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quarta-feira, 11 de abril de 2018

Entre as brumas da memória

Dica (743)

Posted: 11 Apr 2018 01:45 PM PDT

Migrants In European Labour Markets Are Persistently Disadvantaged By Region Of Origin (Tania Paniagua de la Iglesia e Enrique Fernández-Macías)

«The classic theory on how migrants and their descendants assimilate into a host society argues that integration is a linear process as successive generations gradually come to resemble the native population. This was the dominant theory up to the 1990s; in recent decades, alternative theories have proposed more complex processes of adaptation to explain why some ethnic minorities integrate better than others. These theories emphasise, for instance, the influence of societal factors on integration, such as social capital, discrimination, and the context of reception – in other words, the opportunities and challenges presented by the host society.»

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11 anos de teimosia

Posted: 11 Apr 2018 09:32 AM PDT

Este blogue nasceu em 11.04.2007, tem andado comigo pela vida e pelos quatro cantos do mundo, fiel depositário de memórias, descobertas, desânimos e esperanças.

Foram, continuam a ser, 11 anos de persistência ou de teimosia – como preferirem. Alimento-o todos os dias, de braço dado com o Facebook, mas não o abandono porque ele não deixa.

E muito obrigada a quem passa por aqui. Este é o 14.205º post que publico: loucura, loucura…

La nave va!

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Medeiros Ferreira

Posted: 11 Apr 2018 06:29 AM PDT

Lembra-me o Facebook que, há 7 anos, em 10.04.2011, José Medeiros Ferreira, aquele que tantas vezes viu bem para lá da espuma dos dias, escreveu isto. Já não esteve cá para ver, mas estivemos nós.

«Ao PCP, ao BE, a muitos socialistas, sindicalistas, independentes e à esquerda órfã, a que continua não representada, não basta continuar a gritar que vem lá o Lobo. Devem juntar-se e, a partir das propostas já avançadas e outras que surjam, criar plataformas de compromisso. Essa base, articulada com a contestação a nível europeu, pode até apresentar ao PS um conjunto de condições mínimas para uma maioria de esquerda parlamentar. O actual PS nunca a aceitará? Provável. Mas nada dura sempre, o Largo do Rato não poderia continuar a vitimizar-se, o ónus da recusa seria seu e a semente ficaria lançada.»

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O drible de Centeno

Posted: 11 Apr 2018 02:35 AM PDT

Francisco Louçã no Expresso diário de 10.04.2018:

Os 15 países mais antigos do mundo (Portugal é um deles)


Os 15 países mais antigos do mundo (Portugal é um deles)

por admin

Todos aprendemos nos livros de história que Portugal é um dos países mais antigos do mundo e tem mesmo as fronteiras mais antigas da Europa. Mas fazer a lista dos países mais antigos do mundo não é tarefa fácil. Primeiro há que começar por definir as regras. Por exemplo: podemos considerar o antigo Império Romano como um país? Podemos falar de países que já não existem? E como considerar a Grécia que, antes de ser um país, era uma região onde existiam várias cidades independentes, tal como o caso da Itália? Por isso mesmo optámos por seguir como critério principal a data de independência conjuntamente com dados recolhidos no prestigiado The World Factbook, da CIA. Mesmo assim, esta lista pode ser subjectiva e, por isso mesmo, alguns países merecem uma menção especial: Grécia, Itália e Alemanha são países recentes embora com culturas muito antigas e isto porque, antes de serem países, cada um deles era apenas um somatório de várias cidades-estado independentes. Estes são os países mais antigos do mundo.

15°. Andorra – Independência em 1278

AndorraAndorra

Andorra é um dos menores estados da Europa, e é situada entre a fronteira espanhola e francesa. A sua população total é de 85.702. Há 49% de pessoas locais, 24.6% de espanhóis, 14.3% de portugueses e 3.9% de franceses. Este país multi-cultural tem uma linguagem oficial, e é o catalão. No entanto, por causa da população mista, outras linguagens são usadas também. Teve independência em 1278.

