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segunda-feira, 13 de julho de 2020

A máscara é uma arma

Curto

Martim Silva

Martim Silva

Diretor-Adjunto

13 JULHO 2020

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Bom dia, este é o seu Expresso Curto de 13 de Julho de 2020, início de mais uma semana de calor em Portugal. Venha daí comigo. Com ou sem máscara.
Um dia, quando tudo isto passar, porque há-de seguramente passar, dificilmente haverá símbolo visível mais marcante da pandemia de covid-19 que vivemos do que as máscaras de protecção social, que se tornaram parte integrante das nossas vidas de um dia para o outro, e em todo o planeta.
Essas máscaras serão a arqueologia deste período.
Nada simboliza melhor este tempo que vivemos que aqueles pedaços de pano que nos cobrem o rosto quando saímos de casa.
Mas a máscara vai ficar também como símbolo dos debates, dúvidas e contradições que se viveram nestes tempos (quem já esqueceu a discussão sobre se se devia ou não usar, que chegou a envolver a Organização Mundial de Saúde?).
E vai seguramente ficar como arma política, pelo menos nos Estados Unidos da América, a maior potência do planeta mas também o país mais afetado e flagelado, com mais de 50 mil casos por dia e um número absurdo de mais de três milhões de mortos. Agora, finalmente e ao fim de quatro meses em que sempre se recusou a usar uma máscara, como símbolo da desvalorização da doença e de rejeição das medidas de proteção e de confinamento, Donald Trump foi finalmente forçado a usar uma e a aparecer publicamente com ela. Nada como estar políticamente 'apertado' e a poucos meses de uma eleição que em tempos pareciam favas contadas mas cada vez mais se afiguram como muito difíceis.
Nos meus destaques dos Expressos Curtos aparecem muitas vezes referências a Donald Trump.
Perdoem-me a insistência, mas o que tem de ser tem muita força. Por um lado, e finalmente ao fim de quatro meses de dislates e políticas contraditórias, o presidente dos EUA apareceu num evento público com uma máscara de protecção colocada no rosto. "Penso que é uma grande coisa usar uma máscara", afirmou o Presidente dos EUA de visita a um hospital militar.
Isto numa altura em que os números continuam estratosféricos (um quarto do total de casos de infecções no planeta são no país; na Flórida ontem registou-se um recorde de 15 mil casos detetados num só dia).
Quem parece estar sob fogo dos próximos de Trump é o dr. Anthony Fauci, especialista médico que aconselhou o Presidente no início da pandemia. Agora, os dois nem se falam, segundo conta a CNN.
Mas a grande história dos últimos dias envolvendo Trump é mesmo a forma absolutamente inacreditável como decretou um indulto presidencial a um seu antigo conselheiro que tinha sido condenado pela justiça norte-americana a uma pena de prisão.
O perdão presidencial já motivou um coro de críticas, embora a maioria dos Republicanos opte pelo silêncio (a excepção é Mitt Romney).
Roger Stone devia cumprir três anos e quatro meses de prisão por ter mentido ao Congresso. O perdão presidencial é uma figura possível nos EUA, mas que nunca tinha sido usado num caso em que o próprio chefe do Estado tem um interesse direto ou um conflito de interesses (Stone mentiu na investigação sobre o conluio entre Trump e a Rússia).

No mundo todo, e de acordo com a OMS, este domingo assistiu ao recorde de casos registado num só dia, mais de 230 mil. Os países em pior situação nesta altura são os EUA, a Rússia, a Índia e o Brasil. Curiosamente, as duas superpotências e dois dos mais relevantes países emergentes do planeta.

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