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quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Entre as brumas da memória


Joan Baez, 78 anos

Posted: 09 Jan 2019 01:10 PM PST

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Um país, dois sistemas

Posted: 09 Jan 2019 11:35 AM PST

Portugal não assistirá à tomada de posse do Presidente da Venezuela.

Bolsonaro e Maduro. Marcelo diz que segue orientação do Governo sobre representação em tomadas de posse.

«Marcelo Rebelo de Sousa foi confrontado com o facto de ter estado presente na cerimónia de posse do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, no dia 1 de janeiro, em Brasília, e interrogado se não entende que é também importante para a comunidade portuguesa na Venezuela a sua presença na posse de Nicolás Maduro.

O Presidente da República remeteu a questão para o Governo e nada mais acrescentou sobre este tema.»

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09.01.1908, Simone de Beauvoir

Posted: 09 Jan 2019 09:21 AM PST

Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir nasceu a 9 de Janeiro e faria hoje 111 anos.

Tudo já foi escrito sobre Simone, mas vale talvez a pena recordar o papel decisivo de uma das suas obras: Le Deuxième Sexe. Se esteve longe de ser um manifesto militante ou arauto de movimentos feministas que, em França, só viriam a surgir quase duas décadas mais tarde, a verdade é que os espíritos não estavam preparados para a problemática da libertação da mulher, tal como Simone de Beauvoir a abordou, nem para a crueza da sua linguagem.

As reacções não se fizeram esperar, tanto à esquerda (onde o problema da mulher estava fora de todas as listas de prioridades), como, naturalmente, à direita. François Mauriac escreveu: «Nous avons littérairement atteint les limites de l’abject», Albert Camus acusou Beauvoir de «déshonorer le mâle français».

Esta obra foi certamente uma das maiores «pedradas» que levei como leitora no início da idade adulta. Estudante recém-chegada a Lovaina, com uma mala quase de cartão, ida desta west coast salazaríssima e com dezanove anos – tentem imaginar o cenário. Apanhei então, em cheio, a grande repercussão do livro na Europa francófona.

Para a sua compreensão e consagração terá sido decisivo o sucesso nos Estados Unidos, onde foi publicada em 1953. O movimento feminista, em que Betty Friedman e Kate Millet eram já referências, estava aí suficientemente avançado para a receber. Efeito boomerang: Le Deuxième Sexe «regressou» à Europa no fim da década de 50, com um outro estatuto, quase bíblico, e teve a partir de então uma longa época de glória.

Paralelamente, iam sendo publicadas outras obras da autora, como a trilogia das Memórias – o que mais apreciei de tudo o que dela li e que não foi pouco (Mémoires d’une jeune fille rangée (1958), La force de l’âge (1960), La force des choses (1963)).

Simone de Beauvoir nunca provocou grandes empatias e foi sempre objecto de discussões sem fim sobre a sua importância relativa quando comparada com a de Sartre. Mas, goste-se ou não, estava no centro do Olimpo que Paris era então – quando, no Café de Flore, toda a gente vivia envolta em fumo e Juliette Greco cantava «Il n’y a plus d’après».

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Marcelo também na RTP – Um filme de terror, ao que isto chegou!

Posted: 09 Jan 2019 06:18 AM PST

«Marcelo Rebelo de Sousa gravou uma mensagem ao cantor Roberto Leal, que será transmitida às 17 horas desta quarta-feira no programa da tarde do canal público, confirmou ao PÚBLICO um assessor do Chefe de Estado. (…)

O cantor Roberto Leal tem revelado em várias entrevistas que se encontra doente e na tarde desta quarta-feira estará no programa da RTP1, o que levou a estação a fazer o pedido ao Presidente para se dirigir ao cantor.»
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A moda é provocar vizinhos

Posted: 09 Jan 2019 03:23 AM PST

«Luigi Di Maio é o líder do Movimento 5 Estrelas e acaba de oferecer apoio digital aos manifestantes franceses do movimento "coletes amarelos". Isto é, um político italiano proclamou dar ajuda àqueles que fazem movimentos sediciosos no país vizinho - manifestações não autorizadas e violentas - para eles melhor se organizarem.

"Não se rendam, o M5S apoia-vos!", disse Di Maio. Não se rendendo, os "coletes amarelos" podem continuar a ocupar as rotundas francesas, a partir vitrinas das lojas francesas e a queimar automóveis franceses.

A proposta de ajuda, claro, estava integrada no inalienável direito de quem quer que seja dar a quem quer que seja o que quer que seja e gritar aos microfones esse apoio. Não sei em que artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos está consignado tal direito, cito de memória, mas certamente alguém na caixa de comentários desta crónica há de lembrar: "Eu cá dou o que me apetece e a quem me apetece." Pois. Acontece, porém, que Luigi Di Maio é vice-primeiro-ministro de Itália.

Vice-primeiro-ministro de Itália, Itália que tem 488 kms de fronteira com França. França que enviou Stendhal escrever Viagens em Itália. Itália que exportou Yves Montand para ele cantar para o mundo em francês. Francês em que se tornou Pietro Brazzà para explorar África em nome de França, apesar de ter nascido em Castel Galdolfo, na província de Roma.

Roma do rei de Roma, Napoléon François Joseph Charles Bonaparte, filho de Napoleão. Napoleão que não roubou La Gioconda - nem na primeira nem na segunda campanha que o imperador fizera em Itália (séc. XVIII), num intercâmbio que já levara as legiões romanas de Júlio César à Bretanha (séc. I a.C.) - porque a pintura já estava em Paris, 300 anos antes, levada pelo autor, o italiano Leonardo da Vinci... Enfim, Itália e França, dois países mais do que amigos, um encontro antigo e profundo, naturalmente ligado na União Europeia...

"Não se rendam, apoio-vos!", disse o vice-primeiro-ministro italiano Luigi Di Maio aos insurretos que atacam o legítimo e eleito governo francês. Foi insulto mas não uma novidade nas relações entre dois países aliados e com negócios e pactos comuns. Na campanha eleitoral que o levou à Casa Branca, Donald Trump propôs um muro que ainda hoje insiste em fazer entre os EUA e o México. E permitiu-se um chiste: disse, então, que o muro seria pago pelos mexicanos "mas eles ainda não sabem..." Conhecem maior insulto que a prepotência apresentada em forma de gozo?

Em qualquer bairro, a falta de respeito entre vizinhos abre o apetite que leva muitas vezes à bofetada. Os países criaram a diplomacia para prevenir tais derivas. Vale de pouco quando palhaços de cinco estrelas chegam a vice-primeiro-ministro e carroceiros milionários chegam a presidente.»

Ferreira Fernandes

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