O que digo aos brasileiros de cá
Posted: 29 Oct 2018 02:30 PM PDT
«"Lembro-me que, no último dia de março, domingo, o estádio José Alvalade encheu-se para jogo contra o grade rival. Dez minutos antes de o árbitro apitar, a multidão virou-se para a tribuna de honra, onde um homem se destacou e abriu os braços: ovação. Marcelo Caetano sorriu. Não sabia que era a sua última apoteose." Eu não vi a apoteose porque em setembro de 1969 atravessei o rio Minho num batel, passei 5 anos como exilado político e só regressei com a liberdade. (…)
Eu sei, mas eles não sabem, que no domingo passado, ontem, eles estiveram como os portugueses, num domingo de março longínquo, aplaudindo a tribuna errada. Três semanas depois, a maioria dos portugueses do estádio de Alvalade virou o bico ao prego e precisei deles nas manifestações democráticas. Os brasileiros de Lisboa vão precisar de mais tempo para perceber quem é Jair Bolsonaro.»
A mensagem que devia ser enviada ao Brasil
Posted: 29 Oct 2018 10:47 AM PDT
Mujica: «No hay derrota definitiva»
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29.10.1936 – A chagada ao Tarrafal
Posted: 29 Oct 2018 08:43 AM PDT
Há 82 anos, chegaram à Colónia Penal do Tarrafal, criada por Salazar alguns meses antes, os primeiros 153 deportados. Mais exactamente, desembarcaram no local onde eles próprios foram obrigados a construir o campo de concentração que os encarceraria. Durante a existência deste «Campo da Morte Lenta», por lá ficaram 32 vidas, 32 pessoas cujos corpos só foram transladados para Lisboa em 1978.
Encerrado em 1954, devido a pressões internas e internacionais, o Campo foi reaberto na década de 60 (e permaneceu ativo até ao 25 de Abril), com o nome de «Colónia Penal de Chão Bom», para albergar os lutadores pela independência de Angola, Guiné e Cabo Verde.
1978 - transladação e cortejo para o cemitério do Alto de S. João, em Lisboa:
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Posted: 29 Oct 2018 07:04 AM PDT
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Posted: 29 Oct 2018 04:36 AM PDT
«Irmão, hoje quando acordares, e contigo o Brasil, não mais poderás sair de casa. A polícia, sob uma nova égide, procura por ti, por nós, os que discordam e discutem, os que amam a noite e a rua, a liberdade, o amor, os povos, as cores, as crenças e os sexos, a diferença e a diversidade.
Porque sim, porque agora és, somos, uma ameaça ao poder instituído, às ordens e às normas, aos bons costumes. Ou assim nos dizem na televisão e as milícias de megafone lá fora, à procura de vingar a vida de fome e injustiça no sangue de quem se lhes atravesse no caminho. Agora podem. A violência no poder legítima a violência nas ruas.
Culpa tua, culpa nossa, de pensar pela nossa cabeça sem precisarmos de líderes ou ditadores quando sabemos tão bem quanto custou a liberdade.
Não foi assim há tanto tempo e 1985 ainda está na memória, nas mãos, o fim das prisões, torturas, interrogatórios, as perseguições, a fome, ainda a fome, a miséria, ainda a miséria, outra vez a miséria, sempre a miséria.
Irmão brasileiro, hoje escrevo-te de cabeça erguida e pronto para a luta. A luta que nunca acabou, eu sei, e portanto aqui estamos para não nos calarmos diante de todas as injustiças que daqui advirão, para sair à rua quando não puderes sair à rua, para gritar quando não puderes gritar, para fazer greve quando não puderes fazer greve, para protestar, furar barreiras e derrubar polícias em prol de brancos e negros, hetero e homo, homens e mulheres, amarelos e vermelhos, bi e trans, sem-terra e sem-abrigo, artistas e intelectuais, professores e pensadores, músicos, escritores e poetas.
E ser preso as vezes que forem precisas para que possas finalmente sair à rua sem medo de represálias, ameaças, denúncias, sem medo de ser preso apenas porque sim, porque ousaste erguer o punho em desafio e cantar como se não fosse esse o teu direito, e já não é.
Irmão, hoje quando acordares, e contigo o Brasil, olha pela janela: a diferença não acabou, a diferença acabou de começar. Orgulho no coração e peito para fora. As balas não são de verdade quando o meu Brasil chora, quando o meu Brasil acredita, quando o meu Brasil dança. Canta, Brasil, canta, nós cantamos contigo!»
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Brasil: um país pós-democrático
Posted: 28 Oct 2018 03:22 PM PDT
(Eduardo Sama e Luísa Sequeira)






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