14°. Tailândia – Independência em 1238

TailândiaTailândia

Este país tem uma população total de 68 milhões de pessoas. O tailandês é o grupo étnico que está prevalecendo neste país, com 97.5% da população. Os birmaneses são uma minoria com 1.3%. Segundo Report of World Factbook, a Tailândia tem maior taxa de mortalidade devido à SIDA, o que pode resultar mais longe em expectativa de vida menor. A população do país é em grande parte rural, e é concentrada nas áreas de cultivo de arroz das partes central, nordeste, e norte do país.

13°. Mongólia – Independência em 1206

MongóliaMongólia

De acordo com Factbook Report 2017, há em torno de 3 milhões de pessoas na Mongólia. Este país tem muitos grupos étnicos. No entanto, a maioria é Khalkh com 81.9%. Os mongóis são mais conhecidos pela história por suas conquistas. No século 13, eles esgotaram o Império Mongol pela maior parte da Eurásia. Além da Mongólia, eles também vivem como minorias em outras regiões da China e Rússia. Onde quer que estejam eles estão unidos por uma herança comum e identidade étnica. E, seus dialetos são conhecidos como sua linguagem, o mongol. E, seus antepassados são conhecidos como proto-mongóis.

12°. Portugal – Independência em 1139

filmes estrangeiros rodados em lisboaLisboa

A população total de Portugal é de mais do que 10 milhões. Eles dividem uma cultura comum portuguesa e falam o português como sua linguagem principal. A religião predominante deste país é o cristianismo, principalmente o catolicismo romano. Os portugueses foram um dos pioneiros da Era da Exploração, quando muitas terras nas Américas, África, Ásia, e Oceania são “descobertas”.

11°. Hungria – Independência em 1000

Budapeste, HungriaBudapeste, Hungria

A população total da Hungria é superior a 9 milhões. Os húngaros são também conhecidos como magyars, e eles não são apenas um grupo étnico, mas uma nação. Muitos grupos de pessoas com ascendência húngara vivem em várias partes do mundo como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, entre outros. Além disso, o povo húngaro tem vários subgrupos, segundo suas características linguísticas e culturais locais. Alguns deles são o povo Székelys, Csángós, Palóc e Jász.

10°. Áustria – Independência em 976

Hallstatt, AustriaHallstatt, Austria

A população total da Áustria é mais do que 8 milhões de pessoas. As origens da Áustria moderna remontam ao tempo da dinastia de Habsburg quando a maioria do país estava sob o Sacro Império Romano. Após o colapso dos habsburgs, Áustria usava o nome da República da Alemanha-Áustria, que foi depois proibido sob os 2 tratados, de Versailles e Saint-Germain-en-Laye. Assim, depois disso o nome mudou para Áustria.

9°. Dinamarca – Independência no século 8 (800-701)

DinamarcaDinamarca

A Dinamarca tem uma população total de 5 milhões de pessoas. O povo dinamarquês é considerado um dos mais felizes do mundo. Eles desfrutam de alto padrão de vida e valores altos em relação à educação, saúde, protecção de liberdades civis e governo democrático. Além disso, a Dinamarca é conhecida por ter a maior marca de mobilidade social no nível global.

8°. França – Independência em 846

Paris, FrançaParis, França

Dos 67 milhões de pessoas, os franceses são o maior grupo étnico neste país. Ao longo da história, o povo francês incluiu as populações de gauleses, latinos, francos, entre outros. No século 19 houve muitas migrações e o governo defendeu assimilação através da qual os imigrantes deveriam aderir aos valores franceses e normas culturais.

