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quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Ladrões de Bicicletas


Grandes tragédias e pequenas farsas

Posted: 28 Nov 2018 12:06 PM PST

A declaração de um Tsipras já muito habituado a ceder em tudo, que naturalmente tanto agradou ontem ao Negócios, é a máxima expressão de impotência democrática da esquerda europeísta, ou seja, a máxima expressão da potência do neoliberalismo inscrito no mercado único e na moeda única, na política fundamentalmente única. De facto, nestas condições estruturais, a política está reduzida a pequenas diferenças conjunturais, apenas engrandecidas pela espuma político-mediática e pelo correspondente presentismo.
Se a esquerda é sinónimo de ausência de alternativa, se aceita na prática a hegemonia neoliberal, está condenada, como se vê por aí. A impotência democrática abre precisamente o campo ao que é literalmente o outro lado da moeda única, ou seja, à captura da imaginação nacional-popular pelos Salvinis desta trágica vida. O governo italiano, segundo a BBC, parece que não cede. Será que a Itália não é a Grécia?

Adenda. Entretanto, no Público, as pequenas farsas políticas do europeísmo dito progressista garantem uma seta a subir, como aconteceu também ontem: parece que Varoufakis é candidato na Alemanha por uma lista trans-não-sei-quê às eleições ditas europeias.  

Debater a vida que temos e a que queremos

Posted: 28 Nov 2018 09:34 AM PST

Estará Portugal a caminho do pleno emprego?
A precariedade do trabalho é hoje uma condição inelutável?
Quais foram os grandes marcos da liberalização do mercado de trabalho em Portugal?
O que esperar da próxima legislatura?
Estas questões merecem um debate político sério, fundamentado, com a participação de cidadãos informados e de representantes dos partidos que apoiam o governo. O FÓRUM PORTO COM NORTE convida-o a participar neste debate.

Envelhecimento e desertificação

Posted: 28 Nov 2018 07:11 PM PST

A partir da população residente segundo a dimensão dos lugares, mostrou-se aqui que entre 2001 e 2011 a desertificação do interior do país se traduziu, a par das perdas demográficas, numa tendência para a concentração da população nos núcleos urbanos.
Ainda sem dados que permitam analisar a evolução registada desde então (os mesmos só serão conhecidos com os censos de 2021), pode contudo ter-se uma ideia da capacidade de revitalização demográfica destes territórios a partir das dinâmicas do envelhecimento entre 2011 e 2017. Para tal, o Índice de Envelhecimento - que determina o número de idosos (65 e mais anos) por cada 100 jovens (até 15 anos) - constitui um bom indicador. Quanto mais elevado for o valor obtido, maior é o grau de envelhecimento demográfico (sendo que valores inferiores a 100 traduzem a existência de uma maior proporção de jovens face a idosos).
Para a análise pretendida importa contudo considerar não só o Índice de Envelhecimento registado, mas também a sua evolução recente (2011 a 2017), de modo a identificar as regiões que, de forma cumulativa, apresentam estruturas demográficas mais envelhecidas e ritmos de envelhecimento mais acentuados, sugerindo à partida uma menor capacidade de regeneração. Cruzando as duas dimensões, verifica-se que a Área Metropolitana de Lisboa e o Algarve são as únicas que apresentam, em simultâneo, Índices de Envelhecimento (IE) e Variações do Índice de Envelhecimento (VAR) inferiores à média, seguindo-se o caso da Área Metropolitana do Porto e das NUT adjacentes (Cávado, Ave e Tâmega e Sousa), com valores abaixo da média no IE mas acima do valor médio no que respeita à variação desse indicador.

Num terceiro patamar surgem as NUT do Alentejo e a Beira Baixa, que combinam estruturas demográficas já particularmente envelhecidas em 2001 (muito acima da média) e que por isso registam menores aumentos do IE entre 2001 e 2017 (abaixo da média). Por último, as restantes NUT caraterizam-se por acumular valores de IE e de VAR acima da média, sendo contudo de destacar quatro casos de envelhecimento mais acentuado, que correspondem ao interior norte e centro (Beiras e Serra da Estrela, Douro, Terras de Trás-os-Montes e Alto Tâmega), nos quais ambos os indicadores assumem valores acima da média mais o desvio-padrão.
Estamos evidentemente perante processos que não começaram em 2001, mesmo que se tenham acentuado desde então. São dinâmicas de tempo longo, que se sedimentaram e incrustaram de forma gradual e que diferentes políticas (ou a sua ausência) não souberam até hoje reverter ou atenuar, sendo ilusório pensar que a natalidade será suficiente para resolver o assunto. Aliás, sobre o processo de desvitalização progressiva destes territórios é de leitura imprescindível o ensaio de «geografia emocional do interior» de Álvaro Domingues, no Público do passado fim-de-semana.

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