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segunda-feira, 8 de julho de 2024

 

Ucrânia com a corda no pescoço: BlackRock e “privados” querem ser pagos

By estatuadesal on Julho 7, 2024

(João-MC Gomes, In VK, 07-07-2024)


As conversas sobre a reestruturação da dívida da Ucrânia chegaram a um impasse. Credores como BlackRock, Amia Capital e Amundi recuaram da proposta de alívio da dívida feita por Kiev. A Ucrânia pede descontos maiores para financiar esforços de defesa contra a Rússia, visando obter recursos para sua reconstrução económica após o término da guerra. Os detentores de títulos ucranianos não receberam pagamentos desde 2022, quando concordaram com uma moratória de dois anos devido à invasão russa. A paralisação expira em 1 de agosto. Nas negociações, a Ucrânia propôs trocar os seus títulos atuais por novos papéis com vencimentos até 2040 e juros de 1% nos primeiros 18 meses, aumentando progressivamente até 6%. O grupo de credores oficiais da Ucrânia já prorrogou o congelamento do pagamento da dívida até 2027. A última proposta não incluiu a reestruturação da dívida das empresas estatais, diferentemente de 2022, quando os pagamentos desses títulos também foram congelados.

As implicações para os investidores internacionais podem ser significativas. Vou destacar alguns pontos relevantes:

- Risco de Inadimplência: A Ucrânia está em moratória desde 2022, e a falta de pagamento de títulos pode continuar. Isso representa um risco para os investidores que possuem títulos ucranianos.

- Negociações em Andamento: As negociações entre a Ucrânia e seus credores estão em curso. Se um acordo não for alcançado, os investidores podem enfrentar incertezas quanto ao pagamento futuro.

- Impacto Geopolítico: A situação na Ucrânia está ligada à tensão entre Rússia e os países ocidentais. Qualquer escalada no conflito pode afetar os mercados globais e os investidores.

- Mercado de Títulos Emergentes: Investidores que têm exposição a títulos de mercados emergentes devem monitorar de perto a situação na Ucrânia. A instabilidade pode afetar o sentimento do mercado em geral.

Ou seja, os investidores internacionais têm de estar atentos aos desenvolvimentos na Ucrânia e considerar os riscos associados à sua exposição a ativos ucranianos.

Entretanto a BlackRock e outros credores estrangeiros formaram um grupo para pressionar a Ucrânia a começar a pagar as suas dívidas já no próximo ano. Se tiverem sucesso, Kiev poderá gastar cerca de $500 milhões anualmente apenas em pagamentos de juros. Além disso, a BlackRock aconselhou a Ucrânia a criar um banco de financiamento ao desenvolvimento para atrair investimentos em setores como infraestruturas, meio ambiente e agricultura, tornando-os atraentes para os fundos de pensões e outros investidores de longo prazo. Quanto às quantias específicas de dívida, as negociações estão em andamento, mas a Ucrânia propôs reduzir sua dívida em 60% do valor atual, enquanto os credores consideram 22% mais razoável.

Dito isto, é mais do que óbvio que existem razões económicas objetivas para este "esforço de guerra ocidental" e não se trata apenas da falácia da "defesa" da Europa, como é afirmado. O que se passa é que a Ucrânia serviu, desde 2014, de base para os objetivos estratégicos de prejudicar as relações da Federação Russa com a Europa e, em especial, com a UE e os grandes financiadores mundiais abriram os seus cofres convencidos de que ia ser uma vitória fácil e que a Rússia não só não seria capaz de se defender dessas tentativas, como não criaria condições para colocar a Ucrânia num "estado de miséria" que a tornasse incapaz de pagar os empréstimos.

Um "representante" ucraniano tentou diminuir o problema, em entrevista, afirmando "tratar-se de investidores privados e que "a quantia é relativamente pequena em relação à divida. Falamos de 20 mil milhões (?) ou 20 milhões de juros (não se percebe bem o que diz), e então, porque é que os cidadãos teriam que pagar essa quantia aos investidores? Eles também têm que partilhar a divida. Portanto, é dinheiro privado. Eles querem o dinheiro de volta mas tem que esperar" - mas sem dar a perceber que, verdadeiramente a Ucrânia está falida e a sobreviver com os empréstimos ocidentais que vão alimentando a "sua" guerra, em nome da tentativa de não ceder a uma paz que lhes foi já proposta, com base na lógica de que os quatro oblasts a leste já anunciaram a sua integração na Federação Russa.

A ter continuidade esta questão, o que se poderá passar é a futura derrota total da Ucrânia, em termos militares e a sua degradação política, pelo que os investidores privados, como a BlackRock poderão estar perante um prejuízo total que quererão evitar e que só o poderão fazer de uma de duas maneiras: anulação do apoio financeiro a Kiev, com derrube dos nazis do governo e posterior renegociação da divida com os novos mandantes, ou esperar a derrota militar e politica da Ucrânia e tentar negociar com o próximo governo que sair dessa derrota e que terá todo o direito de recusar pagar a divida que os nazis ucranianos fizeram ao longo dos últimos anos ou renegociá-la em moldes ótimos para a sua nova perspetiva politica de aproximação a Moscovo.

Evidentemente que é isso que se prevê vir a acontecer, perante os dados que todos os dias vem do terreno do conflito.

Portanto, a BlackRock e os restantes investidores, podem começar a fazer contas ao prejuízo da sua tentativa de provocar os russos. Acontece!

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