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segunda-feira, 2 de julho de 2018

Madonna na província

Opinião

Inês Cardoso

Hoje às 00:13


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  • Cada vez que Madonna coloca uma fotografia de Lisboa nas redes sociais, faz mais pelo país do que uma campanha de milhares de euros promovida pelo Turismo de Portugal. A diva a apreciar fado, a torcer pela seleção, a levar o filho aos treinos, a correr por Belém: postais que fazem maravilhas pela promoção da capital.

    Do contentamento com o elogio de personalidades famosas ao deslumbramento vai um passo pequeno. E tudo indica que o presidente da Câmara de Lisboa o deu sem hesitar. Fernando Medina bem pode invocar clareza na cedência de um terreno municipal para estacionamento da frota da artista. A verdade é que a informação já conhecida deixa muita margem para duvidar da justeza dos procedimentos.

    O contrato estará escrito, mas só depois de várias notícias surgiram explicações sobre ele. Não passou por nenhuma reunião de Câmara e o relato público do diretor do Museu Nacional de Arte Antiga é revelador da forma como o processo decorreu. Além das reservas pelos valores cobrados, numa cidade em que o estacionamento é pago a peso de ouro, é no mínimo duvidoso que um cidadão anónimo consiga o mesmo negócio em espaços municipais.

    Por mais valiosa que seja a imagem de Madonna, a relação com a Câmara de Lisboa tem de ser igual à de qualquer outro munícipe. A não ser que o executivo camarário decida o contrário numa discussão pública e transparente. Não foi o caso, asseguram os partidos da direita à esquerda, incluindo o BE, suporte de Medina para governar a autarquia.

    Nalgumas câmaras pequenas do país, é frequente dar-se um valor excessivo a visitas de membros do Governo, de figuras públicas ou de empresas de grande dimensão a quem se oferecem contrapartidas desproporcionadas para dinamizar a economia local. No fundo, a atitude provinciana é igual em todo o lado. Incluindo na maior cidade do país.

    SUBDIRETORA

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