre (alhufra, rego?)
- Alforge (alhurj, sacola)
- Alforria (palavra composta:Árab.al + Francês feurre, livre) seria simplesmente a palavra árabe al-hurriya (a liberdade da qual temos forro hurr libre)
- Algarismo (alkawarizmi, nome do matemático árabe Abu Ibn Muça)
- Álgebra
- Algema (aljami’a, pulseira)
- Algeroz (azzurub, canal) al-kharruj, aquele que faz sair
- Algibeira (al-jabîra, bolso)
- Algodão (alkutun)
- Algodoeiro
- Algoritmo
- Alguidar (alqidr, escudela de barro)
- Algoz (al-gozz, membro de uma tribo que recrutava carrascos)
- Alicate (allikkát, tenaz)
- Aljama (aljamaa, reunião)
- Aljava (aljaba)
- Almadrava (almadraba)
- Almanaque (almanakh)
- Almedina (almedina, a cidade)
- Almirante (amir-al-bahr)
- Almóadaos (almohadas) dinastia maghrebina que governou ente 1145 e 1260 o Maghreb e o al-Andalus
- Almocreve (almukari,alugar bestas)
- Almofada (almukhadda de khadd, face)
- Almofariz
- Almofate (almikhyat, agulha, sovela)
- Almofre
- Almogávar (almugauar, guerreiro)
- Almôndega (albundeca, avelã?) tipo de papa preparada a base de cereais que se comia misturada com gordura (azeite ou manteiga)
- Almorávida (almurabit)
- Almotacé (almuhtasib, mestre de aferição)
- Almotolia (almutli)
- Almoxarifado
- Almoxarife
- Almude: unidade de peso
- Alqueire (al-keil, unidade de peso para cereais)
- Alqueive
- Alvanel
- Alvará (al-barã’a, carta de autorização)
- Alvazil (al-wazîr, ministro)
- Alveitar: veterinário
- Alvitana
- Alvíssaras
- Alvorge
- Armazém (al-Makhzan)
- Arrátel: ritl unidade de peso
- Arroba unidade de peso
- Arroz: arruzz
- Arsenal tarsãna
- Atafal
- Atafona: moinho
- Atalaia: attalî’a: torre de vigia localizada, fora das localidades, num sítio alto.
- Auge: Auj'(o topo; óptimo)
- Azar: azzahr (sorte)
- Azeite (substitui óleo, óleo de oliva)
- Azeitona (substitui o latim oliva)
- Azemel: quem aluga os animais de carga
- Azémola: animal de carga
- Azimute (assimt, a marcação em graus da posição de um astro no horizonte, medido do pólo ao equador )
- Azenha: moinho de roda movido por água
- Azinhaga
- Azul (al-lzaward, empréstimo árabe do persa ljward, lat. lapis lazuli, a pedra lazurita)
- Azulejo (al-zuleij, pedra pintada)
- Bafafá : bafaf (bolo)
- Baraço
- Bolota
- Café
- Cáfila
- Califa
- Califado
- Cartaz
- Ceifa
- Ceroulas (sarawil)
- Chafariz
- Cherne
- Chifra
- Cifra
- Cotovia (al-kutubia, a livraria)
- Damasco
- Demotologica
- Elixir (‘Al-Axir’)
- Emir (‘Amir’)
- Emirato (Emirado)
- Escabeche (‘Sikbaj’)
- Esmeralda (zumúrrud)
- Falua (faluka)
- Fatímida
- Fulano (Flan)
- Garrafa (karafâ, frasco bojudo)
- Harém (‘Harim’)
- Haxixe (‘Hashish’; maconha)
- Imã (imam, guia)
- Islão (Islã, Islame)
- Javali (jabali)
- Jarra
- Jasmin
- Laranja (naranj deriva do Persa naräng)
- Laranjeira (naranj deriva do Persa naräng)
- Lezíria (al-jaza’ir, ilhas)
- Limão (laimun deriva do Persa limun)
- Limoeiro (laimun deriva do Persa limun)
- Madraçal (madraça, escola)
- Magazine
- Marabuto: Murâbit santo que se dedica ao ribât i.é à guerra santa ou à vida religiosa dentro de um ribât (local de meditação religiosa ou de fronteira para proteger as terras do Islão)
- Masmorra (matmura, celeiro subterrâneo)
- Matraca (mitraka)
- Mesquita (masdjid)
- Moçárabe (must’rib, arabizado)
- Mudéjar (mudajjan, o que fica morando)
- Muezim Muazzin responsável pelos chamamentos às orações canónicas.
- Maomé (original: Muhammad. Também Maomet. Outrora: Maomede, Mafoma, Mafamede)
- Muladi: muallad: cristão da Península ibérica convertido ao Islão (malado)
- Nadir (natir, oposto, projecção na esfera celeste inferior)
- Nora (na’ûra)
- Omíada
- Oxalá (in sha allah ou inshallah, se Deus quiser)
- Papagaio (babaga)
- Ramadão
- Rês
- Resma
- Sáfaro (sahra’, deserto)
- Safra (safaria, estação da colheita)
- Salamaleque (as-salam-alaik, a paz seja contigo)
- Saloio (çahroi, do campo)
- Sultanato (sultan, domínio, dominador)
- Sultão (sultan, domínio, dominador)
- Sura
- Tambor (tanbur deriva do Persa dänbära, cítara)
- Taça
- Taifa
- Tâmara
- Tarefa
- Tanque
- Xadrez (xatranj deriva do Sânscrito xaturanga, que consta de quatro membros)
- Xarope (sharab, bebida, poção)
- Xaveco (xabbak, pequeno navio de três mastros e velas latinas)
- Xerife
- Xeque
- Xeque-mate
- Zarabatana (zarba tãnâ)
- Zénite (samt, direcção da cabeça, caminho, projecção na esfera celeste)
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