Jorge Araújo
Editor da E
22 MAIO 2020
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Ansiedade é palavra que sufoca. Não precisa de lábios para se fazer ouvir, diz o que pensa com a força da mais poderosa emoção.
Nos últimos dois meses, vivemos em permanente estado de ansiedade. Sempre o coração na ponta da língua. A vida transformada numa migalha do que era.
Agora, que entramos na segunda fase de desconfinamento, começa-se a respirar um pouco melhor. E cada um aproveita a aparente acalmia para fazer o seu próprio balanço.
Ontem, no parlamento, o governo defendeu que o balanço do estado de emergência é positivo. O anúncio somou critícas da oposição.
Mas ainda vamos no princípio do caminho. No princípio do nada. Não há uma cura, não foi descoberta uma vacina. O vírus continua à solta e pouco ou nada sabemos sobre ele.
Agora que o calor convida a um certo relaxamento, não podemos baixar a guarda. Deitar tudo por água abaixo.
Até porque, de entre os países europeus, “Portugal é mesmo o país onde a subida do número médio de casos na última semana é maior”.
Na crónica do próximo sábado, na revista, José Tolentino Mendonça fala, entre outras coisas, deste futuro que nos escapa. E da importância da memória:
“ As memórias são, como se sabe, moedas para ser usadas no país do futuro”, escreve, com palavras vestidas de sabedoria.
Ainda não sabemos que futuro é esse, nem que país vai sobreviver à pandemia. Mas memórias deste tempos estranhos não nos faltam.
O destino é um lugar de onde nunca verdadeiramente se parte.
AINDA COVID-19. Não é um tiro no escuro, mas quase. Donald Trump vai pagar pouco mais de mil milhões de euros por 300 milhões de doses da AZD 1222. Acredita-se que pode vir a ser a tão desejada vacina contra o novo coronavírus e que poderá estar disponível já em Setembro.
Mas, atenção, a farmacêutica que a está a desenvolver - em parceria com a universidade de Oxford- é a primeira a reconhecer que não tem ainda provas da sua fiabilidade.
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