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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Vergonha de branco e preto

Filipe Garcia

Filipe Garcia

17 FEVEREIRO 2020

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É cada vez mais difícil gostar de futebol em Portugal. Em campo faltam artistas, nas direções falta nível, nas bancadas falta noção. Ontem, o futebol português voltou a ser notícia e, para não surpreender ninguém, novamente por maus motivos. Em Guimarães, Marega, avançado do FC Porto, acabado de marcar o terceiro golo da noite, pediu para ser substituído. Cansado nunca o vi, lesionado não estava e o golo até tinha sido marcado em jeito, coisa que muitos o acusam de não ter. Matreco é coisa que já lhe ouvi chamar. Ontem, parece que das bancadas lhe chamaram macaco. Em Portugal, em 2020, um jogador de futebol saiu de campo para não ouvir mais insultos racistas.
Nos últimos dias, foram notícia novas agressões a dirigentes em Alvalade, conhecidos novos pormenores da invasão a Alcochete, a seguir um presidente de clube dedicou a vitória do seu Braga contra o Benfica a “elitistas, sulistas e paineleiros”. Em campo, as equipas precisaram de 90 minutos para fazer um golo. Nem noção, nem nível, nem artistas.

E ontem o jogo até estava bom. Como escreve a Lídia Peralta Gomes na Tribuna, havia um bom jogo de futebol. Até que uns idiotas o estragaram. Da secretaria de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo já disse estar a trabalhar para “identificar e punir os responsáveis deste triste episódio”. “O jogo passa para segundo plano. Estamos completamente indignados. Sei bem a paixão que existe aqui em Guimarães pelo clube, mas sei que a maior parte dos adeptos não se revê naquilo que sucedeu com um pequeno grupo de adeptos a insultar o Marega desde o aquecimento”, acusou Sérgio Conceição. E a FPF já oficializou a vergonha. “Este domingo à noite, o jogador Moussa Marega foi alvo de insultos racistas que não podem deixar de ser severamente punidos, num episódio grave e condenável”, lê-se no comunicado.

Estivesse o futebol saudável? Conceição estaria a celebrar a recuperação de seis pontos para o Benfica e o relançamento do campeonato. Das bancadas cantava-se por golos. E na hora de agir ninguém facilitaria na punição.

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