7º. Sérvia - Independência em 768

SérviaSérvia

A Sérvia é um caso especial nesta lista. A sua independência deu-se a partir do momento em que se formou o principado da Sérvia. No entanto, esta região esteve sempre sob a influência de diversos impérios, como por exemplo o Império Otomano. O povo Sérvio acabou por nunca perder a sua identidade apesar dos longos séculos de ocupação estrangeira muito graças à religião ortodoxa e ao alfabeto cirílico que adoptaram e que sempre os diferenciou dos invasores. A religião e o alfabeto diferentes contribuíram para uma identificação comum e para o renascimento da Sérvia enquanto nação muitos séculos mais tarde.

6º. São Marino - Independência em 301

São MarinoSão Marino

San Marino afirma ser o país mais antigo do mundo, tendo sido fundada em 3 de Setembro de 301 por Marinus de Rab. Diz a lenda que Marinus deixou Rab, então uma colónia romana, em 257, quando o futuro imperador, Diocleciano, emitiu um decreto solicitando a reconstrução dos muros da cidade de Rimini, que havia sido destruída por piratas libúrnios. Apesar de não ser muito industrializado, San Marino tem uma das maiores rendas per capita da Europa. O turismo é a principal fonte de renda do país, devido a sua proximidade com o porto de Rimini, no mar Adriático. Outras fontes de renda são os bancos, produtos electrónicos e cerâmicas. Cultivam-se vinhas e cereais e criam-se ovinos nos campos.

5º. Arménia - independência em 190 a.C

ArméniaArménia

Por volta do ano 600 a.C., o reino da Arménia estava estabelecido sob a Dinastia orôntida, a qual existiu sob diversas dinastias até ao ano de 428. O reino chegou em seu maior tamanho entre 95 e 66 a.C. no reinado de Tigranes, o Grande, tornando-se um dos mais poderosos reinos da região. Ao longo da história, o reino da Arménia gozou de períodos de independência alternados com períodos de submissão aos impérios contemporâneos. A Arménia, por sua posição estratégica, localizada entre dois continentes, foi sujeita a invasões por diversos povos, incluindo assírios, gregos, romanos, bizantinos, árabes, mongóis, persas, turcos otomanos e russos. O Reino da Arménia na sua maior extensão, sob o reinado de Tigranes, o Grande. Em 301, a Arménia tornou-se o primeiro país oficialmente cristão do mundo, tomando-o como religião oficial de Estado

4°. China – Independência em 221 a.C

ChinaChina

Neste país muito povoado, mais de um bilião de pessoas, de muitos grupos étnicos, o mais presente é Han Chinese com 91.6%. Através da história desta nação, houve muitas dinastias que foram predominantemente imperiais. Esse facto é evidente também pelo tamanho do território de hoje da China. A última dinastia governou até 1912 quando o país foi estabelecido como uma república.

3º. Irão - Independência em 550 a.C

IrãoIrão

O país é o lar de uma das civilizações mais antigas do mundo, que começa com a formação do reino de Elam em 2800 a.C. Os povos iranianos medos unificaram o país no primeiro de muitos impérios que se iriam seguir em 625 a.C., após a nação se tornar no principal poder cultural e político dominante na região. O Irão atingiu o auge de seu poder durante o Império Aqueménida, fundado por Ciro, o Grande em 550 a.C. e que, na sua maior extensão, compunha grandes porções do mundo antigo, que se estendiam do vale do Indo, no leste, à Trácia e Macedónia, na fronteira nordeste da Grécia, tornando-se num dos maiores impérios que o mundo já vira.

2°. Japão – Independência em 660 a.C

JapãoJapão

A primeira vez que o Japão foi mencionado é nos textos da história chinesa do século 1 d.C. E, além das influências de outras regiões, a China influenciou mais a formação da história japonesa. As 2 principais religiões neste país são shinto com 51.82%, e o budismo com 34.9%. O Japão é então posição líder nesta selecção, dos 10 países mais antigos do mundo.

