por estatuadesal
(In Blog O Jumento, 21/05/2018)
Quando Bruno de Carvalho tentou renovar o vínculo contratual com André Carrilo em condições parecidas às que conseguiu impor aos jogadores agora mais revoltados pelas dificuldades em sair para outros clubes, fez-se um silêncio. Ninguém reparou que Bruno de Carvalho usou os poderes da relação contratual com o jogador para o chantagear.
Práticas, como retirar o jogador dos treinos, convocá-lo para uma reunião e mantê-lo numa sala durante uma tarde e outros tratamentos de que Carrillo foi alvo são crimes de assédio laboral em muitos países. Mas ninguém se levantou em defesa do trabalhador, e até vimos ilustres deputados virem elogiar Bruno, referindo-se à personagem como o “meu presidente”. Como ninguém se incomodou por um jogador como o Bryan Ruiz, com 33 anos, ter sido forçado a treinar com os juniores.
Até poderia fazer aqui uma lista de personalidades de esquerda que, na ocasião, se mantiveram em silêncio e que não hesitaram em apoiá-lo nas últimas eleições. O Bruno de Carvalho sem regras não é uma novidade, não resulta de um desvio que levou Daniel Sampaio a afastar-se da criação, nada mudou em Bruno de Carvalho.
Só que, desta vez, o comportamento de Bruno de Carvalho ocorreu num contexto em que as boas consciências já voltaram a ter bons valores e os mesmos comportamentos que no passado eram tolerados, ou mesmo elogiados, passaram a ser considerados condenáveis. Ainda por cima parece que a brilhante gestão de Bruno de Carvalho foi mais longe e envolveu o recurso a jagunços para meter os trabalhadores na ordem.
Onde estavam os deputados defensores dos direitos laborais quando André Carrrilho foi maltratado? Não deixa de ser curioso que aqueles que parece defenderem que o mundo do futebol é um mundo com leis à parte, elogiando os métodos de Bruno de Carvalho, tenham agora mudar de opinião e já defendem que um assalto com roubos de relógios e provocando três pontos numa testa já é terrorismo.
A verdade é que Bruno de Carvalho é a melhor das produções da hipocrisia nacional, da cobardia e da falta de valores. Da cobardia porque agora que o monstro perdeu o controlo ninguém quer assumir a paternidade.
Alguns mais espertalhões dizem que só agora Bruno resvalou para a asneira; estão esquecidos do que ele fez ao Carrillo. Vá lá, na ocasião os “adeptos” não bateram no jogador peruano, e se tal tivesse sucedido, talvez muitas dessas boas pessoas tivessem vindo em defesa dos jagunços, sugerindo que tinha sido um pequeno exagero e que tudo não tinha passado de uns tabefes.
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