Requiem pelos comentadores e “especialistas” das TVs
(João-MC Gomes, In VK, 06-11-2024) Os mentirosos interesseiros - ou como a vitória de Trump denuncia a mentira dos orgãos de comunicação social. Os resultados das recentes eleições presidenciais nos Estados Unidos revelaram, mais uma vez, a fragilidade e o enviesamento gritante de um sistema de análise política que se auto-intitula como imparcial, mas que, na prática, se mostrou profundamente tendencioso.
É inegável que a cobertura mediática, sobretudo nos principais meios de comunicação portugueses e internacionais, foi permeada por um alinhamento político evidente. As previsões e análises não apenas falharam no cálculo preciso das intenções de voto, mas foram igualmente caracterizadas por uma insistente narrativa que beneficiava um lado específico. Essa inclinação não é acidental, mas uma demonstração clara de como o discurso mediático contemporâneo pode ser moldado para influenciar a opinião pública. Comentadores e analistas deveriam, por princípio, buscar uma postura de imparcialidade. No entanto, o espetáculo oferecido por muitos destes profissionais foi vergonhoso: declarações categoricamente erradas foram repetidas ad nauseam, moldando a expectativa coletiva em direção a um desfecho conveniente para uma determinada perspetiva política. Não é aceitável que tais figuras, após o erro evidente, simplesmente sigam em frente sem qualquer forma de retratação pública. A sua responsabilidade, enquanto formadores de opinião, é imensa, e a falha em reconhecer a falta de isenção só mina ainda mais a confiança do público. As empresas de sondagens, por sua vez, desempenham um papel crítico no processo democrático. Contudo, os erros repetidos e a metodologia enviesada suscitam questões sobre a sua credibilidade. A tendência de "puxar" a narrativa para um lado é inaceitável e enfraquece o propósito fundamental das sondagens: fornecer uma leitura justa e honesta da vontade popular. Ao afastarem-se desse propósito, estas empresas tornam-se cúmplices na manipulação da opinião pública. Diante das evidências esmagadoras da distorção, os responsáveis têm a obrigação moral e ética de se retratar. A cobertura de eleições, especialmente em democracias de alta importância global, deve ser feita "sem lados", com total comprometimento com a verdade. Continuar a privilegiar uma narrativa política específica, ao custo da precisão e da confiança, só perpetua um ambiente de desinformação e polarização. É hora de exigir responsabilidade e compromisso real com a isenção. |
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