1º. Etiópia - Independência em 980 a.C

EtiópiaEtiópia

A Etiópia é um país africano, sendo um dos mais antigos do mundo. É a segunda nação mais populosa da África e a décima maior em área. Faz fronteira com o Sudão e com o Sudão do Sul a oeste, com o Djibuti e a Eritreia ao norte, com a Somália ao leste, e o Quénia ao sul. Sua capital é a cidade de Adis Abeba. Considerando que a maioria dos Estados africanos têm muito menos de um século de idade, a Etiópia foi um país independente continuadamente desde tempos passados. Além de ser um país antigo, a Etiópia é um dos sítios de existência humana mais antigos conhecidos por cientistas de hoje em dia que estudam os traços mais antigos da humanidade; podendo potencialmente ser o lugar em que o Homo sapiens se originou.

O ESQUEMA

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 11/04/2018)

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(Ó Montenegro, assim também eu me vinha embora da Assembleia da República, abandonando o lugar de deputado da Nação. Lá pagam uns trocos em comparação com o que sacas com os teus pareceres jurídicos sobre a lógica da batata. És uma sumidade, ó Montenegro, um "catedrático" do Direito que se paga muito bem.  Para discípulo do Relvas, não estás nada mal, não senhor.

Comentário da Estátua, 11/04/2018)


Há poucos dias Luís Montenegro foi homenageado no parlamento aquando da sua última presença no hemiciclo, de onde partiu para uma carreira na advocacia. Ficou no ar que ao longo de mais de uma década o dirigente do PSD se tinha sacrificado pela democracia e que, finalmente, ia ganhar um pouco mais na sua carreira de advogado.

Se não conhecesse a podridão que vai por aí, até ficaria com pena do Montenegro, apesar de ser comum desvalorizar o trabalho dos deputados o vencimento destes políticos, mesmo acrescido de algumas alcavalas por conta de marotices como a residência ou a dedicação exclusiva, não pagam o muito trabalho de um parlamentar que seja dedicado.

Mas a verdade é que em Portugal  há um imenso esquema que os ajuda a viver muito acima da carne seca, não admirando que mal deixam cargos públicos alguns dos nossos políticos correm para escritórios de advogados. As máquinas partidárias assentam numa rede de autarcas cuja ascensão aos cargos depende dos figurões nacionais, por sua vez o poder destes depende dos senhores da guerra regionais que os apoiam. É por isso que há muitas figuras partidárias que têm lugar nos conselhos nacionais ou que aparecem com frequência nas televisões, apoiam líderes ou candidatos a líderes, marcam presença nos congressos, mas nunca se candidatam à liderança.

Muitos destes dirigentes querem marcar presença para terem poder no imenso tráfico de influência que existem dentro dos partidos na hora de escolher candidatos a deputados ou a autarcas. Todos os senhores da capital contam com apoiantes a nível local e regional, por sua vez  os senhores locais contam sempre com um padrinho na capital. Tudo isto se paga, os autarcas asseguram o apoio do partido às suas candidaturas, os senhores de Lisboa recebem centenas de milhares de euros em avenças pagas pelas autarquias, em regra a escritórios de advogados.

É por isso que há pequenos concelhos que pagam tantas centenas de milhares de euros a escritórios de advogados que mais parecem pequenos ministérios da justiça. A melhor forma de dar centenas de milhares de euros a alguém sem ter de prestar contas é com uma avença a um escritório de advogados, não há como questionar a escolha do escritório ou como questionar o serviço prestado, já que uma consultoria jurídica pode traduzir-se em meros esclarecimentos telefónicos.

O último deputado a ser notícia foi Montenegro, Em quatro anos o seu escritório assinou quatro contratos de ajuste direto com a câmara municipal de Vagos, presidida pelo PSD, a troco de 400.000 euros (Ver notícia aqui). Que grandes problemas jurídicos terá o município de Vagos, com pouco mais de 20.000 habitantes, para em quatro anos gastar 400.000 euros com o escritório de advogados de Luís Montenegro?

