Jorge Araújo
Editor da E
30 ABRIL 2020
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Uma pessoa pensa que sabe tudo, que tem resposta para tudo, mas não sabe nada. Aparece a vida e baralha tudo, a resposta agora é pergunta, a pergunta é resposta.
É por isso que ninguém consegue explicar como é que aqui chegámos, menos ainda para onde vamos.
De nada vale dizer que “queremos a nossa vida de volta”. Todos nós já nos daríamos por satisfeito se soubéssemos que vida temos pela frente.
Muito do que vai ser a nossa vida nos próximos tempos vai ser decidido hoje, na reunião do Conselho de Ministros. Ou talvez não. Se o desconfinamento não correr bem, regressa tudo à casa partida. A nossa vida não se resolve apenas por decreto.
O primeiro-ministro vai divulgar o plano do governo para a retoma da vida económica e social. Vai dizer como pretende reabrir o país.
Neste mar de incertezas há duas certezas . A primeira é que o estado de emergência não vai ser renovado. A segunda é que chegou a hora do Estado de Calamidade.
O desconfinamento pode ser uma coisa ou outra completamente diferente. O plano do governo tem três fases, mas de quinze em quinze dias será feito um “check up”para medir os efeitos económicos e na saúde pública.
Num breve resumo, fique a saber que na 1ª fase, com início a 4 de Maio, será autorizada a abertura do comércio local, assim como os barbeiros e cabeleireiros. Mas só com marcação e de acordo com as regras definidas de lotação do espaço.
A partir da próxima segunda feira também abrem portas o comércio automóvel e os serviços de atendimento ao público não concentrado, o que exclui as Lojas do Cidadão, por exemplo.
Mas atenção: todos estes serviços terão de manter estritas regras de distanciamento, bem como assegurar a obrigatoriedade do uso de máscaras. E têm de dar garantias de desinfeção.
As boas notícias que os pais e encarregados de educação queriam muito ouvir ficam adiadas para mais tarde – as creches abrem a 18 de maio e o pré-escolar a 1 de junho.
Mas se quer saber como vai ser o calendário do regresso à normalidade possível, leia este artigo do Expresso. E este do Público.
Ainda Covid-19
Desporto. Terminou a temporada 2019/2020 para as quatro maiores modalidades colectivas de desporto de pavilhão: hóquei, andebol, basquetebol e voleiból. Os campeonatos morreram na praia. No futebol ainda há esperança. Pode ser que, lá para 30 de Maio, a Iª Liga volte.
Máscaras. O fim do estado de emergência devolverá mais gente às ruas. Mais do que nunca, é aconselhado o uso de máscaras. Aconselhado e, em alguns casos, obrigatório. Se tem dúvidas, leia este artigo.
Crime. Nem toda gente respeitou as regras do confinamento. As tentativas de homicídios dispararam. A boa notícia, escreve o Público, é que a maioria das vítimas “ conseguiu escapar à morte por falta de planeamento ou premeditação dos seus agressores”.
TAP. Com os aviões em terra a companhia aérea nacional vive dias complicados. O Estado pode ser chamado a intervir mas nada será como de antes. “ A música agora é outra no que diz respeito à TAP”, advertiu o ministro das infraestruturas, Pedro Nuno Santos.
Óscares. A Academia de cinema de Hollywood tem um novo regulamento. A partir de agora são aceites filmes transmitidos exclusivamente online, uma vez que as salas de cinema se encontram encerradas devido à pandemida de covid-17. Mas a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas deixou bem claro que esta excepção só se aplica aos óscares deste ano. Quando as salas voltarem a abrir as portas logo se verá
Esperança. Nem tudo são más notícias e, volta e meia, chegam histórias de esperança. Como a da mulher de 100 anos que veio ao mundo durante a gripe espanhola e sobreviveu ao covid-19. Ou como as crianças que nascem no meio deste tumulto. Ontem, nasceu o filho de Boris Johnson. É um rapaz. Uma criança que nasce é sempre uma lufada de esperança. Mas é preciso que tenha uma vida à sua frente.
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