Para quem admira a paisagem do Rio de Janeiro a partir do cimo do Pão de Açúcar, parece difícil de imaginar que este é um país que está a ser martirizado pela Covid-19.
As praias cheias também parecem esconder uma realidade dura. O Brasil chegou, há poucos dias, à marca dos 200 mil mortos causados pela pandemia, com números superiores a mil mortos diários. Nas grandes cidades, como o Rio de Janeiro, São Paulo ou Manaus, o panorama é trágico, com hospitais sobrelotados.
Segundo Marcelo Gomes, do instituto Fiocruz, os números verdadeiros podem ser muito superiores aos divulgados, já que a época das festas de final de ano, com muita gente de férias, é propícia a que os números só cheguem com muito atraso.
O Brasil tem dificuldade em avaliar a verdadeira dimensão da crise de saúde pública causada pela Covid-19 e não parece haver fim à vista nos problemas do país. O ministério da Saúde ainda não tem um programa nacional de vacinação detalhado. Sem uma visão clara de quando e como a população vai ser vacinada, as clínicas privadas começam a tomar iniciativas e a fazer os próprios acordos para importar doses para quem as pode pagar.
Gonzalo Vecina Neto, ex-diretor e um dos fundadores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) critica o que se está a passar e frisa que a distribuição das vacinas não pode privilegiar ninguém: "É inaceitável que quem tem dinheiro possa passar à frente do público geral", disse à euronews.
O presidente Jair Bolsonaro insiste na narrativa de que o país não pode parar. As restrições aplicam-se apenas localmente, como no caso de Manaus, que decretou um estado de emergência. Os serviços de saúde começam a preparar-se para o pior e estima-se que a situação mais grave chegue nas próximas semanas.
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