Em Portugal há 308 concelhos, é só fazer as contas. É uma questão de identificar as personagens dos partidos, deputados, comentadores televisivos, dirigentes nacionais ou “senadores”, com posições em escritórios de advogados e procurar pelos pagamentos das autarquias aos seus escritórios de advogados. Ficamos a saber que os contribuintes gastam muito mais com estes senhores do que com os vencimentos dos deputados ou dos membros do governo.


Fonte aqui

O governo de Israel insulta a história dos judeus

por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 11/04/2018)

Daniel

Daniel Oliveira

Desde 30 de março que os palestinianos de Gaza celebram, com protestos, o Dia da Terra Palestiniana. Fazem-no junto a uma fronteira encerrada por um muro há décadas e que transforma aqueles 360 quilómetros quadrados com mais de dois milhões de humanos num enorme gueto. Podem ficar, pela sonoridade histórica que a palavra carrega, chocados. Mas a sonoridade histórica é absolutamente legítima. Há tantos elementos comuns, desde os raids punitivos ao confinamento étnico, passando pela arbitrariedade e desumanização do outro, que o paralelo é inevitável. A repressão israelita, em terra que juridicamente não é sua, já se saldou, em apenas uma semana, na morte de dezenas de palestinianos (não arrisco fixar um número aqui porque está sempre a aumentar).

A ordem do governo para as Forças Armadas israelitas é clara: abater qualquer manifestante que se aproxime da vedação fronteiriça. Há apelos de organizações israelitas para que os soldados se recusem a disparar munições reais contra manifestantes. Para que recusem ser, em vez de soldados, homicidas. Mas Avigdor Lieberman, ministro da Defesa e líder da extrema-direita xenófoba israelita, já avisou que a matança de quem se aproxime da fronteira é para continuar. Porque para uma parte das lideranças israelitas os árabes são uma subespécie a quem não faz sentido conferir qualquer tipo de humanidade.

Mas não é apenas na desumanização do outro e na criação de espaços confinados para tornar a repressão coletiva de todo um povo mais eficaz que o governo israelita vai buscar reminiscências do passado. Pela sua proximidade, Israel tem sido, como muitos países europeus, destino de milhares de refugiados em fuga dos conflitos no Darfur, Sudão do Sul e Eritreia. Cerca de 40 mil pessoas conseguiram atravessar o deserto do Sinai cruzando a fronteira entre o Egito e Israel. Todos os que passam esta fronteira são capturados e internados em campos de detenção no deserto onde ficam cerca de um ano, acusados de entrada ilegal. Desde 2012 que Israel construiu um muro entre Israel e o Egito semelhante ao desejado por Trump. Como recorda Patrícia Fonseca, num bom texto publicado na Visão, este é o mesmo deserto que Moisés terá atravessado, conduzindo os judeus que fugiam da escravidão. A história está mesmo cheia de ironias.

Como a maioria dos “infiltrados” – são assim chamados os imigrantes não-judeus – são cristãos em fuga do fundamentalismo islamista, o seu estatuto de refugiado é recusado. Para ser refugiado em Israel é preciso ter a religião certa, mesmo que tal restrição viole as normas internacionais. Nos últimos dez anos foi concedido asilo a dez refugiados. É a taxa mais baixa do mundo. E a forma para lidar com o problema foi explicada por Eli Yishai, ministro do Interior e líder do um partido ultraortodoxo, em 2012: “Até conseguir ter a possibilidade de os deportar, vou prendê-los e tornar as suas vidas miseráveis”. Só depois de enorme pressão internacional e de grandes manifestações em Telavive é que Netanyahu recuou e aceitou, pela primeira vez na história de Israel, a integração de imigrantes não-judeus. Mas este acordo com a ONU, que partilhava o esforço com outros países, durou 24 horas. Perante a pressão da extrema-direita de que depende, Netanyahu acabou por recuar. “Hoje são 60 mil, amanhã já tiveram filhos e netos e são 600 mil", disse o primeiro-ministro, temendo a “absorção” da cultura israelita. Tem ou não tem uma sonoridade familiar?

