Sexta-feira, 17 de julho de 2020
Em alguns momentos, apesar de todos os problemas, percalços e riscos que a profissão envolve, fazer jornalismo dá muita alegria. Para nós do Intercept, este mês é um deles: nos últimos dias, assistimos ao nosso trabalho render uma sequência de impactos de tirar o fôlego.
Na semana passada, a Nayara Felizardo contou em reportagem como a “rainha da quentinhas” Idalina Mattos, cuja empresa fornece refeições para 14 prisões do Ceará, lucra milhões com superfaturamento e fraudes (ela atenderia a unidades que nem foram construídas e a outras que já fecharam). Dois dias depois, no dia 8, o Ministério Público do Ceará instaurou um inquérito para apuração do caso, citando a matéria do Intercept.
No dia seguinte, o Conselho Federal da OAB aprovou o pedido para investigar a atuação da força-tarefa da Lava Jato no Paraná. A ação é resultado direto de denúncia da Agência Pública e do Intercept, baseada nos documentos do acervo da #VazaJato que recebemos de uma fonte anônima, que revelou o envolvimento e a forte influência de quadros do FBI na força-tarefa paranaense da operação. O líder da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, recebeu pouco depois, dia 9, o prazo de 15 dias para explicar ao Conselho Nacional do Ministério Público as relações com o departamento americano de investigação.
E esta semana soubemos do impacto na vida de centenas de professores: a startup de reforço educacional “Alicerce”, que tem Luciano Huck como sócio e garoto-propaganda, anunciou que irá manter toda a equipe de educadores trabalhando — com carga horária mínima — pelo menos até janeiro. Em abril, matéria nossa assinada por Hyury Potter revelou que dezenas de profissionais da Alicerce foram dispensados, via Whatsapp (!), após o fechamento das escolas, devido à pandemia. A matéria gerou um bafafá imediato e forçou a Alicerce e Huck a se posicionarem. A startup também anunciou um auxílio financeiro para os professores produzirem material pedagógico. Será que tudo isso teria acontecido sem a reportagem?
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