De Giorgia Orlandi & Teresa Bizarro • Últimas notícias: 07/10/2020 - 12:58
Direitos de autor Luca Bruno/Copyright 2020 The Associated Press. All rights reserved
Num talhão do cemitério italiano de Flaminio, em Roma, os nomes inscritos nas placas pertencem a pessoas ainda vivas. São nomes de mulheres que tiveram abortos no segundo trimestre de gestação. As cruzes assinalam o local onde os fetos foram enterrados.
O Jardim dos Anjos - assim se chama - começou por ser um espaço onde pais podiam enterrar fetos resultantes de abortos "espontâneos ou terapêuticos". Mas só por vontade dos pais e mediante uma autorização municipal.
Já há registo de cerca de uma centena de mulheres que declara não ter manifestado vontade de um funeral ou consentido identificar uma campa. Dizem que declinaram fazer o funeral aos fetos, mas que também nunca solicitaram que fossem feitos em seu nome.
De acordo com a imprensa italiana, existem associações religiosas que têm acordos com hospitais para tratar do que a lei define como "produtos abortivos" o que lhes permite enterrar restos mortais não reclamados.
A presidente da Differenza Donna, uma associação italiana envolvida no processo, explica que estas mulheres se sentem "desrespeitadas e com os direitos e liberdades violados". Elisa Ercoli fala em particular da liberdade religiosa, "porque algumas das mulheres são ateias ou têm outras crenças religiosas".
A associação avançou judicialmente em nome destas mulheres. A procuradoria de Roma abriu entretanto uma investigação para esclarecer se houve divulgação indevida de dados pessoais e violação de direitos individuais.
Giovanna Scasselati é a diretora do serviço de abortos no Hospital de San Camillo, em Roma. Em entrevista à Euronews, conta que "quando os pacientes chegam é lhes pedido que assinem vários papéis, incluindo um documento sobre o enterro do feto". Mas esta médica declina qualquer responsabilide nos passos seguintes. Diz que isso é competência da empresa de tratamento de resíduos.
Na resposta, a empresa de responsável pela recolha e tratamento de resíduos hospitalares emitiu um comunicado garantido que opera dentro da legalidade, cumprindo ordens dos hospitais para fazer os funerais quando as famílias não querem lidar com o assunto.
Por esclarecer está a alegada violação dos dados pessoais. A utilização da identidade de mulheres inscrita nas cruzes do cemitério.
Sem comentários:
Enviar um comentário