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quarta-feira, 17 de junho de 2020

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Paula Santos

Paula Santos

Diretora-adjunta

17 JUNHO 2020

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Dizem que é uma estrada, mas não passa de uma ausência”.
Ricardo Marques, jornalista do Expresso, começava assim, no dia 18 de junho de 2017, o texto de uma reportagem que nos transportou para as horas de terror vividas no dia anterior numa estrada nacional a que se colou o rótulo da “estrada da morte”.
O país despertou em choque para as consequências inéditas e violentas de um incêndio que, apesar dos avisos da meteorologia, não foi devidamente acautelado e cujas marcas o presente vai disfarçando sem nunca apagar. Só naquela estrada morreram 47 pessoas, encurraladas pelas chamas. “Não tiveram hipótese” contava um homem da terra à conversa com o jornalista.
O incêndio de Pedrógão foi há exatamente três anos. Ao todo morreram 66 pessoas, nove eram crianças.
O Expresso revisitou agora a estrada que ficou em cinzas para retomar o filme de uma tragédia, “a maior” em Portugal como lhe chamaria naquela mesma noite de 2017 António Costa. As jornalistas Christiana Martins e a Ana Baião percorreram o troço de 400 metros onde o fumo, as chamas e as altas temperaturas não deram hipótese aos moradores em fuga. Reencontraram as vítimas e as histórias do muito que ainda está por recuperar.
Vidas interrompidas pelas sequelas do pior dia de sempre. Promessas por cumprir, responsabilidades por apurar. “Ainda há dor em muitas famíliasdizia esta manhã o Presidente da República em entrevista à rádio Observador.
O incêndio começou num sábado à hora do almoço sem que ninguém o travasse nas horas que se seguiram. Galgou muros, ruas, atravessou casas, espalhou-se pela floresta e pelo mato, apanhou tudo e todos de surpresa e alimentou-se de falhas de outros tantos. A começar pelos serviços de emergência e segurança, sob alçada do Estado.
Em 2020, aprendeu-se a lição, assegura o Governo. Perante um verão que se antevê de temperaturas altas, os ministros do Ambiente e da Administração Interna acabam de assegurar que o país está “mais bem preparado” do que estava em 2017.

O plano de gestão integrada dos fogos rurais, agora apresentado, é o novo mapa a seguir e mal seria que não refletisse uma nova realidade, depois da tragédia. Ainda assim, às falhas e atrasos apontados já este ano pelo Observatório Técnico Independente, sublinha-se a resposta do ministro Eduardo Cabrita: são “projeções especulativas”.
Durante a manhã em Figueiró dos Vinhos, acendem-se 66 velas em memória das vitimas de Pedrógão. Com Marcelo Rebelo de Sousa presente e a ministra Ana Abrunhosa a representar o Governo na homenagem.

Este ano, pela primeira vez, António Costa foi convidado. Compromissos no Parlamento (vamos a eles daqui a pouco) impediram a deslocação.

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