Cada vez que alguém critica as políticas do Estado de Israel é imediatamente acusado de antissemitismo. O insulto não é mais do que uma chantagem. Uma exigência de um cheque em branco. Uma suspeita que nos pretende fazer a todos de reféns, tornando Israel no único Estado inimputável no mundo. Eu, descendente próximo de judeus, que não faço concessões a qualquer tipo de discurso antissemita, tenho sobre muitos dos que usam a acusação de antissemitismo para criminalizar qualquer critica ao governo de Israel uma vantagem: a coerência. Não escrevo nem digo sobre os judeus o que não escrevo e não digo sobre os cristãos ou os muçulmanos. Poderei ser cáustico com a Igreja Católica, atacar as ditaduras laicas ou as teocracias muçulmanas e ser crítico em relação ao Estado israelita. Nunca confundo isso com generalizações sobre qualquer religião ou povo. Ao contrário de todos os que se lembram do martírio do povo judeu mas ignoram, no seu racismo seletivo, o que aconteceu aos ciganos no Holocausto ou repetem sobre os muçulmanos o mesmo tipo de generalizações que fizeram crescer o antissemitismo na Europa. Não sendo seletivo, tenho sobre os que usam os judeus como instrumento de outros racismos a vantagem de nada ter de lhes responder. São os islamofóbicos e os racistas de todo o tipo que se aproximam da semente que alimentou o antissemitismo, não são aqueles que recusam todas as formas de discriminação e ódio religioso ou racial. Eu não escolho povos para amar e odiar.

As críticas que faço aos governos do Estado de Israel não nascem de ideias feitas. Estive várias vezes em Israel, na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e em vários campos de refugiados palestinianos nos países vizinhos. Sei da revolta que nos toma as entranhas. E sei das contradições de tudo o que ali se vê. Como a sociedade israelita guarda ainda um pouco, cada vez menos, do espírito comunitarista que fez nascer aquela nação. De como a corrupção corroeu as entranhas da sociedade palestiniana. E de como uma e outra estão doentes de tanta dor e guerra. Não reduzo, essa é a base do sentimento antirracista, este conflito a um combate entre o bem e o mal, entre agressores naturais e vítimas naturais. Mas isso não me impede de distinguir o certo do errado. E saber que ali, agora, há décadas, há um ocupante e um ocupado, um prisioneiro e um carrasco. E que Israel já não é a casa segura que prometeu ser, é um campo de exclusão, onde os kibutzim deram lugar aos colonatos, o sionismo progressista deu lugar à xenofobia mais descarada, os democratas deram lugar aos militares, os laicos deram lugar aos fanáticos religiosos. Israel está doente, profundamente doente.

É impossível lembrar Aristides de Sousa Mendes e associa-lo a um ministro que diz que vai prender o refugiados cristãos em fuga do terror islamista e tornar as suas vidas tão infernais que acabarão por querer ir embora. É impossível associar os resistentes judeus contra o antissemetismo dos anos 30 àqueles que penduram panos na marginal de Telavive onde se lê “africanos, voltem para a vossa terra" e a um primeiro-ministro que avisa para os riscos da absorção por outras culturas se continuarem a deixar entrar cristãos africanos no país.

É impossível associar o sonho sionista a um Estado que aceita qualquer judeu mas fecha a porta a quem foge do terror e da morte se tiver outra religião. É impossível associar o ministro Lieberman, que manda os soldados israelitas atirar a matar sobre qualquer palestiniano de Gaza que se aproxime da fronteira israelita com os que, no gueto de Varsóvia, se ergueram numa luta heróica e suicida pela sua dignidade.

É impossível associar a luta de milhões de judeus contra a discriminação aos líderes políticos que construíram o gueto de Gaza e repetem as mestas tácticas do passado para manter a ordem e assim garantirem o “seu espaço vital”. E é difícil compreender um Estado judeu que ergue um muro no Sinai para impedir a passagem de quem foge do Egito e procura a salvação na Terra Santa.

