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terça-feira, 17 de julho de 2018

O caso da Direita

Opinião

Domingos De Andrade

Hoje às 00:01

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A Direita enfrenta um dos maiores desafios existenciais dos últimos 40 anos. Não sabe o que é. Não sabe o que quer (exceto chegar ao poder). Não sabe o que fazer. Não tem projetos. Resta-lhe o presidente da República como único farol, mas fazem dele o bombo da festa. Para ver se ele sozinho deita os foguetes e apanha as canas. A questão é que Marcelo conhece o país. E o país não está em tempo de crises políticas. Marcelo é ele e o povo. Goste-se ou não.

O que não é notícia é que há várias direitas. O que é notícia é que há hoje mais direitas do que há três anos. Na Direita das direitas, o CDS de Cristas desapareceu desde o congresso de Lamego. E há as direitas das franjas. E os PSD de Rui Rio. E os passistas que entendem que o partido se joga dentro. E os passistas que admitem outras soluções, sem saberem bem quais.

Mas todas essas direitas têm um ponto em comum: o fantasma e a dimensão da derrota nas legislativas. Agravada nos sociais-democratas com o pedido de uma alternativa a Rui Rio, o homem só, mas que acredita que está a fazer tudo bem.

Voltamos ao farol Marcelo. A quem as direitas apelam em duas dimensões: fazer cair o Governo e, já agora, conseguir uma liderança mais forte para o PSD. Não faltariam pretextos, do embaraço nacional do assalto a Tancos, à crise sustentada na Saúde, aos professores na rua, acabando na alegria extemporânea provocada pela crise entre o Governo e os partidos de Esquerda.

A proximidade irritante, sem filtro tantas vezes, de Marcelo Rebelo de Sousa ao país alimenta essa angústia de um PSD enredado nas suas contradições ideológicas. Que empola o desequilíbrio do sistema político, com o debate centrado na Esquerda e na inação da Direita, apesar de o PS estar refém da capacidade para reformar o Estado.

Os apelos desastrados não levarão Marcelo a salvar a Direita. Mas pode ser Marcelo a levar, querendo ou não, um hábil António Costa até à maioria do mal o menos.

DIRETOR-EXECUTIVO

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