Biden, Trump, o teatro de sombras das democracias neoliberais
(Zé-António Pimenta da França, in Facebook, 22/07/2024) O Presidente Biden fez hoje o que Donald Trump nunca faria. Ele colocou o bem do país à frente de si mesmo. A foto de Biden, acima, e a respetiva legenda (atribuindo a desistência de Biden à sua nobreza de carácter e a um altruísta autossacrifício em favor da Pátria) é bem o retrato fiel da forma como os "spinsters" do Partido Democrata dos EUA e seus fiéis discípulos em todo o mundo querem apresentar o mais recente evento da política americana, a renúncia de Biden à corrida presidencial dos EUA de 5 de Novembro. Muitos aceitarão, ingenuamente, esta leitura. Eu discordo em absoluto. Biden não fez nada disso. Biden foi obrigado a desistir da corrida pelos pesos pesados do partido de forma simples e eficaz: congelaram-lhe o dinheiro para a campanha! Foi um golpe de estado no partido democrata. Os notáveis do partido democrata (ou seja, os oligarcas que o financiam) agiram aterrorizados com a perspetiva mais que provável de perderem não só a Casa Branca, mas também acumularem revezes avassaladores nas duas câmaras legislativas, onde atualmente há grande equilíbrio, com pequena vantagem para os republicanos. Resolverem assim deitar fora o velho Biden (que visivelmente já não estava ali para as curvas, de dia para dia visivelmente mais debilitado), apesar das suas décadas de bons serviços, procurando, assim, pelo menos diminuir as suas perdas e manter algum poder. No Senado os democratas têm 48 lugares contra 49 republicanos; na Câmara dos Representantes há 219 republicanos, contra 213 democratas. Como há uma mão-cheia de eleitos nas duas câmaras que são bastante independentes dos seus partidos, votando como lhes convém e não como o partido manda, isto resulta numa situação equilibrada. A perspetiva no caso de derrota é que o atual equilíbrio nestas duas câmaras passe depois de 5 de Novembro a uma preponderância esmagadora a favor dos republicanos. Na realidade, insisto, Biden foi vítima de um golpe de estado no interior do seu partido. Os notáveis do Partido Democrata (representantes na política, tal como as suas contrapartes no Partido Republicano, dos grandes grupos financeiros mundiais) atuaram tal como os “capos di mafia” fazem quando um dos seus elementos dá mais prejuízo do que lucro. Afastaram-no pura e simplesmente, tiraram-lhe o financiamento, chutaram-no para fora. E apostam agora em que Kamala Harris lhes garanta um resultado menos mau a 5 de Novembro. Veremos…
Não há um átomo de nobreza nem nos candidatos de ambos os partidos nem nesses conjuntos de financiadores predadores que povoam as estruturas dirigentes dos dois partidos que partilham o poder nos EUA, ambos profundamente corruptos e inteiramente dedicados ao auto enriquecimento e à pilhagem dos respectivos compatriotas. É certo que os princípios éticos e morais estão permanentemente nas bocas dos dirigentes políticos em todos os seus discursos. Porém, ética e moral são para essa gente meros utensílios com que iludem os respectivos eleitorados. (NOTA: há gente séria na política, mas são apenas exceções que confirmam a conhecida regra)… Nos outros países, todos da esfera da democracia neoliberal (Europa, etc.), passa-se exatamente a mesma coisa. Mas a dita democracia dos EUA é de facto, neste campo, o “estado da arte” deste panorama profundamente tenebroso… |
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