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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Trigésimo aniversário da morte de Samora Machel

PORQUÊ TANTA CONSIDERACAO PELO SAMORA MACHEL E MARCELINO DOS SANTOS (Os Traidores)?

Até quando é que a Oposição à Frelimo vai esquecer os seus Heróis?

Uria Simango foi um membro fundador da FRELIMO, com estatuto de Vice-Presidente desde a sua formação até a data do assassinato do seu primeiro líder, Eduardo Mondlane, em Fevereiro de 1969. Simango sucedeu a Mondlane na liderança da FRELIMO mas, na luta pelo poder após a morte de Mondlane, a sua presidência foi contestada. Em Abril de 1969, a sua liderança foi substituída pelo triunvirato composto pelos marxistas de linha dura Samora Machel e Marcelino dos Santos assim como Simango. Nos finais da década de 1960, a FRELIMO foi afectada por lutas internas fratricidas com vários membros a morrerem por causas não naturais.

O triunvirato não durou;  Uria Simango foi expulso do Comité Central em 1969, e Samora Machel e Marcelino dos Santos acabaram por assumir o controlo total da FRELIMO. Em Abril de 1970, Simango fugiu para o Egipto onde, juntamente com outros dissidentes tais como Paulo Gumane (Vice-Secretário Geral fundador da FRELIMO), se tornou líder do Comité Revolucionário de Moçambique (COREMO), um outro pequeno movimento de libertação.

Depois da Revolução dos Cravos em Portugal em 1974, Simango retornou a Moçambique e criou um novo partido político o "Partido da Coligação Nacional" (PCN) na esperança de disputar eleições com a FRELIMO. Com ele juntaram-se ao PCN várias outras figuras proeminentes do movimento de libertação e dos dissidentes da FRELIMO: Paulo Gumane e Adelino Gwambe (também membro fundador da FRELIMO), o Padre Mateus Gwengere e Joana Simeão.

A FRELIMO recusou eleições multipartidárias. O governo português pós-1974 entregou o poder exclusivamente à FRELIMO, e Moçambique tornou-se independente em 25 de Junho de 1975. Samora Machel e Marcelino dos Santos assumiram os cargos de Presidente e Vice-Presidente respectivamente. Graça Machel foi nomeada Ministra da Educação e Joaquim Chissano Ministro dos Negócios Estrangeiros. Uria Simango foi preso e forçado a fazer uma confissão pública de 20 páginas em 12 de Maio de 1975 no Centro de Reabilitação e Reeducação de Nachingwea, onde se retractava e solicitava reeducação. A sua confissão forçada pode ser ouvida em linha. Simango e os restantes líderes do PCN nunca mais foram libertados. Simango, Gumane, Simeão, Gwambe, Gwengere e outros foram secretamente liquidados numa data indeterminada entre 1977-1980. Nem o lugar onde foram executados, nem a maneira como a execução ocorreu foram até hoje divulgados pelas autoridades. A esposa de Simango, Celina Simango, foi separadamente executada algum tempo depois de 1981, e não há registo público de detalhes ou da data da sua morte.

Nota: Uria Simango, Padre Mateus Gwengere, Drª. Joana Sineão, Paulo Gumane, Júlio Razão, Lázaro Kavandame e outros foram transportados do Campo de Extermínio Metelela, com a indicação de que iriam para Lichinga (Vila Cabral), para, daí seguirem para Maputo (Lourenço Marques), a fim de que os seus processos fossem examinados e proceder-se à sua libertação. Quando as viaturas que os transportavam chegaram à terceira ponte da picada que ligava Metelela (Nova Viseu), pararam ao lado de uma vala, com o fundo cheio de lenha seca, os prisioneiros foram obrigados a descer das viaturas e empurrados para a vala e regados com combustível ao qual foi deitado fogo. Morreram queimados vivos, por ordem da Frelimo de Samora Machel, Marcelino dos Santos, Joaquim Chissano, Sérgio Vieira, Armando Guebuza e outros, ao som de cânticos “revolucionários” dos guerrilheiros da Frelimo.