A banalidade do mal não escolhe raças, povos ou religiões. Basta a impunidade estar assegurada, a máquina de terror estar montada e a desumanização do outro ser assimilada por todos para tudo ser possível. E é por isso que, apesar de toda a chantagem retórica, são os que apoiam o governo criminoso de Israel que mais se aproximam da cultura antissemita do passado e do presente. Os herdeiros dos que resistiram são os que repetem o óbvio: as vítimas e os carrascos não têm cor, religião ou nacionalidade predeterminada. Resultam uns e outros do espaço que tenha sido dado à arbitrariedade. E honrar a memória do sonho sionista, honrar a memória do martírio do povo judeu, é honrar os princípios que nos levam a reconhecer um criminoso quando ele está à nossa frente, sejam quais forem os credos dos assassinos e das vítimas. Não é ser cristão, muçulmano ou judeu que faz de alguém vítima ou agressor. É, através dos seus atos e das suas penas, ser vítima ou agressor.

Governo congratula-se por baixa de preço da luz e do défice tarifário

O Governo congratulou-se hoje por ter conseguido baixar em 2018 o preço da eletricidade pela primeira vez em 18 anos e também por ter reduzido em 1,4 mil milhões de euros a dívida às empresas do setor elétrico.

Governo congratula-se por baixa de preço da luz e do défice tarifário

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Notícias ao Minuto

HÁ 1 HORA POR LUSA

"Este ano baixámos pela primeira vez ao fim de 18 anos o preço da eletricidade em Portugal e conseguimos reduzir a dívida tarifária" em 1,4 mil milhões de euros, disse hoje, em Madrid, o secretário de Estado da Energia à agência Lusa.

Jorge Seguro Sanches acrescentou que o Governo está "muito satisfeito" por estar a dar "sustentabilidade ao sistema".

Segundo o secretário de Estado, quando o executivo iniciou funções, a "dívida tarifária, aquilo que o Governo devia às empresas, estava avaliado pelo regulador em mais de cinco mil milhões de euros" e o que está "projetado para 2018 é pouco acima de 3,6 mil milhões de euros".

Jorge Seguro Sanches explicou que a redução foi conseguida "graças a uma política rigorosa" de controlo de custos implementada pelo Governo e executada, no que respeita à tarifa, pelo regulador.

"Conseguimos reduzir 1,4 mil milhões de euros durante este período [2015 a 2018], o que significa que devemos menos, temos de fazer menos amortizações e pagar menos juros", resumiu o secretário de Estado da Energia, acrescentando que a taxa de juro da dívida tarifária baixou de "mais de 6% em 2012" para os atuais 1,49%.

A agência de classificação de risco de crédito Moody's divulgou que prevê que o défice tarifário da eletricidade em Portugal deverá diminuir este ano para 2,0% do Produto Interno Bruto (PIB), face aos 2,5% de 2017, beneficiando das melhores condições macroeconómicas e da descida da dívida acumulada.

A empresa estima que em Portugal e Espanha o rácio da dívida tarifária da eletricidade sobre as receitas anuais do mercado regulado continue a diminuir, situando-se nos 95-105% no final de 2018, na sequência da descida da dívida para "níveis sustentáveis".

Contudo, refere, esta desalavancagem será feita em Portugal "a um ritmo mais elevado" do que em Espanha, onde o peso do défice tarifário elétrico no PIB deverá recuar dos 1,9% de 2017 para 1,6% este ano.

"Aquilo que não consegui entender quando iniciei funções é ter encontrado a dívida tarifária mais alta da Europa em termos 'per capita' e o preço da eletricidade mais caro em termos de paridade de poder de compra da Europa", disse Jorge Seguro Sanches.

O secretário de Estado da Energia admitiu que o Governo "tem exigido muito às empresas", mas considerou que as "empresas também percebem" que, se o sistema for "mais sustentado" do ponto de vista financeiro, "também vai ser bom para elas, porque as regras serão mais claras e haverá mais concorrência", o que é bom para todos.