António Freitas de Sousa
Mariano Rajoy não conseguiu chegar ao fim do mandato, abrindo mais um capítulo da crise política que verdadeiramente teve início nas eleições de dezembro de 2015, quando o Partido Popular não conseguiu uma maioria confortável para governar nem um acordo parlamentar eficaz, que sustentasse o seu governo.
Quais foram as causas da moção de censura apresentada pelo PSOE?
A causa imediata foi o caso de corrupção – que tinha a ver com o financiamento do partido ainda o tempo da liderança de José Maria Aznar, anterior líder do PP – cujo julgamento foi finalmente alvo de uma decisão.
Quem foi condenado?
Audiência Nacional espanhola condenou 29 dos 37 acusados a penas que totalizam 351 anos de prisão. Da lista de condenados constam alguns membros destacados do PP. Entre eles, o ex-tesoureiro Luís Bárcenas, condenado a uma pena de 33 anos de prisão e 44 milhões de euros de multa; o empresário (considerado o corruptor) Francisco Correa, com uma pena de 51 anos de prisão; o ex-secretário de Organização do PP galego, Pablo Crespo, condenado a 27 anos e meio de prisão; os ex-autarcas de Majadahonda, Guilermo Ortega, condenados a 31 anos de prisão, e de Pozuelo, Jesús Sepúlveda, condenado a 14 anos de prisão; a mulher de Sepúlveda, a ex-ministra da Saúde Ana Mato, condenada a uma multa de 28 mil euros por ter recebido avultadas predas da parte de Francisco Correa; e o ex-membro do governo regional de Madrid, Alberto López Viejo, condenado a uma pena de 31 anos.
O caso está encerrado?
Não. A investigação do chamado ‘caso Gürtel’ revelou outros casos de corrupção no PP, que deram origem a investigações autónomas. O caso da ‘Caixa B’ parece ser um dos que mais preocupa as autoridades, assim como o ‘caso Imelsa’, que envolve Rita Barberá, autarca de Valência durante mais de duas décadas, personagem central numa alegada rede de corrupção em contratos públicos que envolve comissões ilegais. O ex-ministro e ex-presidente da Generalitat Valenciana Eduardo Zaplana, foi também detido em Valência, numa operação contra o branqueamento de capitais e apropriação indevida de dinheiros públicos. Em todos os processos em curso, há mais de 200 nomes de pessoas ligadas ao PP em investigação.
Quem é o ‘popular’ mais destacado implicado nos casos que envolvem o PP?
Rodrigo Rato, ex ministro da Economia de Aznar, e posteriormente diretor-geral do FMI, condenado em fevereiro de 2017 a quatro anos e meio de prisão por se apropriar de património da Caja Madrid e do Bankia quando era presidente das instituições bancárias.
O partido ficou também em causa?
Sim. O PP foi condenado por lucrar com o esquema, sendo obrigado a pagar 245 mil euros de multas.
Mariano Rajoy está envolvido?
Não.
Então porque se demitiu?
Não se demitiu – alegando que tudo não passa de casos esporádicos. Foi destituído pela moção de censura.
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