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quinta-feira, 10 de maio de 2018

Entre as brumas da memória


10.05.1958 – Humberto Delgado: «Obviamente demito-o!»

Posted: 10 May 2018 08:09 AM PDT


Durante a conferencia de imprensa de lançamento da sua campanha para as eleições presidenciais, no Café Chave d’Ouro em Lisboa, Humberto Delgado proferiu uma frase que viria a ficar célebre: «Obviamente, demito-o!»

Interessa o seu significado, independentemente das outras versões da frase em questão, que foram sendo reivindicadas.

«A 10 de maio de 1958, no café Chave d` Ouro, no número 38 do Rossio, em Lisboa, o candidato da oposição às presidenciais deu a conferência de imprensa em que o correspondente em Lisboa da agência noticiosa France Presse (AFP), Lindorfe Pinto Basto, fez a pergunta.

"Senhor general, se for eleito Presidente da República, que fará do senhor Presidente do conselho?", perguntou, depois de ter notado que, num país que vivia em ditadura, os jornalistas "estavam todos `nas encolhas`".

"Vi que os meus colegas estavam todos nas encolhas. Eles não podiam falar. Eu pertencia à France Presse. Fiz a pergunta. Tinha de a fazer. O general parecia que estava à espera", lembrou Lindorfe Pinto Basto numa conversa com Iva Delgado, filha do general que "perdeu" as eleições para o candidato do regime, Américo Thomaz, no meio de acusações de fraude.

"Obviamente demito-o!" foi a resposta usada pelos jornalistas, mas, mesmo passado meio século, as versões não são todas coincidentes, como descreve o neto do general, Frederico Delgado Rocha, no livro "Humberto Delgado - Biografia do General sem Medo" (Esfera dos Livros), agora reeditado por ocasião dos 50 anos do seu assassinato.

A frase, lê-se no livro, foi registada com "nuances" pelos diferentes jornalistas desde a pontuação ao tempo verbal e à própria ordem das palavras.

As duas variações assinaladas no livro são: "Demito-o, obviamente" e "mas obviamente demito-o".

Em 1998, numa conversa com Iva Delgado, Pinto Basto, que era correspondente da AFP desde 1948, registou outra frase: "Demito-o, é óbvio".»

(Fonte)
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CDS e Eutanásia

Posted: 10 May 2018 06:06 AM PDT

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Queridos fiéis de Cristas, que se julgam eternos: olhem que a Vida mata muito mais! Não lhes ensinam isso na catequese?

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Histórias do fim

Posted: 10 May 2018 02:59 AM PDT

«O coro das carpideiras, o direito à indignação dos enganados e os suspiros de tenor dos que se consideram apenas envergonhados, não devem distrair da tarefa principal que é a identificação dos dispositivos e dos factores que geram e encobrem a compra e venda de decisões políticas. É uma tarefa necessária, para que não tenha de se ficar à espera até chegar ao ponto em que será a incompetência dos protagonistas, a sua imprudência ou o seu desplante, o que vai revelar como se serviram do poder que lhes foi atribuído, iluminando então o corpo dos interesses que estava encoberto pelas sombras das ideologias. A compra e venda de decisões políticas não é de direita ou de esquerda, é a política no mercado.

Mas é uma tarefa obrigatória na política portuguesa, porque o que se encontra hoje é o que já se conhecia de outros períodos no passado, em processos que se repetem até chegarem à configuração do fim-de-regime. Foi assim com o liberalismo de 1820 e da Constituição de 1822, da perda do Brasil e da venda dos bens da Igreja, que depois, esgotadas as receitas das vendas, evoluiu até ao fontismo das obras públicas financiadas com dívida, que conduziu à bancarrota de 1891, à subordinação aos credores externos e ao fim do regime da monarquia. Foi assim com a República de 1910, que termina logo a seguir à prisão de Alves dos Reis, em Dezembro de 1925, explorando a propriedade do partido do regime, o partido de Afonso Costa, aquele que tinha de estar sempre no poder. Foi assim com a República do Estado Novo, que caiu nos abismos da descolonização e da nacionalização dos centros empresariais, para ficar dependente do destino que lhe for permitido pela União Europeia e pelo Banco Central Europeu. Volta a ser assim com a democracia pluralista estruturada pela Constituição de 1976 e organizada por um sistema partidário que reproduz o padrão dos partidos-de-regime, aqueles que abrem os escritórios de compra e venda de decisões políticas.

Só não viu quem quis continuar iludido. O caminho provável do PS é o caminho do regime, o fim de um será o fim do outro. Para renascerem logo a seguir, como se fossem novos. Não se esquece nada e não se aprende nada.»

Joaquim Aguiar

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