O local destas execuções está devidamente identificado e deveria ser um lugar "sagrado" para todos os opositores da Frelimo.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Hillary considera Guterres defensor dos Direitos Humanos e dos mais vulneráveis

A candidata presidencial democrata norte-americana, Hillary Clinton, considerou esta quinta-feira que António Guterres "provou ao longo da sua carreira ser um defensor dos Direitos Humanos e um representante dos mais vulneráveis."
"Enquanto Alto-comissário para os Refugiados, deu ajuda e esperança a milhões de homens, mulheres e crianças que foram forçadas a fugir das suas casas. E é um construtor de consensos que consegue unir as pessoas para avançar interesses comuns e enfrentar desafios comuns", acrescentou Clinton.

Hillary Clinton elogia António Guterres

A democrata, que é a primeira mulher nomeada por um dos dois grandes partidos à presidência e pode tornar-se a 8 de novembro a primeira mulher Presidente dos EUA, salientou ainda a promessa de paridade feita pelo designado secretário-geral das Nações Unidas.
"Fiquei sensibilizada por Guterres indicar a igualdade de género como uma prioridade principal nas nomeações para cargos seniores. Encorajo fortemente esforços para aumentar a diversidade na liderança da ONU", disse.
No primeiro discurso na Assembleia-geral da ONU, após aclamação como 9.º secretário-geral das Nações Unidas, que iniciará funções em 1 de janeiro de 2017, António Guterres repetiu as duas palavras que resumem o que sentiu quando soube da decisão tomada pelo Conselho de Segurança de o indicar para liderar a organização internacional: "gratidão e humildade".
Mas agora juntou-lhe "um profundo sentido de responsabilidade", garantindo que não terá todas as respostas, nem imporá opiniões.
"Se for eleita Presidente dos EUA, espero ansiosamente trabalhar com Guterres e todos os nossos parceiros para moldar um futuro mais pacifico e próspero para cada cidadão do mundo", concluiu Hillary Clinton.

Fonte: MSN

Ovar, 14 de Outubro de 2016
Álvaro Teixeira








quinta-feira, 13 de outubro de 2016

António Guterres, o senhor do Mundo

Hoje é um dia de glória para Portugal e para o Mundo.
António Guterres foi aclamado, por unanimidade, o próximo Secretário-Geral das Nações Unidas.

António Guterres - Secretário Geral da ONU

Se, para Portugal, terá sido o maior acontecimento desde a História dos Descobrimentos, para o Mundo foi a eleição de uma pessoa de uma competência extraordinária e que, com o seu conhecimento e experiência, irá colocar a ONU no seu devido lugar e exercer as competências que presidiram à sua fundação.
A tarefa é muito difícil. O Mundo está em guerra, embora não declarada, mas, se as coisas não se resolverem em tempo útil, teremos uma nova III Guerra Mundial.
O Médio Oriente está em brasa e as armas nucleares já lá estão prontas a a serem lançadas. A Rússia não se entende com os Estados Unidos da América e vice-versa. Os pequenos ditadores vão dando as suas ordens e a Arábia Saudita, fomentadora do fundamentalismo islâmico, vai apoiando os combatentes anti-xiitas e, nomeadamente, destroçando o Iémen, mas, como bons clientes do armamento americano, vão continuando com as suas ações, sem ser molestada.
O que se está a passar na Síria é terrível, mas, se as grandes potências não se entenderem quanto às soluções, não imagino o que será o nosso próximo futuro.
Acredito que o eng. António Guterres será o homem indicado para construir pontes e consensos que evitem uma catástrofe.
Desejo ao eng. António Guterres um excelente mandato e tenho a certeza de que ele irá conseguir ser um grande Secretário-Geral da ONU.

