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quarta-feira, 20 de março de 2019

Ladrões de Bicicletas


Mais vida, menos trabalho? É hoje

Posted: 20 Mar 2019 02:09 AM PDT

É só mais um cromo

Posted: 19 Mar 2019 06:01 PM PDT

Este artigo trata das ligações estabelecidas entre os detentores de capital e os grupos de governantes e ex-governantes, a partir de uma perspetiva crítica capaz de realçar o papel do Estado na estruturação do poder económico. É dado especial enfoque ao processo de cooptação, numa análise que engloba os dados referentes aos 776 governantes que ocuparam 1281 cargos nos 19 governos constitucionais (1976-2014).

Adriano Campos, Jorge Costa, João Teixeira Lopes, Francisco Louçã e Nuno Moniz, Representantes e dominantes: Os governantes e as relações de classe em Portugal, Revista Crítica de Ciências Sociais, 2015, nº 108.
Lembrei-me deste artigo por causa da ida de Adolfo Mesquita Nunes, até agora um dos mais destacados quadros do CDS e antigo Secretário de Estado do turismo, para administrador não executivo da Galp. Esta lógica de circulação não é defeito, mas antes feitio de toda uma economia política por superar. É só mais um cromo para uma colecção que não tem parado de crescer.
Ao contrário da tese hayekiana sobre a ordem espontânea, título das crónicas de Mesquita Nunes no Negócios, o capitalismo sem freios e contrapesos à altura, fruto de todas as privatizações e liberalizações, é uma ordem politicamente construída. Nesta ordem, a grande empresa dita privada é um actor político de primeiro plano. Paula Amorim, um dos principais rostos do porno-riquismo em Portugal, sabe bem o que faz. E Mesquita Nunes também. Política com grandes meios.

A direita que se desvanece

Posted: 19 Mar 2019 06:00 PM PDT

Enki Bilal

Durante o debate quinzenal, o líder da bancada social-democrata, Fernando Negrão, lembrou-se de esgrimir que o valor da dívida pública, durante a actual legislatura, subiu em 20 mil milhões de euros. E esqueceu-se de pensar que a importância de uma dívida se mede pela capacidade de a pagar (em função do PIB).
Quando confrontado com a descida desse rácio, lembrou-se de dizer que o gráfico estava... invertido!
Mas poderia ter dito que, com os actuais níveis da dívida, mesmo em função do PIB, e por causa do baixo crescimento económico, a dívida pública não é sustentável e que isso deveria abrir um verdadeiro debate nacional, o qual foi negado como importante por Passos Coelho, possivelmente porque estavam em causa os créditos externos ("as dívidas são para se pagar"). Mas para isso, Negrão teria de falar do Tratado Orçamental e das suas implicações orçamentais, dos anos malditos da troica e dos seus apoiantes em Portugal, que por acaso estavam, no início, no seu partido. E teria de propor um modelo diferente de crescimento económico, o que até agora mal se aflorou. Nem um novo papel do Estado se soube definir e PSD/CDS tinham uma maioria absoluta no Parlamento.
Mas, para espanto de todos, não é que Negrão falou mesmo dos tempos da troica?

Mas teve a presença de espírito de escolher as palavras: "No nosso tempo, que também foi o vosso, houve um problema de bancarrota do país que o PSD e o CDS tiveram de gerir no Governo".
"Gerir" é o termo benévolo, já que o resultado foi mais do que desastroso. Cerca de um quarto da população activa desempregada, serviços públicos depauperados e desarticulados, uma emigração histórica de pessoal qualificado que ainda não foi estancada passados 10 anos sobre o início da crise económica de 2007/2008; a cristalização de um sistema de remunerações assente em baixos valores, uma desigualdade e uma pobreza instaladas. Uma política tão desastrosa que fez explodir os níveis de crédito vencido nas instituições bancárias e que não só degradou o sector bancário como asfixiou as próprias empresas, para quem todo o programa tinha sido desenhado.

Fonte: Banco de Portugal

E fê-lo de uma forma tal que até parecia feito para quem quisesse vir comprar activos degradados, numa estratégia que alguém mais radical apelidaria de "vende-pátrias". Na banca, pelo menos, conseguiu-o. Não deu a mão a Ricardo Espírito Santo, mas deu-a ao Santander.
E é essa fragilidade estrutural que o PSD ajudou a criar e que agora não sabe como atacar, se não - hoje - exigir mais despesa pública, mais serviços públicos, quando há 4 anos executava programaticamente cortes da despesa, cortes nos serviços públicos.
Por alguma razão, o PSD está nos seus níveis mais baixos de popularidade. Aliás, tal como o CDS, que não consegue descolar apesar da situação do PSD, tudo agravado com a evasão de dirigentes que, seguindo as pisadas de Paulo Portas, saíram para administrar um grupo nacional e um banco estrangeiro, ainda que isso não queira dizer nada. É possível ser uma pessoa empenhada estando no lado real da economia ou pensando nela quando se ocupa lugares políticos (vidé exemplo do deputado Telmo Correia que assinou 300 despachos na madrugada em que José Sócrates tomou posse).
Resta saber se, mais tarde ou mais cedo, esta situação não levará a abrir as portas a alguma nova formação política de direita, assim o queiram as elites bem instaladas que passem a apostar - e financiar - outras experiências, como se passa em Espanha.
E não é ainda o caso da Aliança de Santana Lopes, que teve de contar os seus trocos para realizar o seu 1º Congresso. Mas o mercado parece estar aberto.

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