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segunda-feira, 16 de abril de 2018

Vistos Gold: a elite que flutua acima dos comuns mortais que vão presos por roubar mercearias em supermercados

16/04/2018 by João Mendes

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Fotografia: Mário Cruz/Lusa

Durante as alegações finais do julgamento de António Figueiredo, antigo presidente do Instituto dos Registos e Notariado, preso desde 2014 no âmbito do caso Vistos Gold e acusado dos crimes de corrupção passiva, peculato, branqueamento de capitais e tráfico de influência, o conhecido advogado Rogério Alves, citado pelo jornal Público, alegou que Figueiredo não devia sequer ser condenado por tráfico de influência na medida em que era “incapaz de dizer que não” aos pedidos que recebia, viessem eles de onde viessem.

Colocado desta forma, ficamos com a sensação de estar perante um bravo justiceiro, preparado para contornar o sistema para facilitar a vida ao mais comum dos mortais. Claro que, individualidades como o antigo jogador do Benfica, David Luiz, o barão social-democrata, Marques Mendes, ou a esposa do turbo-licenciado Miguel Relvas não são simples mortais. Fazem (ou faziam, no caso de David Luiz) parte da elite mais poderosa e endinheirada deste país. Da elite que flutua acima dos comuns mortais que vão presos por roubar mercearias em supermercados.

Imagine-se, caro leitor, numa situação em que depende do favor de uma alta patente da Administração Pública para resolver um determinado problema. Acredita verdadeiramente que o presidente do IRN, ou de outra entidade pública qualquer, vai atender o telefone para lhe fazer um favor, por mais simples que seja? É claro que não. Terá muita sorte se conseguir chegar até ao assistente ou secretário, mas dali, garantidamente, não passa. E nem tem que ser de outra forma, que o presidente de uma entidade pública está ali para trabalhar e para garantir que todos são tratados de igual forma, não para fazer favores a quem quer que seja, aristocrata ou plebeu.

Claro que, no improvável caso de estar a ser lido por um jogador de futebol de classe mundial, pela esposa de um influentíssimo político ou por um advogado de um dos maiores escritórios a operar em Portugal, famoso por ter acesso privilegiado a todo o tipo de informação, o caso muda de figura. Como sabem, vossas excelências fazem parte da privilegiada elite, a tal que, como anteriormente referido, flutua acima dos comuns mortais. É natural que os favores aconteçam, porque hoje é um poderoso político que precisa de um Visto Gold para ontem, amanhã um António Figueiredo que precisa de outro frete qualquer.

Não queria terminar sem aqui aventar um apelo, que me parece da maior importância nestes tempos conturbados em que a imprensa nacional se encontra capturada pelo regresso do mais nefasto e atroz estalinismo: parem de azucrinar Miguel Macedo! Já chega de tanta notícia, tanto debate, tanto artigo de opinião. A perseguição política promovida contra este general do saudoso Passos Coelho já ultrapassou o limite do razoável e é tempo de dizer basta. Não é aceitável. Já chega o que fizeram a Marco António Costa, Miguel Relvas, Maria Luís Albuquerque e Pedro Passos Coelho, seus comunistas de uma figa!


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