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terça-feira, 19 de março de 2019

Entre as brumas da memória


Direitos humanos?

Posted: 18 Mar 2019 01:26 PM PDT

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Democracia na Coreia do Norte? É uma questão de opinião…

Posted: 18 Mar 2019 11:00 AM PDT

Isto é o que diz a Wikipedia (para não ir mais longe). Mas sei lá! Se calhar é só uma opinião… «Democracia é um regime político em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente — diretamente ou através de representantes eleitos — na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o poder da governação através do sufrágio universal. Ela abrange as condições sociais, econômicas e culturais que permitem o exercício livre e igual da autodeterminação política.»

«Porque é que tem tanta dificuldade em admitir que não há uma democracia na Coreia do Norte?

Jerónimo de Sousa – O problema não é esse. O que é a democracia? Primeiro tínhamos de discutir o que é a democracia.

Passa por termos políticos eleitos, por exemplo. Esse é um princípio basilar da democracia. Na Coreia do Norte isso não existe, existe um princípio sucessório.

Jerónimo de Sousa – É uma opinião.»

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Autonomia das Escolas e Direitos Humanos (LGBTI)

Posted: 18 Mar 2019 07:34 AM PDT

O meu amigo Paulo Trigo Pereira sabe do que fala.

«Há palavras que apenas desmerecem e qualificam quem as profere. Chamar “porcaria” a uma acção de formação numa escola sobre “diferentes orientações sexuais” em que os alunos participam voluntariamente, e qualificar de “qualidade duvidosa” uma respeitável associação de jovens, demonstra preconceito, homofobia e ignorância. Afirmações destas proferidas por um obscuro cibernauta, não nos admiraria, mas por um deputado da nação já surpreende e choca. A questão ganha foros de cidade, quando o partido desse deputado, PPD-PSD, dá cobertura a esse desvario, em carta ao Presidente da Assembleia da República, embora a pretexto de uma questão conexa, mas colateral – a queixa apresentada por duas deputadas do Bloco de Esquerda contra esse deputado. Ou quando o CDS faz uma questão ao governo para saber se a Escola “cumpriu os referenciais do Ministério da Educação, que incluem os temas da igualdade de género e de sensibilização da diversidade de orientações sexuais, ou se extravasou as suas competências nesta matéria”. (…)


Ao contrário do deputado do PSD conheço bem a rede ex aequo. Basta consultar o meu registo de interesses na AR para ver que fui presidente da Assembleia Geral de uma Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual e Identidade de Género. Fundámos a AMPLOS há dez anos e a minha mulher é, desde essa data, presidente da sua direção (declaração de interesses feita). Porque o fizemos? É também muito simples. Temos duas filhas, uma lésbica, e não admitimos que nem ela, nem ninguém, seja discriminado. A não discriminação de pessoas LGBTI insere-se num campo mais vasto de luta contra todas as formas de discriminação: que inclui discriminação por género, raça, pessoas com deficiência, entre outras. (…) A nossa filha Catarina vive em Berlim e um dos primeiros comentários que lhe ouvimos, desde que lá está, foi: “ao contrário de Portugal, aqui na Alemanha não sinto reprovação social por ser quem sou.”. É por isso, e por todos os jovens que sofrem a discriminação e o preconceito que, ano após ano, vamos num fim de tarde de verão ao acampamento da rede ex aequo. Sentamo-nos em roda, com dezenas de jovens, e conversamos. Todos os anos vemos lágrimas que correm pelas faces de muitos que ainda não tiveram a coragem de contar aos pais aquilo que são.»

(Daqui.)

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A origem do mal

Posted: 18 Mar 2019 04:04 AM PDT

«Primeiro, incredulidade. Vê-se o cano da arma, a disparar sem descanso, como se fosse tudo de brincar. Lá em casa há jogos assim. O jogador adivinha-se, não se vê, faz-nos deixar adivinhar. Pode ser qualquer um por detrás daquele metralhar. São jogos, têm nomes, e há sempre uma guerra no jogo onde se mata sem se sentir e uma guerra fora do jogo, entre pais e filhos, a limitar e a ceder para voltar a limitar e a ceder.

Depois o horror. Aquela matança em direto nas redes sociais não é de brincar. É um fanático que prime o gatilho, em imagens sucessivas de gritos de morte e de pessoas-pessoas a caírem. E a arma carrega uma e outra vez. Sangue verdadeiro. Loucura verdadeira, a trazer à memória essa outra matança numa escola brasileira, de motivações diferentes, ambas de um mundo ensandecido que não conseguimos compreender.

Mas temos de tentar. A começar no papel dos media, que está sempre a ser questionado, dentro e fora das redações. É exatamente aqui que o papel da mediação e do escrutínio deve ser valorizado. O vídeo do atirador da Nova Zelândia esteve horas online em várias plataformas. Sem filtros, sem edição, sem contexto. Como se fosse o ambiente de jogo em streaming em que atualmente milhões de crianças e jovens em todo o Mundo jogam. Foi num desses jogos que o terrorista diz ter aprendido o nacionalismo étnico.

O papel dos media não é ignorar essa realidade. Mas é ter sentido de responsabilidade na informação que publicam. Editando, cortando o que deve ser cortado, explicando o que deve ser explicado. Contribuindo para uma leitura crítica do contexto em que o ódio germina, não para a sua exibição voyeurista.

Sobra a origem do mal. As motivações raciais e religiosas. No manifesto publicado online pelos terroristas percebem-se as referências alusivas a outros ataques e a mensagem anti-imigração não podia ser mais clara. E essa é uma reflexão que, não sendo nova, nos é muito cara e próxima. A Nova Zelândia é considerada uma das nações mais seguras do Mundo. O que potencia a mensagem de que não há espaços seguros. O extremismo e a intolerância crescem em diferentes geografias, temos tido demasiados exemplos disso. E num momento tão relevante para a Europa, em que vamos ter eleições e desafios como o Brexit, não podemos desviar-nos das batalhas que realmente importam.»

Domingos de Andrade

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