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quinta-feira, 13 de maio de 2021

Uma cambada de oportunistas!

 

por estatuadesal

(Amadeu Homem, in Facebook, 09/05/2021)

Amadeu Homem

Um pobre coitado que não tenha capacidades intelectuais, ouvindo os oráculos de serviço a quem pagam para o básico exercício de desinformação política, imaginará que foi o Costa e o seu governo o primeiro e único responsável pela desumanização com que são tratados os imigrantes, tanto no caso de Odemira, como em centenas de outros casos, se se fizer uma investigação escrupulosa.

A verdade é que o fenómeno da imigração ilegal, ou semilegal, ou consentida, ou mesmo devidamente legalizada., com o imenso cortejo de omissões de apoio, ao nível dos direitos humanos mais elementares, este fenómeno dura há décadas. Rolaram governos sobre governos, primeiros-ministros sobre primeiros-ministros, presidentes da República sobre Presidentes da República - e tudo permaneceu na mesma: na mesma, ao nível das condições de remuneração, de habitação, de saúde, de transportes, de tudo.

Agora, por falta de tema e de imaginação, chegaram à praça pública umas carpideiras que estiveram mudas e quedas ao longo de todo este tempo, e apontaram o dedo - que é a única coisa que sabem fazer, pois já se esqueceram de com ele coçarem a esfera anal. E disseram : - A culpa é do Cabrita! Não, a culpa é do Cabrita e do Costa! Não, a culpa é do Cabrita, do Costa e do governo todo; não, a culpa também é de todos estes e do Marcêlho!

Isto é muito singular, porque este País vive beatificamente na modorra, com toda a gente a consentir e a corroborar tudo, enquanto não lhes dá a coceira ou a erisipela do verme político, forma de tesão de mijo, como o dos gajos que já têm a próstata hipertrofiada. Quiseram lá bem saber o Chega, e o CDS defunto, e o PSD convertido em Riacho, e o Bloco do Rosas dos suspensórios, e até o PCP do Jerónimo dos amanhãs vermelhos que os imigrantes dormissem uns sobre os outros ao Deus dará; que os explorassem até ao tutano; que os filhos deles não fossem à escola; que "arreassem o calhau" nas traseiras da rua, talvez por detrás dum tapume. Ponham lá também o próprio PS, que se silenciou tanto como todos estes.

Mas eis que se destapa a caixa de Pandora em Odemira. Podia ser na Beira Alta, em Trás-os-Montes, no Ribatejo ou em Cacilhas. Foi, por acaso, em Odemira. Convenhamos que foi um assunto gerido por um ministro que talvez tenha nascido para apanhar gambuzinos ou borboletas, para gerir parques de estacionamento ou restaurantes de "fast-food" , mas que não é Peter, mas o próprio princípio de Peter, em forma de Conselheiro Acácio ... Esta caricatura de ministro já devia ter caído há muito. Se o Costa tivesse alguma sensatez temática, talvez lhe oferecesse uma sinecura qualquer, onde o fulano pudesse limpar as unhas com um canivete ou se ocupasse a jogar a batalha naval com o porteiro. Mas não! Fez dele ministro - e o resultado vê-se: cada cavadela, seu imigrante, digo, sua minhoca!

Estes gritos de histeria duvidosa que agora se fazem ouvir acerca dos "sagrados direitos da Pessoa Humana" são um dos maiores monumentos à Hipocrisia que alguma vez me foi dado ouvir e contemplar. Nem comento Odemira, pela razão simples de poder comentar Odivelas, ou Paio Pires, ou Linda-a-Pastora, ou Barrancos ou Venda das Raparigas (das não imigrantes e com as vacinas todas tomadas!). O que me dá uma imensa vontade de rir é o Chicão pernóstico, mais a Catarina-que-se-estrafega, mais os homens de mão da Ribeira da Asneira, todos à uma, a chorarem baba e ranho por uma novidade - a das condições deploráveis da mão-de-obra imigrante, em condições muito próximas do esclavagismo, a apresentarem todos a questão como uma novidade completa, como um caso acabadinho de aparecer.

Mas o que é que estes palhaços andaram a observar, ou a refletir, ou a "politicar", durante este tempo todo? A Verdade de Moisés desceu da Montanha, com as Tábuas da Lei às costas, onde alegadamente se encontrava escrita a Verdade toda. Estes pobres manipansos, durante decénios a fio, estiveram todos a adorar o bezerro de ouro. E o que é mais grave é que nem deram conta de que não tinham religião ou convicção séria. Eram o que foram, o que são e o que sempre irão ser: uma cambada de oportunistas!

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