Ovar, 13 de Outubro de 2016
Álvaro Teixeira

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

António Guterres confirmado, por aclamação, pelo Conselho de Segurança, Secretário-Geral da ONU





Ontem, dia 5 de outubro, para mim, foi tal a emoção que não consegui escrever nada sobre a eleição do Eng. António Guterres para Secretário-Geral da ONU.
Tive a honra de o conhecer, era ainda ele, deputado do Partido Socialista. Melhor ainda, um dos mais brilhantes deputados do Partido.
Mais tarde vim a encontrar-me com ele, já como Secretário-Geral do PS, em 1994, em Ovar.
Foi este encontro que mais me marcou e nunca deixarei de recordar, como passo a descrever:
Nesse ano, o dr. Armando França, já presidente da Câmara Municipal de Ovar, convidou o eng. António Guterres, para assistir ao nosso Carnaval, cujo ponto alto era, na altura, o desfile na Av. Ferreira de Castro.
Eu, por convite do sr. Presidente a Câmara, estava na bancada “presidencial” e, entre mim o dr. Armando França, estavam dois lugares vazios, mas reservados. Passado pouco tempo esses lugares eram ocupados, para meu espanto, pelo eng. António Guterres  e pela sua esposa, drª. Luísa.
Estávamos ali a assistir ao desfile, quando, a determinada altura, o eng. António Guterres me pediu para levar a esposa ao carro dele, que estava estacionado ao lado do edifício da Câmara. Passamos pela “TOCA”, onde tomámos uma água, mas sabia que tinha que me apressar, porque fiquei a saber que a drª. Luísa sofria de cancro.
O Carnaval, para mim, tinha acabado. Fiz companhia à senhora, dentro do Volvo azul escuro, até o marido chegar. Quando o eng. António Guterres chegou, dei-lhe conta da forma como a esposa passou aquele tempo, trocamos um forte abraço à despedida.

Achei que deveria partilhar este episódio com os meu leitores, porque foi algo que me marcou.

Ovar, 6 de Outubro 2016
Álvaro Teixeira



terça-feira, 4 de outubro de 2016

O teste da votação na ONU. Quando o mundo está em retrocesso

opinião de

Francisco Sena Santos

Francisco Sena Santos

O poder de figuras como o Papa ou o Secretário-geral da ONU assenta no crédito de carisma e qualidade humana da figura que exerce o cargo, que por sua vez determina o grau da influência da sua palavra. O Papa Francisco surgiu, com reconhecimento quase global, numa ocasião em que se tornou precioso aparecer alguém com este empenho pela tolerância e pela construção de pontes. Tornou-se a mais respeitada referência, pelo menos no mundo ocidental. A escolha de António Guterres para liderar as Nações Unidas, por coincidentes traços do perfil humanista e de grande abertura ao diálogo com todos, se for confirmada, é um estimulante sinal de esperança.

Pelo contrário, a opção por Kristalina Georgieva, se vier a impor-se, traduz aquilo que tem gerado desapego geral pela prática dos líderes políticos: é o triunfo do arranjismo político combinado atrás da cortina, planeado para colocar no topo alguém fiel na família política, desprezando o notável transparente processo de escolha desenvolvido na ONU ao longo de seis meses. Haja esperança de que a grandeza leve a melhor.

A Rússia, ao alinhar na manobra a favor da candidata de última hora, vai vetar, e portanto excluir imediatamente, Guterres? É uma opção decisiva. É de esperar que França e Reino Unido, os outros países europeus com poder de veto, recusem subverter as linhas de meio ano de audições e votações de seleção. É um teste nesta votação. Mas parece evidente que há uma máquina poderosa, liderada pela Alemanha à cabeça do PPE, a puxar por Georgieva. Talvez a boa opção fosse a de o Conselho de Segurança transferir a escolha final para os 193 estados-membros com assento na Assembleia Geral. É no entanto improvável que os P5 (os cinco países com poder de veto na ONU, os já referidos mais os Estados Unidos e a China) abdiquem do trunfo de que dispõem. Assim estejam dispostos a agir – passando por cima de preferências patrióticas - com sentido do interesse global e não do particular. Sendo que a Europa, lastimavelmente, já se mostrou desunida ao não ter sido capaz de fazer uma escolha de todo o seu conjunto de países e ao admitir que dentro da União haja várias uniões, como fica evidente quando se fala na vez para uma candidata da Europa de Leste. Vivemos tempos em que quase tudo parece nivelado pelo mais baixo. Três acontecimentos dos últimos dias ilustram a escorregadela para o pior: o referendo colombiano que surpreendeu com um não ao acordo de paz; o referendo húngaro que mostrou quase unanimidade, embora sem quórum, pela linha dura do nacionalismo-conservador; o discurso do presidente das Filipinas, país com 100 milhões de pessoas, em que o grosseiro Duterte tem o desplante de se comparar com Hitler, agora para exterminar os toxicodependentes.

