(In Blog O Jumento, 24/05/2018)
Ainda que nem se tenha reparado o país está sendo informado sobre o que se passou em Alcochete com base na informação constante no processo, isto é, graças a mais uma violação do segredo de justiça, algo muito frequente nos casos investigados a partir da capital. É raro o processo cuja investigação seja feita a partir de Lisboa que não dê lugar a este tipo de informação, até faria sentido que fosse acrescentado um canal à grelha dos canais televisivos transmitidos por cabo, precisamente para fornecer esta informação.
A última novidade é a exibição de fotogramas, criteriosamente selecionados para passar uma imagem do assalto a Alcochete, como se estivéssemos perante uma operação de comandos do DAESH, só não se consegue perceber muito bem nas imagens se os terroristas traziam consigo metralhadoras Ak 47. Como consta que foram encontradas armas nos carros podemos imaginar o pior.
Tudo isto tem alguma graça pois não se percebe o que se pretende, se justificar a prisão preventiva de 23 jovens com o argumento de serem terroristas, assustar a comunidade provocando alarme público para justificar os processos e argumentação dos investigadores ou passar a mensagem de podemos dormir descansados porque temos alguém que não dorme para poder conduzir a tarefa de higienização da sociedade, designadamente do meio político e agora, do futebol.
Fica-se com a sensação de que depois de se ter depurado a classe política alguém se lembrou de que seria a hora de limpar o meio futebolístico e, no mesmo dia em que somos bombardeados com o pouco que há no processo do assalto do DAESH a Alcochete, ficamos também a saber que Bruno de Carvalho é acusado por um dos colegas da direção do SCP, que o abandonou, de ter ficado com luvas no negócio de Bryan Ruiz. A conclusão é óbvia, zangam-se as comadres e sabem-se as verdades; é bom que o Bruno de Carvalho se cuide pois a esta hora já devem estar a acrescentar uma cama ao lado de Vale e Azevedo.
Há no ar a ideia de que para o derrube do “ditador de Alvalade” não vai ser necessário encomendar ao Trump uma operação militar ao estilo da que derrubou Noriega, no Panamá. Por cá, temos quem faça isso com menos tiros e tabefes do que se ouviram em Alcochete e pela informação que vai saindo nos jornais já se percebeu a mensagem.
Para que a promiscuidade entre o mundo da política e o mundo da bola ficasse completa só faltava o envolvimento de magistrados. Depois de políticos, banqueiros e empresários só faltavam os magistrados para que o espetáculo de mais uma ópera bufa tivesse início.
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