Cristina Peres
Jornalista de Internacional
10 JULHO 2020
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“Um pau de dois bicos” e “uma faca de dois gumes” são expressões que se ouvem repetidas a toda a hora nesta fase crítica que atravessamos. A Conceição Antunes não lhes escapou no 2:59 , a peça de jornalismo de dados desta semana, na qual explica os dilemas do setor do turismo perante a oportunidade que parece fugir das mãos: queremos turistas, mas temos medo deles e eles têm medo de nós. O podcast da Economia, Money, Money chegou ao #40 com uma pergunta temível: será que a economia sobrevive a um verão sem turistas? Dados apurados pelo Instituto Nacional de Estatística em abril dizem que o turismo cedeu 97% face ao ano anterior.
Depois de achatadas as curvas, houve quem não conseguisse evitar que os planaltos não viessem a resultar em subidas pronunciadas e indesejáveis. Esta conversa parecida com corridas refere-se aos novos números de novos contaminados pelo coronavírus e a duplicidade das expressões a referirem a angústia de quem deseja ver o turismo a salvar, senão as economias, pelo menos o pequeno negócio do qual tanta gente depende. A realidade tem-se interposto, como é seu apanágio, neste caso com numerosas zonas, distritos, cidades e regiões a não saber o que fazer com a angústia que provoca voltar ao lockdown. É imperioso conter o contágio. Tanto quanto tentar repor as coisas em marcha.
A Grécia escapou na primavera aos piores cenários que a covid-19 impôs a alguns países europeus, como Itália e Espanha, porém o verão, a chegada de turistas às suas costas, está a obrigar Atenas a fazer marcha atrás. As autoridades gregas estão prontas a reestabelecer restrições públicas e relativas a viagens já a partir da semana que vem, avisando que as diretivas de segurança para evitar a contaminação estão a ser frequentemente ignoradas. É um sinal que se traduz numa cifra: mais de 3.600 casos de coronavírus.
Infelizmente não é só a Grécia. Na quarta-feira, a decisão de voltar a restringir as pessoas para evitar a contaminação afetava 9,2 milhões de pessoas em todo o mundo (incluindo Portugal, Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido na Europa). E já há quem sancione o seu governo pela confusão trazida pelas medidas contraditórias, em Belgrado, Sérvia, a revolta popular que exige responsabilidades aos ziguezagues do Governo, já provocou numerosos feridos.
Por cá, não passou despercebido o mal-estar por Portugal ter sido excluído do corredor turístico do Reino Unido, e a Bélgica colocou Lisboa na “zona vermelha”, obrigando a teste e quarentena no regresso a casa. Não será fácil tomar decisões sobre férias. Veja aqui onde pode ir sem e com condições.
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