Por ZAP
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Marcelo Sayao / EPA
Jair Bolsonaro, candidato à Presidência do Brasil
O Presidente brasileiro Jair Bolsonaro acusou, esta sexta-feira, Leonardo DiCaprio de pagar para que Organizações Não Governamentais (ONG) ateiem fogo na Amazónia.
“Agora, o Leonardo DiCaprio é um cara legal, não é? Dando dinheiro para tacar fogo na Amazónia”, disse o Presidente do Brasil sobre o ator de Hollywood no habitual diálogo matinal com apoiantes à saída do Palácio do Alvorada, citado pelo Diário de Notícias.
O governante referia-se ao caso da detenção, na quarta-feira, de quatro bombeiros de uma ONG que cuida da preservação da floresta em Alter do Chão, uma estância balnear no estado do Pará, acusados de atear fogo nessa região, em setembro.
O Ministério Público aponta especuladores imobiliários e usurpadores de terras como culpados. Um delegado da polícia local foi entretanto afastado das funções pelo governador do estado por causa da detenção dos bombeiros ter sido considerada abusiva e os bombeiros já foram soltos.
A polícia do Pará citou conversas telefónicas entre os bombeiros e a Worl Wide Fund (WWF) para sustentar as detenções dos bombeiros. Nelas, membros da WWF pedem imagens do fogo para poder acionar os seus patrocinadores, entre os quais Leonardo Di Caprio, e assim ajudar os bombeiros com doações – uma prática considerada comum uma vez que esses patrocinadores condicionam o seu apoio a provas de que o incêndio aconteceu.
Para a polícia do Pará, a conversa telefónica revela tentativa de obtenção de vantagem financeira dos bombeiros e a prova de que eles atearam o fogo.
Para Caetano Scannavino, coordenador do Projeto Saúde e Alegria, uma das ONG alvo de busca e apreensão na mesma operação da polícia, trata-se de “uma situação kafkiana”. “O que nós percebemos é uma ação política para tentar desmoralizar as ONG que atuam na Amazónia”, afirmou, citado pelo mesmo diário.
Na quinta-feira, o Ministério Público Federal (MPF) do Brasil reagiu e pediu para analisar o processo judicial que trata da prisão dos quatro bombeiros voluntários.
Segundo o MPF, ao contrário do que concluiu a polícia local, a linha das investigações federais seguida desde 2015 “aponta para o assédio de grileiros, para ocupação desordenada e para a especulação imobiliária como causas da degradação ambiental em Alter do Chão”.
“A região é objeto de cobiça das indústrias turística e imobiliária e sofre pressão de invasores de terras públicas”, conclui o MPF.
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