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sábado, 22 de dezembro de 2018

Entre as brumas da memória

Entre as brumas da memória


E se hoje é dia de amarelos, venha este

Posted: 21 Dec 2018 02:03 PM PST

Ainda por cima no dia em que Carlos do Carmo faz 79 anos.
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Cristas não vestiu o colete, mas teve pena

Posted: 21 Dec 2018 12:13 PM PST

Assunção Cristas diz que CDS tem insistido em muitas das "teclas que estão a ser tocadas por este movimento".

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Público 2019

Posted: 21 Dec 2018 09:30 AM PST

No Editorial de hoje, são anunciadas algumas novidades para o ano que em breve começa, entre as quais a seguinte:

«Queremos diversificar a oferta de opinião relevante com novos colunistas. António Barreto, Luis Aguiar-Conraria, Nuno Severiano Teixeira, Paula Teixeira da Cruz e Vasco Pulido Valente passarão a escrever no Público a partir de Janeiro próximo.»

Diversificar? Com estes nomes? Em bom português: é preciso ter lata!

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A derrota dos coletes

Posted: 21 Dec 2018 07:02 AM PST

Era previsível que uma revolta inorgância de direita, que pedia tudo e mais o céu, neste jardim à beira-mar descansado, não teria grande sucesso. Mas confesso que não esperava tão magérrimo número de participantes. E isso apesar da enorme ajuda dos órgãos de comunicação social, com especial relevo para as TVs (e entre estas para a SIC N) que, sobretudo deste ontem e durante toda a manhã de hoje (e ainda agora, quase às 14h) , não se pouparam a esforços para dar imagem e megafone pelo país fora, a uns tantos gato pingados, que lhes enchessem o tempo de antena e dessem audiências. E não só, e não só...

Claro que era fatal como o destino que os ditos OCS viessem justificar a importância que deram ao fenómeno. Mas o fim deste texto é muito bom: «Mas lá está, o mundo está perigoso e estranho. E uma coisa estes movimentos populistas - sem serem populares, até - já nos tiraram: o recuo e o bom senso. Resta-nos o cinismo e o civismo. E a lição de bom senso que nos deram os portugueses, hoje».

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A Amazon é o nosso destino

Posted: 21 Dec 2018 03:53 AM PST

«“Anything. Anywhere. Anytime”: antes era uma prerrogativa de Deus, agora é a divisa da Amazon, segundo o mandamento de Jeff Bezos, criador e mestre de um universo empresarial que conquistou o planeta e já tem um projecto – chamado Blue Origin - de colonização espacial, pensado para o momento em que terá consumado a conquista de cada canto do nosso mundo, quando for preciso ir para além do nosso planeta para não estagnar. A estagnação é o que ele mais odeia. Outra divisa de Bezos, o homem mais rico do mundo, é que “cada dia é o primeiro”, isto é, tudo está sempre no início, a começar, porque se admitisse a lógica da inércia do segundo dia, aí iniciava-se a decadência. Nos últimos tempos, o lado negro da empresa - a condição de escravatura, robotização, precariedade e baixos salários a que submete os seus empregados - tem sido notícia, graças a testemunhos pessoais e reportagens. Ficámos então a saber que cada um dos gestos dos empregados é vigiado e contabilizado, a velocidade com que eles se deslocam nos armazéns é medida. Sobre nós, clientes, a empresa também sabe tudo sobre os nossos usos e gostos. Se comprámos o livro X, então também somos potenciais compradores do livro k, y e z. O algoritmo é o grande feiticeiro do nosso tempo.

Um excelente documentário difundido há pouco mais de uma semana no canal de televisão franco-alemão ARTE, realizado por David Carr-Brown, A Irresistível Ascensão da Amazon, mostra com eloquência e abundância de provas como funciona a Amazon, a sua lógica de crescimento permanente em tal grau que lhe é permitido aspirar a ser a única empresa do planeta. A obesidade e a proliferação cancerosa são a nossa condição histórica, mas neste caso estamos para além dela. Para descrevê-la, é preciso recorrer à linguagem da metafísica, falar no “destino” e na “destinação” da Amazon, mais do que da sua história. E é num sentido quase teológico que podemos ler a palavra “ascensão” que surge no título deste documentário.

Os centros de tratamento das encomendas actualmente existentes têm, no total, uma área superior a 500 vezes o Cental Park. E, cada ano que passa, são construídas novas fortalezas, plataformas de distribuição, que perfazem o tamanho de um Central Park. O seu modelo impôs-se em todo o mundo (todas as cadeias logísticas tentam hoje imitá-lo) e, impondo as suas regras sobre o comércio e o emprego, transforma profundamente a sociedade de maneira incontrolável. Um dos momentos fundamentais do documentário de Carr-Brown é a explicação do modo como a Amazon reinveste os seus lucros no crescimento da empresa: é uma empresa de extracção que aspira o dinheiro para o interior, ciclicamente, de maneira a expandir-se em permanência. Não faz circular o dinheiro para fora do seu círculo. A sua lógica de funcionamento é totalitária. Onde quer que penetra, ela explora os recursos existentes (a totalidade do mercado) e tem como objectivo tornar-se o único fornecedor, assumir o poder do monopólio. E quais são as consequências deste monopólio? No mercado do livro, para evocarmos o exemplo de um sector cheio de subtilezas e fragilidades, uma fatia enormíssima do mercado mundial está sob o seu controlo. O que significa que os próprios editores vão perdendo autonomia. Eles têm que editar para a Amazon distribuir e “satisfazer os desejos dos clientes no mais curto espaço de tempo“, como reza outra divisa da empresa. Colocar-se ao dispor da vontade do cliente é o princípio que serviu para definir a “indústria cultural” e os seus efeitos de homogeneização. Por todo o lado, as livrarias vão fechando e as que restam estão ameaçadas. Ou vão sendo colonizadas pela lógica “amazónica”, que vai retirando autonomia aos leitores e conduzindo-os por caminhos que não são eles a escolher livremente. A pouco e pouco, há espécies bibliográficas que quase nem aparecem à luz do dia ou entram em vias de extinção. Percebemos que a ascensão da Amazon é irresistível quando, sabendo aquilo que ela representa e o destino funesto que ela nos promete, não encontramos meios nem força para prescindir dela. É um monstro que satisfaz os nossos desejos, onde quer que seja, em qualquer lugar. Até que o desejo se extinga e triunfe a “miséria simbólica” que ela cria.»

António Guerreiro

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