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segunda-feira, 11 de junho de 2018

Entre as brumas da memória


Dia de Portugal

Posted: 10 Jun 2018 09:56 AM PDT

Se a existência deste dia tem alguma utilidade, quando será que temos um presidente da República que os tenha no sítio (pardon my French…) para mudar a data para 25 de Abril?

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Esta Europa ainda vai ser uma imensa Itália

Posted: 10 Jun 2018 07:30 AM PDT

«A Itália, fundadora da UE e a sua terceira maior economia pós-Brexit, foi um retrato feliz do pós-guerra: um sistema bipartidário consolidado, uma economia criativa e exportadora, um deslumbramento europeísta. Agora, com vinte anos de euro, regista um PIB per capita menor do que o do virar do século, ainda não recuperou da recessão de há uma década, acumula a terceira maior dívida pública do mundo, o seu sistema político desagregou-se e tornou-se o país mais eurocético. Alguém ainda insiste em dizer que não há um sintoma italiano?

Tudo ia correr bem

Já ninguém se lembra, nem os próprios, mas alguns europeístas rejubilaram com a eleição italiana de março. O 5 Estrelas era então apresentado como um partido inclinado a aliar-se a Renzi e ao Partido Democrático, portanto confiável no seu institucionalismo europeu.

O facto é que o Governo italiano, com a aliança entre os protofascistas da Liga e os calculistas do 5 Estrelas, demonstrou ser uma ameaça para os imigrantes, o primeiro alvo, e para os trabalhadores, a segunda vítima. Na mistura inviável de ideias copiadas dos catálogos neoliberais, salgadas com algum pastiche eleitoralista, destaca-se o IRS plano de 15 ou de 20%, favorecendo os mais ricos, tudo puro Trump. Outras promessas, como a de um Rendimento Básico a 780 euros, prometido para todos, mas agora restrito a uma parte da população e sugerindo a contrapartida de mercantilização dos serviços públicos, são puro Friedman. Se assim falha nas contas e se resulta nas ameaças, o Governo Conte é uma impossibilidade obtusa mas um risco democrático.

No fim ganha sempre a Alemanha

Ao chegar aqui, a Itália deve queixar-se de um dos monstros da UE, a União Bancária, que agravou as assimetrias e os riscos globais. Essa União foi imposta sem garantia comum de depósitos, mas não sem um cálculo preciso: ficam de lado os bancos regionais alemães e protege-se o seu campeão, o Deustche Bank. As duas decisões são erradas, mas no fim do jogo ganha sempre a Alemanha.

A União Bancária só foi aprovada depois da recapitalização da banca da Europa central. Por exemplo, ao grupo Hypo Real Estate o Governo alemão deu uma garantia de 145 mil milhões, que já custou mais de 20 mil milhões. Nenhum outro governo pode agora fazer o mesmo. Outras regras são instrumentais: dos 417 bancos regionais alemãs, que representam 22,3% do total do crédito no país e que estão muito ligados ao partido de Merkel, só um está submetido à supervisão do BCE.

O caso do Deutsche Bank é também esclarecedor. Como as autoridades europeias não cuidam do risco de mercado, só de risco de crédito, ignoram as ameaças sistémicas. Protegem assim o maior banco europeu, de pés de barro. A autoridade europeia de supervisão reconheceu mesmo que “nem sequer foi perguntado qual era o valor (real) dos seus derivativos em carteira” (o valor nocional é de 42 milhões de milhões de euros), porque acha que essas perguntas são indelicadas. Mas a Itália pode queixar-se das dificuldades de negociar com as autoridades europeias a salvação de alguns dos seus bancos, ou de ter reduzido o valor do seu sistema financeiro em 35% entre 2015 e 2016.

O desmantelamento de Itália

Com 426 mil milhões de dívida ao Eurosistema (o saldo devedor no Target2), a Itália é um exemplo de como a ação do BCE favoreceu os mercados financeiros alemães. As compras de ativos pelo Banco de Itália, no âmbito do programa do BCE, resultam em transferências de liquidez para a Alemanha, que tem um saldo positivo de um bilião de euros. Por isso, o banco JP Morgan sugeriu, num estudo surpreendente, que a melhor solução para Itália seria sair do euro.

O raciocínio é este: com a moeda única, nenhuma economia em dificuldades pode monetarizar a dívida ou usar a depreciação cambial, só pode usar a anulação de dívida ou a desvalorização interna. A Grécia usou pouco a primeira e muito a segunda, o resultado é lamentável. Ora, a Itália tem uma posição líquida de investimento internacional pouco negativa e por isso uma medida drástica de saída do euro atingiria mais as outras economias do que a sua. Segundo o banco, o euroceticismo italiano é então justificado e razoável.»

Francisco Louçã

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10.06.1978 – «Quem seria eu?»

Posted: 10 Jun 2018 02:43 AM PDT

Jorge Falcato, deputado do BE, foi uma das vítimas dos acontecimentos de há 40 anos. A notícia completa pode ser lida neste Diário de Lisboa.

Deixou hoje este texto no Facebook:

QUEM SERIA EU?

Há 40 anos o guarda Amadeu, depois de ter esgotado as munições da sua pistola, recarregou-a com um novo carregador. Esgotou de novo as munições e foi buscar uma G3 a um carro patrulha que, entretanto, tinha chegado.

Foi com essa G3 que me atingiu e mudou a minha vida.

Quem seria eu se o guarda Amadeu não fosse o filho da puta que era (ou será ainda)?

Eu tinha uma filha com 13 dias.

Tinha imaginado muita coisa que deixou de ser possível.

Passear no campo com ela. Explorar montes e vales. Correr na praia.

Quem seria eu hoje?

Seria o mesmo que era, mas… teria tido uma vida muito diferente.

Descobri nessa altura que a deficiência nos limita. Nos limita porque quando temos uma deficiência, ou a adquirimos, passamos à condição de cidadãos de segunda.

Cidadãos de segunda a quem são negados direitos tão básicos como o direito à educação, ao trabalho, à fruição das cidades, à vida. Em igualdade de circunstâncias com os “cidadãos de primeira”.

Pessoalmente nem me posso queixar porque fui um privilegiado. Acabei o curso, tive emprego.

Mas quem seria eu?

O mesmo que era, mas sem ter vivido muito do que poderia ter vivido se não andasse de cadeira de rodas.

Passados 40 anos, dou comigo a pensar no que não vivi. No que me impediram de viver. Das experiências que não tive.

Dos montes e vales que não percorri.

Das praias em que não corri com as minhas filhas.

É verdade, dei comigo a pensar no que poderia ter vivido se não fosse um cidadão de segunda, mas também dou comigo a pensar no tanto que há por fazer para que as pessoas com deficiência possam viver plenamente.

A fotografia tem 40 anos.

Era 10 de Junho, ao fim da tarde, no Hospital de Santa Maria

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G7 + 1?

Posted: 09 Jun 2018 04:14 PM PDT

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