De Varsóvia a Gaza… quanta distância…
(Miguel Castelo Branco, in Facebook, 19/12/2024) Durante décadas, as imagens dos derradeiros dias do Ghetto de Varsóvia e dos seus sobreviventes, transidos de medo e prestes a serem enviados para o extermínio, foram a perfeita representação da impiedade de que os alemães deram provas no tratamento de populações desarmadas, expostas a toda a sorte de crueldades, prepotências e roubos à mão de delinquentes uniformizados e que Leon Uris tão pungentemente relatou no seu Mila 18. Essa carnificina ceifou a vida de 56.000 pessoas. Coincidência, sobretudo para quantos se recusam aplicar o conceito de genocídio a Gaza, o facto de até ao dia de hoje ter sido contabilizado número análogo de vítimas entre a população da cidade transformada em paisagem lunar, se bem que o montante de vidas seja certamente bem maior, sabendo-se que sob os escombros jazem muitos milhares por exumar.
Todos calaram, todos simularam alheamento ou desconhecimento, se bem que as atrocidades ali cometidas sejam incomparavelmente melhor documentadas do que os trágicos acontecimentos da primavera de 1943. Se a maior afronta às vítimas de 1943 será certamente a de iludir o seu destino, à cobarde indiferença do mundo ocidental teremos de apontar como um dos mais vergonhosos episódios ocorridos neste século nas sociedades ditas civilizadas. Somos obviamente cúmplices morais desta matança. Como podem andar na faina dos tremeliques do Natal sem levarem por um segundo as mãos à consciência? |
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