Como se chega ao poder
Posted: 17 Nov 2020 06:56 AM PST
«"Não me sinto vocacionado para condicionar o meu projeto político de governação do Açores com aproximação ao populismo". A declaração foi proferida por José Manuel Bolieiro, em entrevista à RTP, na sexta-feira anterior às eleições regionais açorianas.
Eis a prova de que em política a verdade de hoje deixa de ser no dia seguinte. Com a tomada de posse do Parlamento dos Açores, o dia de ontem fica marcado pelo início de uma nova era na democracia portuguesa. Desta assembleia sairá um governo apoiado pelo Chega - o tal partido populista de que Bolieiro não equacionava aproximar-se.
Os sociais-democratas tinham demasiada sede de alcançar o poder, e o acordo nos Açores serve de ensaio aos anseios de Rui Rio: o líder do PSD nunca escondeu disponibilidade para um acordo com o Chega, desde que André Ventura se moderasse. E aí temos Ventura a desdobrar-se em entrevistas, a tentar mostrar não ser o demónio como o pintam. No entanto, sem fugir muito da matriz, sob pena do seu eleitorado - o que pretende ver os ciganos daqui para fora, os imigrantes na terra deles, os pretos em África, os pedófilos castrados - deixar de se rever em si.»
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