Novo artigo em Aventar
por Ana Moreno
Poderá ser especificidade conotativa minha, mas ouvir falar em “honra” provoca no meu córtex cerebral a desbobinagem de um filme antigo e mau: vejo homens violentos a matarem ou “castigarem” a mulher, filhas ou irmãs “desonradas” (e/ou eventualmente os supostos rivais) para “lavarem” com sangue a "honra" da família...
Sou tresladada por via de maior incidência para a Índia, Turquia, Bangladesh ou Egipto, assisto mentalmente ao enterro de mulheres vivas ou ao seu apedrejamento pela vergonha que trouxeram à "honra" da família...
Sinto espetar-se-me na nuca a ponta aguçada da dupla moral.
“Honra”, na minha idiossincrasia, está nos antípodas de “dignidade”, que associo aos direitos humanos e ao Artigo 1 das constituições portuguesa e alemã.
Fui verificar; o dicionário diz que o significado é o mesmo; pois será, mas não sinto assim.
Aliás, também é: Virgindade ou castidade sexual, em geral nas mulheres (ex.: perder a honra)
Vem isto ao caso de um certo juiz ter declarado que vai processar quem o criticou no contexto de decisões em casos de violência doméstica por sentir ofendida a sua “honra pessoal e profissional”. Logo a “honra” sr. Juiz? ??? Isto será puro acaso??? Não estou a reconhecer aí o exacerbado ego machista a abespinhar-se?
Essa coisa da “honra” dá sempre para o torto.
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