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quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Entre as brumas da memória


Mamadou Ba: «A comunidade negra está a ganhar voz?»

Posted: 29 Jan 2019 12:01 PM PST

Mais um podacast de «Perguntar não ofende», uma excelente iniciativa semanal de Daniel Oliveira.
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29.01.1963 - «O Tempo e o Modo»

Posted: 29 Jan 2019 09:00 AM PST

Nasceu há 56 anos, em 29 de Janeiro de 1963. Alguns (cada vez menos, infelizmente...) recordarão a importância que teve o lançamento desta revista como plataforma, para uma ampla esquerda, de um diálogo possível em tempos de censura bem dura, na sociedade portuguesa daquele início da década de 60. Pessoalmente, tive a sorte de nela participar e, para além do enriquecimento que esse facto me proporcionou, permitiu-me colaborar com grupos e pessoas, que, sem a existência da revista, estariam fora do meu universo de então.

António Alçada Baptista, João Bénard da Costa, Pedro Tamen, Nuno Bragança, Alberto Vaz da Silva e Mário Murteira, todos católicos, concretizaram um projecto que, desde o seu início, foi aberto à colaboração de não crentes, o que hoje parece absolutamente trivial, mas que esteve longe de o ser e foi mesmo objecto de uma votação. Não resisto a resumir o que então se passou: antes de a dita votação se efectuar, foi rezada uma Avé-Maria para que o Espírito Santo iluminasse os presentes. A decisão, pela positiva, foi tomada por cinco votos a favor e dois contra, o que permitiu que tivessem sido colaboradores, desde o início, Mário Soares, Salgado Zenha, Jorge Sampaio e Sottomayor Cardia, entre outros. Este episódio, hoje dificilmente compreensível, revela bem o peso da mentalidade então vigente e a importância histórica dos que contra ela lutavam – «abertura» passou a ser um dos sinais de marca de O Tempo e o Modo.

Em 1964, por ocasião do primeiro aniversário da revista, António Alçada Baptista comentou, bem à sua maneira: «O Tempo e o Modo pretendeu ser essa mesa onde as pessoas se conheceram e à volta da qual alguns se quiseram sentar. Depois, e à mesma mesa sentados, acharam que era possível falar. Conversados, reconheceram que muitas preocupações lhes eram comuns e que, talvez, ao tentarem resolvê-las, o poderiam fazer em equipa.» (O Tempo e o Modo, nº 12, Janeiro de 1964, p. 1.)

Foi longa e atribulada a história da revista, publicada entre 1963 e 1977. Recentemente, foram disponibilizados online todos os números das diversas fases.
A ler: O Tempo e o Modo, 50 anos depois.

P.S. – Soube hoje que pode ser vista aqui uma interessante entrevista a Amadeu Lopes Sabino, agora divulgada.

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Jamaica, na primeira pessoa

Posted: 29 Jan 2019 06:36 AM PST

Este vídeo é o relato integral de Hortensio Coxia, a vítima que viveu, na primeira pessoa, a violência daquela manhã do Domingo 20 de Janeiro, no Bairro do Jamaica, Vale do Chícharo, no Seixal.

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Marcelo, fé, política e foguetes

Posted: 29 Jan 2019 03:12 AM PST

«Em 17 de Outubro de 2017 Marcelo disse que a resolução dos problemas que levaram aos trágicos incêndios desse ano seria "um teste decisivo ao cumprimento do mandato". Na prática, o Presidente colocou na capacidade do Governo de resolver todas as falhas do Estado que conduziram à tragédia o alfa e o ómega da sua recandidatura a Belém.

Depois de ter subido a pressão sobre o Governo a este nível estratosférico, Marcelo vem agora anunciar, na prática, que voltará a apresentar-se a eleições. Só que agora há uma diminuição brusca das condições: para o Presidente da República se recandidatar, a condição, como para qualquer coisa da vida, é "ter saúde" e a outra é "saber que não há ninguém em melhores condições para receber o Papa". Entramos num nível quando "ser a melhor pessoa em condições para receber o Papa" se torna um activo eleitoral.

É extraordinária a falta de memória que o Presidente agora mostra da "anterior condição", exposta numa comunicação ao país em Outubro de 2017 e repetida numa entrevista ao PÚBLICO em 8 de Maio de 2018. Há menos de um ano, "se tudo corresse mal outra vez", Marcelo não se recandidataria a Belém. Depois de pôr a repetição do seu mandato dependente da resolução do problema dos fogos, o Presidente agora embarca numa euforia de uma festa católica para anunciar os portugueses que receber o Papa, isso sim, torna-se decisivo.

Está Marcelo agora a ser populista ou já estava quando pôs a condição de não se repetirem os fogos de 2017? Está certamente a ser contraditório ou, pelo menos, esquecido. E nem católicos nem laicos se revêem na instrumentalização de um acontecimento religioso para fazer a pré-abertura da corrida Belém 2021.

Paulo Portas costumava justificar o amplo uso que fazia de uma certa retórica nas margens do panfleto anti-imigração com o argumento de que não podia haver nenhum partido à direita do CDS. De certa forma, ao ir buscar esses temas - como o combate ao antigo rendimento mínimo garantido - tentaria afastar o fantasma do nascimento de um partido de extrema-direita.

Marcelo, que tanto tem zurzido o crescimento dos populismos, parece pensar o mesmo. Uma espécie de "fiquem sossegados, portugueses. O populismo sou eu e ninguém me vai bater neste campo. Eu encolho o espaço disponível". Deve ser mais ou menos isto.»

Ana Sá Lopes

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