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domingo, 14 de abril de 2019

Entre as brumas da memória


Marcelo soma e segue

Posted: 13 Apr 2019 12:22 PM PDT

Marcelo Rebelo de Sousa tira «selfies» no velório de Dina.

Como escreveu Rui Rocha no Facebook, «Pensando bem, talvez estivesse na altura de Marcelo nomear um familiar que o aconselhasse a não fazer estas figuras.»

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O Bispo do Porto morreu há 30 anos

Posted: 13 Apr 2019 10:15 AM PDT

Bispos do Porto houve muitos, mas «O» Bispo do Porto será sempre, para muitos, António Ferreira Gomes, aquele que, em Julho de 1958, escreveu uma longa e célebre carta a Salazar e que morreu em 13 de Abril de 1989.

A carta em questão, muito crítica da situação política, social e religiosa do país, deu-lhe direito a um exílio de 10 anos em Espanha, França e Alemanha, do qual só regressou em 1969, já durante o marcelismo.

É bom recordar que tinham tido lugar, um mês antes de a carta ser escrita, as eleições a que concorreu Humberto Delgado e que o país se encontrava ainda em grande agitação. Para muitos, sobretudo católicos, a conjugação destes dois acontecimentos – eleições com Delgado e carta do bispo do Porto – foi o verdadeiro pontapé de saída para a resistência e luta contra a ditadura durante as décadas que se seguiram.

Era difícil ter acesso ao texto da carta, mas coloquei-o online na íntegra, já há alguns anos. Trata-se de um documento histórico que não deve ser esquecido.

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Brexit e a verdade dos factos

Posted: 13 Apr 2019 07:49 AM PDT

(Fonte: Libération)
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“Nós” (o povo) e “eles” (os políticos)

Posted: 13 Apr 2019 03:20 AM PDT

«As discussões sobre a existência de populismo em Portugal resultam quase sempre na resposta de que este não existe. Os partidos populistas, como o Chega, nunca foram às urnas e não há movimentos populistas capazes de chegar à “rua” com mais do que dezenas de pessoas, como foi o caso recente da tentativa de fazer uns “coletes amarelos” portugueses, mesmo contando com um núcleo duro que incluía os lesados do BES e o PNR. Mas a resposta é errada: o populismo em Portugal está a crescer e, mesmo que ainda não tenha “rua”, domina as “redes sociais”, que são, para muita gente, a única informação que consomem e o único sítio onde “debatem”. Domina também cada vez mais a discussão pública, impregna o discurso político do Presidente da República e dos partidos parlamentares, e está cada vez mais estabelecido na comunicação social, a começar pelas televisões e a acabar na imprensa, mesmo na intitulada de referência.

O populismo define os temas, marca o tempo dos temas muito para além da habitual febre de “novidade” comunicacional, condiciona o seu tratamento e apresenta as suas soluções de que cada vez mais políticos e jornalistas têm dificuldade em se afastar, até porque muitas vezes concordam com elas. A tendência adversarial do jornalismo junta-se a muita cobardia política, de gente acossada e que sabe que não tem moral para falar alto contra a maré populista. O resultado é um debate público inquinado, dominado pelo pathos, quase sem logos, até porque há pouco ethos circulante.

A génese do populismo dos dias de hoje, em democracia, está nesta dicotomia: o povo é intrinsecamente bom, altruísta, honesto, trabalhador, desprovido de más intenções, verdadeiro, deseja o bem para todos, e os “políticos” são o exacto oposto, maus, egoístas, desonestos, preguiçosos, mal-intencionados, mentirosos e desprovidos do sentido de solidariedade, só de interesse próprio. Esta dicotomia não é verdadeira, e acima de tudo é antidemocrática.

Vem, no caso português, de uma longa tradição de demonização da política, dos partidos e da democracia, que encontrou na nossa história sempre mais duros críticos da democracia do que da ditadura, numa tradição intelectual que vem da Grécia antiga. São discípulos de Platão e dos críticos gregos da democracia ateniense, e que, como muitos intelectuais no século XIX e XX, salvo raras excepções, a maioria das quais americanas e europeias de Leste, namoraram sempre mais ideias e regimes como fascismo e o comunismo, do que a “porca” da democracia, demasiado vulgar para lhes dar o papel de “conselheiros” que eles sempre pretenderam. Em Portugal, isso sempre fragilizou a tradição liberal e democrática, na monarquia e na República, e páginas de Ramalho e caricaturas de Bordalo foram usadas pela propaganda do Estado Novo. À ideia da “porca da política”, a que se contrapunha a obsessão do “consenso” e da “unidade orgânica de todos os portugueses”, para além dos partidos e do voto, foi dada consistência propagandística pela Censura durante 48 anos, e ela está mais metida dentro das nossas cabeças do que se imagina.

O que há de novo sobre esta péssima tradição é que a conversação democrática é duramente atingida pela crise das mediações, em particular do debate a partir de factos e não de boatos, maledicências e falsidades, muitos deles colocados deliberadamente por profissionais da desinformação, beneficiando da crise da comunicação social e do ascenso de uma nova ignorância agressiva que serve o populismo como o pão para a fome de comer. Não estamos perante um renascer do fascismo, como alguns dizem, mas de um fenómeno novo que acompanha outras transformações sociais num conjunto complexo, impulsionado por interesses, por manipuladores da democracia, como alguns serviços secretos, pela ganância de algumas empresas tecnológicas e pela apatia e mesmo medo colectivo em lhe fazer frente.

Substituir a democracia pela demagogia é mais fácil do que travar este processo. Políticos em democracia, fragilizados pela corrupção, pela ignorância, pela partidocracia e pela cobardia de ceder às ondas na moda são os últimos a servir de barreira. E o resultado é que as pressões populistas dão origem a soluções erradas, ou porque punitivas, ou porque ilegais, ou porque ineficazes, ou porque perversas, gerando novos problemas, piores dos que os que se desejam combater.

Já estou a ouvir o sussurro e os berros – e então “os políticos” não têm culpa (uma palavra fundamental do discurso populista) de nada? Têm, têm todas as culpas que os populistas lhes apontam, só que não são “todos”, nem são “os políticos”, como se fossem uma classe à parte. E só no contexto da democracia, dos partidos, das escolhas, do voto, isto se pode melhorar.

Só que estas afirmações não servem apenas para adornar e “moderar” o discurso – devem ser tomadas a sério e na sua substância, ou seja, devem ser um elemento fundamental e estrutural da narrativa sobre a política em democracia. Basta esta diferença gigantesca – não são “todos”, não são todos iguais e só a democracia permite corrigir – para se falar em “democratês” e não em “demagogês”.»

José Pacheco Pereira

(Sem link, recebido por mail.)

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