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domingo, 2 de dezembro de 2018

Dívida externa de Portugal recua para mínimo de cinco anos

A subida do PIB permitiu compensar o efeito negativo relacionado com a valorização das cotadas portuguesas e a desvalorização da moeda angolana.

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Nuno Carregueiro

Nuno Carregueiro nc@negocios.pt21 de novembro de 2018 às 13:50

A dívida externa líquida de Portugal, um indicador que mede a diferença entre os activos e os passivos do país face ao resto do mundo, situou-se em 180,1 mil milhões de euros no terceiro trimestre deste ano. Este valor representa uma descida de 3 mil milhões de euros face ao trimestre anterior, mas um aumento de mais de mil milhões de euros face ao registado no final do ano passado.

Se, em termos nominais, a tendência de evolução da dívida externa líquida não é linear, quando avaliado o peso no PIB, este indicador atingiu o nível mais baixo em mais de cinco anos.

A dívida externa líquida caiu para 90,4% do PIB no terceiro trimestre, o que compara com 92,67% em Junho e 91,75% no fecho de 2017. Segundo a base de dados do Banco de Portugal, é preciso recuar ao primeiro trimestre de 2012 para encontrar um valor mais baixo (88,56% do PIB).


"Apesar do aumento nominal, registou-se uma redução da dívida externa líquida em percentagem do PIB de 1,3 pontos percentuais entre o final de 2017 e o final de Setembro de 2018", refere o Banco de Portugal, explicando que o aumento do PIB "mais do que compensou o aumento nominal da dívida".

A dívida externa líquida é apurada através da exclusão de vários itens - instrumentos de capital, ouro em barra e derivados financeiros – ao indicador posição de investimento internacional (PII). Este também registou uma evolução positiva quando medida em peso do PIB: o saldo negativo passou de 104,9% no final de 2017 para 103,1% no final do terceiro trimestre de 2018. Já em termos nominais registou-se uma variação negativa de 1,3 mil milhões de euros em relação ao final de 2017.

Na nota publicada esta quarta-feira, o Banco de Portugal diz que este agravamento deve-se "em grande medida, ao impacto negativo das variações de preço (-2,3 mil milhões de euros) e das variações cambiais (-1,5 mil milhões de euros)".

A valorização das cotadas portuguesas teve um efeito negativo, pois aumenta o valor das posições detidas por investidores estrangeiros. A subida das acções portuguesas acaba por ter um efeito negativo na dívida externa, uma vez que a fatia desse passivo que está nas mãos de estrangeiros é valorizada. Já a perda de valor da moeda angolana penalizou o valor dos activos que os portugueses têm neste país africano.

"No caso das variações de preço, o impacto negativo sobre a PII reflectiu a valorização das acções de empresas residentes em Portugal detidas por não residentes e a desvalorização de activos em carteira do Banco Central. No caso das variações cambiais, verificou-se a depreciação do kwanza, com impacto na redução do valor em euros dos activos angolanos detidos por residentes", refere o Banco de Portugal.

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