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segunda-feira, 12 de novembro de 2018

A realidade não é suave

Ladrões de Bicicletas


Posted: 11 Nov 2018 04:12 AM PST

No Público garantem que o Bloco suavizou discurso anti-Europa. Perante tal rigor ideológico, eu pergunto: será que o BE é contra uma mera expressão geográfica? Na realidade, é de União Europeia que falamos e logo do efeito da ideologia europeísta. No Público, salvo excepções, nunca tivemos direito a mais nesta área.
Por cá, o europeísmo está também ao serviço de uma narrativa: o BE está em vias de se transformar numa espécie de verdes alemães, o sonho de uma certa elite nacional dita progressista e que se imagina no centro do império. Acontece que estamos na periferia europeia e por essa razão bem material tal tipo de cooptação pode ser mais difícil. E já nem falo da cultura política socialista existente no BE, bem como da existência de outra força, o PCP, que é igualmente parte da alternativa (aliás não é por acaso que a defesa de uma regressão ideológica no BE está fortemente articulada com o discurso anti-comunista).
Na realidade, a moção da maioria parece confirmar a necessária viragem soberanista do BE - “só a recuperação de esferas fundamentais da soberania permite responder às crises” -, oriunda da convenção de 2105, em plena ressaca do golpe financeiro perpetrado pela UE na Grécia. Isto nota-se, por exemplo, no saudável distanciamento em relação ao Syriza e na constatação, na prática política, do fim dessa farsa inventada pela Comissão Europeia que são os partidos europeus.
Embora, devido às regras, as moções do BE sejam excessivamente curtas, não permitindo o desenvolvimento das hipóteses políticas formuladas, creio que esta passagem da moção da maioria é relevante e ajuda a contrariar uma narrativa que diz mais sobre a ideologia dos seus proponentes do que, e esta é a aposta de quem está de fora, sobre este partido:
“Com a capitulação dos seus defensores institucionais, desapareceram as propostas de uma reforma progressista da União Europeia. Só é possível uma política alternativa à austeridade e ao neoliberalismo na rutura com os tratados, o que implica um confronto com o diretório europeu. O balanço da chantagem europeia contra a Grécia é claro: se não dispuser de uma alternativa soberana fora do euro, um governo de esquerda, mesmo com apoio social maioritário, perde o espaço negocial e cede perante o ultimato.”

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