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sábado, 16 de fevereiro de 2019

Os rankings e o colaboracionismo dos professores

Novo artigo em Aventar


por António Fernando Nabais

Copio do facebook do José Gabriel, com uma vénia demorada, um excerto que corresponde àquilo que penso sobre a publicação dos rankings, ou melhor, sobre o modo como os rankings são interpretados: «Esta fraude estatística, destinada, inicialmente, a acalmar os ardores hormonais das direcções do Público - e, como é costume, a sangrar o erário público a favor das empresas privadas -, transformou-se numa anedota de efeitos nefastos e pasto fácil de comentários analfabetos.»

Não me espanta, portanto, que os ignorantes atrevidos e mal-intencionados continuem a transformar este rito anual num momento de propagação da ideia de que os rankings são um instrumento de avaliação do trabalho das escolas.

Também já não me espanta, por ser habitual, que, ao fim destes anos todos, directores de escolas e professores se tenham deixado contaminar por esta febre, ao ponto de comemorarem subidas em rankings ou de transformarem descidas em momentos de pura depressão, aceitando méritos ou culpas que não lhes cabem completamente, contribuindo para que a Educação não seja verdadeiramente discutida, aceitando o pensamento simplista de que o sucesso dos alunos depende apenas das escolas ou a ideia de que as escolas devem assumir uma atitude de concorrência empresarial, desvirtuando, afinal, a sua função.

Um dos problemas da Educação – que são muitos – consiste, cada vez mais, no facto de que os professores interiorizam – ou normalizam, como está na moda – os disparates proferidos e impostos por ignorantes e vendedores de banha da cobra com poder político e/ou mediático. Quando, numa área de actividade, os profissionais agem contra a própria área, a esperança é cada vez menor. Hoje, é dia de rankings: não faltarão patetices.

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