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terça-feira, 27 de novembro de 2018

Lembrem-se disto quando tiverem que explicar aos vossos filhos porque raio foi a democracia desmantelada

27/11/2018 by João Mendes

Há 11 anos, na era da fartura socrática, Joe Berardo pediu um empréstimo de várias centenas de milhões de euros à Caixa, para a famosa compra de acções do BCP, sem que para tal lhe fosse exigida qualquer garantia, apesar do risco associado à operação.

Hoje, 11 anos depois, Berardo ainda nos deve cerca de 280 milhões de euros. Apesar da vida faustosa que todos lhe conhecem, este distinto empreendedor e coleccionador de arte ainda não encontrou meio de limpar o seu calote. E provavelmente nunca o fará, até porque não há quem o obrigue.

O caso de Joe Berardo não é caso isolado, é certo, e basta ver a lista de caloteiros cavaquistas para perceber isso mesmo. Entre Emídios Catuns, Duartes Limas e Arlindos Carvalhos, que para além de imunes ao pagamento de dívidas, também o são perante a justiça, esta malta político-partidária deve-nos tanto dinheiro que daria para construir para cima de 200 novas alas pediátricas no S. João.

Perdoem-me o estalinismo, que questionar estas coisas, segundo o novo politicamente correcto, é coisa de radical de esquerda, mas também eu gostaria de me tornar accionista de um banco com o dinheiro dos outros, de preferência com o risco a cargo desses mesmos outros, e, caso algo corra mal, também pretendo ser imune à justiça. E quem diz um banco diz, sei lá, comprar a Galp ou a EDP. Alguém me explica como se faz?

Entretanto, na twilight zone tuga, um indivíduo foi hoje condenado a um ano e meio de pena efectiva por ter roubado 6€ a outro indivíduo. Portanto já sabem: no dia em que chegar o nosso Bolsonaro, quando as gazetas e as direitas políticas, os oportunistas das manifestações em causa própria e os pequenos fachos que por aqui germinam começarem a desmantelar a democracia, porque isto é tudo uma data de gatunos, uma data de ladrões e uma data chupistas, não se sintam admirados. Explicar aos nossos filhos vai ser complicado, mas tuga que é tuga arranja sempre maneira de desenrascar.

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