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sexta-feira, 12 de abril de 2019

Assange expôs a democracia burguesa e o estado burguês

por estatuadesal

(Por Farooque Chowdhury, in Resistir, 11/04/2019)

Julien Assange

A prisão de Assange em Londres é agora uma notícia mundial. O público dos media agora está plenamente consciente dos desenvolvimentos que se centram neste denunciante. Assim, não é necessário descrever novamente os factos. De agora em diante, seguir-se-ão descrições das batalhas judiciais que se avizinham. E haverá mais algumas descrições:

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(1) A maneira ardilosa como os estados burgueses lidam com a questão da liberdade de expressão. O método ínvio dos estados burgueses também será exposto.
(2) A verdadeira natureza do direito burguês e sua "neutralidade cega" serão expostas. Sua maneira bruta de lidar com a dissidência também será exposta.
(3) A verdadeira natureza da democracia burguesa será exposta. Sua forma bruta também será exposta.

Uma observação atenta e cuidadosa revelará tudo isso.

O incidente de Assange fez um trabalho único: a revelação do estado burguês e, neste caso, do estado imperialista. Isto é uma boa lição para aqueles que confiam na democracia burguesa. Este incidente é suficiente para jogar fora todos os argumentos e palavras doces dos propagandistas – nos media ditos "de referência" e na academia – sobre a espécie de "democracia" que defendem.

O que Assange realizou é um feito histórico. Ele revelou funcionalmente o Estado, o Estado burguês, o Estado imperialista, a brutalidade e as práticas desonestas a que a burguesia recorre para assegurar seu interesse – capital para a exploração.

Desde há muito, Marx e Lenine e seus camaradas discutiram e expuseram a burguesia, seu carácter político, seu poder de Estado, sua crueldade. O que Assange fez foi apresentar evidências contemporâneas da verdadeira natureza e do carácter da burguesia, especialmente dos imperialistas. Todas as evidências estavam no "centro do coração", ou na "camada profunda do cérebro", ou na vida quotidiana – evidências da vida funcional do imperialismo. Estas eram as da sua política interna e externa, da sua diplomacia e da sua actividade militar. As evidências eram tão recentes que o imperialismo não encontrou argumentos, nem mesmo argumentos falsos para se defender.

O montante de dinheiro que o sistema imperialista mundial gasta para ter uma bela maquilhagem – uma face "humana" – é fácil de imaginar. Um olhar sobre a sua propaganda diária ajuda a perceber. Além disso, existem informações, um bocado de dados sobre esta actividade. Todo o público dos media mainstream sabe disso. Além disso, há estatísticas sobre o assunto – guerra, na verdade agressão e expedições para ocupação, despesas com publicidade, concessão de fundos para pesquisas que facilitam essas guerras, despesas com expedições diplomáticas. O montante chega à estratosfera se se considerarem os gastos dos media mainstream, ao serviço do sistema imperialista-capitalista.

Todas essas quantias de dinheiro foram inúteis diante da revelação feita pela Wikileaks liderada por Assange. A cada revelação, a máquina vasta e monstruosamente poderosa permaneceu muda. Esta terrível máquina de dominação mundial não tinha nada a fazer, mas tentava persistentemente consertar sua "reputação". E, assim, fez de Assange o inimigo do sistema. No mundo contemporâneo, um tal inimigo individual é raro.

Num sentido real, Assange contribuiu para a paz mundial pois tornou todos conscientes do poder imperialista bruto, seu atropelo a toda dissensão e suas actividades cruéis. O denunciante e sua associada – a Wikileaks – produziram uma mina de materiais didácticos. Os materiais de aprendizagem são sobre política, estado, diplomacia e forças armadas da burguesia. No futuro, isto será estudado cuidadosa e profundamente na academia e nos círculos políticos que tentam entender o sistema.

No entanto, agora, o episódio londrino de Assange – negando-lhe asilo e prendendo-o – expõe o "belo" rosto do sistema burguês, no qual muitas pessoas ainda confiam. Tais pessoas são servas fiéis e desavergonhadas do sistema. Nos países capitalistas-imperialistas, tais pessoas servem ao sistema e tentam travar sua decadência; e nas "democracias compradoras", tais pessoas trabalham como representantes (proxies). Certamente, isso não impedirá que esse bando de traficantes de "democracia" entoe suas cantilenas quanto à "liberdade" de expressão. Mas, Assange – seu trabalho e seu papel – será discutido e estudado no futuro. Este estudo estender-se-á também à área do direito burguês.

O último incidente de Londres centrado em Assange mostra a fraqueza do sistema imperialista – todo o sistema está a travar uma longa batalha contra um único indivíduo e nesta batalha, o indivíduo foi expulso para fora do abrigo moral e ético que toda pessoa tem direito. Todo o episódio de Assange mostra vulnerabilidades do sistema imperialista – uma única fuga de informação por um indivíduo ou um grupo de indivíduos pode expor o sistema; o sistema, com seu vasto mecanismo movido por seus vastos recursos, não consegue esconder suas malfeitorias, cuja exposição o torna vulnerável. Isso lembra um comentário de Fidel: uma agulha pode tirar todo o ar de um balão. Assange realizou este trabalho – um serviço à humanidade.

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