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quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

O veto de Natal

Opinião

Vítor Santos

Hoje às 00:02

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Este não era o presente que António Costa desejava receber de Marcelo Rebelo de Sousa um dia depois do Natal. O presidente da República vetou o diploma do Governo que previa a recuperação parcial do tempo de serviço dos professores, remetendo para a Lei do Orçamento de 2019, que obriga o Executivo a voltar a sentar-se à mesa de negociações. Mas nem isso deixou a classe satisfeita.

Os professores querem tudo e vão manter-se na luta pela recuperação integral - nove anos, quatro meses e dois dias.

O Governo lamenta a decisão, argumentando que assim a perda é maior para os professores, por não serem contabilizados, já em janeiro, dois anos, nove meses e 18 dias, enquanto os sindicatos garantem que, independentemente do veto de Belém, vão manter as paralisações, porque só a recuperação integral lhes interessa. Ficamos agora a saber que mesmo depois da legítima decisão do presidente da República os extremos continuam sem se tocar num ponto de acordo.

Se é possível falar em vencedores no meio deste imbróglio sem fim à vista, só mesmo os partidos - todos menos o PS - que no Parlamento forçaram a integração no OE 2019 de um artigo que obriga o Governo a negociar.

De resto, ninguém ganha. O Governo fica ainda mais isolado e os professores não garantem nada. Mas há, seguramente, derrotados, embora não resultem especificamente da decisão de Marcelo Rebelo de Sousa: são os alunos e os pais. Os primeiros porque vão voltar a perder, provavelmente, mais alguns dias de aulas, seguidos de incertezas e trapalhadas na hora dos exames ou das reuniões pelas notas. Os pais porque, um dia destes, vão outra vez bater com o nariz na porta quando levarem os filhos à escola. Não há formas perfeitas de luta, mas valia bem a pena encontrar estratégias que não penalizem ainda mais quem não tem culpa.

Editor-executivo

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