Dois Estados na Palestina? Coma gelados com a testa!
(Carlos Matos Gomes, in Facebook, 22/09/2024) A tal solução dos dois estados, que tantas vezes foi invocada como panaceia para o "problema" da Palestina, onde está? O exército israelita assaltou hoje o escritório da estação de televisão Al Jazeera, em Ramallah, a capital da Cisjordânia e sede da Autoridade Palestiniana. Fechou-a levando como justificação um édito escrito em hebraico. A Cisjordânia não existe. Tal como Gaza. A longa operação de ocupação da Palestina após a Segunda Guerra, levada a cabo por grupos de judeus espalhados pelo mundo e tendo, como justificação doutrinária, uma interpretação conveniente da sua religião e o apoio mercantil e militar dos grandes interesses no domínio da região, que concentra uma das maiores reservas de petróleo mundiais, tem sido conduzida de embuste em embuste. O primeiro, o do direito à existência de Israel, que era uma entidade politicamente inexistente, assente no racismo religioso; o segundo o da possível convivência de dois estados, um israelita armado e financiado pelos Estados Unidos e o Ocidente Global, e um palestiniano à mercê de interesses das potencias locais e dos seus caciques. Por fim, a invocação do direito à autodefesa de um Estado que nunca cumpriu qualquer decisão da comunidade internacional emanada da ONU, incluindo as obrigações resultantes da sua criação! Depois de ter transformado Gaza - uma das parcelas do futuro estado palestiniano, - num forno crematório, - Israel entra agora pela Cisjordânia, a outra parcela do Estado Palestiniano, fecha uma estação de televisão que não reproduz os seus comunicados e a sua propaganda, isto enquanto bombardeia campos de refugiados e infraestruturas e as suas milícias de colonos armadas expulsam na completa impunidade palestinianos das suas casas e propriedades!
Hoje, aqueles que deram a cara por essa tese, começando por ilustres Secretários Gerais da ONU, eminentes políticos e chefes religiosos, bem podem sentar-se à porta de um WC a observar onde vai a tese dos dois estados. A observar onde os seus aliados israelitas desde há 70 anos a têm ritualmente evacuado, deixando-a seguir o caminho que lhe destinaram com uma descarga de autoclismo. Podem escolher o modelo de sanita.
Tenho alguma curiosidade em ver como se saem deste gozo de Netanyahu os primeiros ministros dos três estados da União Europeia que reconheceram a Palestina como um Estado e até o rei Filipe, nosso vizinho, apareceu numa fotografia toda pomposa a receber as credenciais do embaixador da Palestina, que é um beco onde meia dúzia de jagunços de Netanyahu mandam calar quem não conta a sua história. |
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