Na Colômbia, após meio século de uma guerra que matou 250 mil pessoas e fez deslocar seis milhões, esperava-se que o primeiro domingo deste outubro fosse um dia histórico com, conforme as previsões, pelo menos dois de cada três colombianos a votar pela paz negociada nos últimos quatro anos. Aconteceu a surpresa: os colombianos recusaram o acordo de reconciliação, embora por escassa margem de 61 mil votos entre os 13 milhões que entraram nas urnas.

O governo e a ex-guerrilha prometeram imediatamente continuar a lutar em diálogo pela paz. Mas as décadas de desconfianças, medo e revolta deixaram feridas que a esperança prometida nos últimos tempos não deixou fechar. O resultado do referendo mostra que metade da população colombiana não aceita que os guerrilheiros beneficiem de uma espécie de amnistia que lhes permite a integração na vida social e política do país sem passarem pela prisão pelos crimes de sangue cometidos. Muita gente teme que os líderes das FARC continuem a ser financiados pelo que é conhecido como cartel de narcotráfico de Medellin. Também terá contado muito o voto ideológico, com o apelo do ex-presidente Álvaro Uribe, um radical de direita com aspirações a condicionar as presidenciais de 2018, que fez campanha contra o acordo com gente que define “terrorista, usurpadora e assassina”. Para Uribe a única paz aceitável é a rendição das FARC com bandeira branca. Ele rejeita a integração política da gente das FARC e amedrontou os colombianos com uma ativa campanha em que alertava para entrega do país aos comunistas, seguindo-se expropriações e até fuzilamentos.

Há muitos medos em questão: há quem nas cidades tema a chegada dos guerrilheiros vindos da floresta e há os guerrilheiros que temem ser perseguidos para vinganças pelos esquadrões da morte e por vários gangues. O medo prevaleceu, o acordo caiu e a incerteza está instalada na renegociação muito complexa porque ninguém vai querer renunciar ao que já conseguiu inscrever no acordo – embora resista a esperança de que a Colômbia siga o seu caminho sem disparos de armas de guerra. A questão é: como conseguir a reconciliação entre todos, como conquistar o perdão após tanta dor e tanta perda? Mas a convivência em paz é uma ambição que vale todos os esforços. Esta paz colombiana estava na primeira linha para Nobel da Paz, ao lado do Papa e da população das ilhas gregas que acolhe os refugiados. Até ao domingo passado.

A Hungria é outra história de instrumentalização de medos, explorando o contexto dos refugiados. O primeiro-ministro Orban, muito eurocético, muito conservador e aspirante a líder da linha mais dura da direita nacionalista europeia, tentou usar o referendo para poder exibir peso político. Fez campanha radical, metendo no mesmo pacote refugiados e terroristas. Usou imagens dos atentados em Paris e Bruxelas para explorar essa assimilação estampada em inúmeros outdoors e em brochuras enviadas por correio para casa dos cidadãos. A retórica anti-estrangeiros, com linguagem agressiva, exageros e mentiras alimenta há muitos meses os medos e a xenofobia. Tudo é rematado com apelos à defesa da pátria húngara.

Assim, nem espanta que no referendo convocado por Orban tenha havido a quase unanimidade (98%) dos votantes contra a obrigação de acolhimento de refugiados. O chefe do governo de Budapeste contava usar a força destes números para dar mais peso à sua voz na União Europeia. Mais do que a questão dos refugiados, o que Orban pretendia era legitimar o desvio autoritário do seu sistema político. Mas fracassa nesta cruzada porque há outra verdade nos números: mais de 60% da população húngara com direito a voto não participou neste referendo, não houve quórum, o resultado não conta. A consulta de Orban fica assim com um valor político que acaba por se voltar contra ele. Mas persiste a questão da mal e rapidamente negociado alargamento da União Europeia a países do ex-bloco comunista no Leste da Europa: usufruem dos fundos da coesão mas recusam a solidariedade que é fundamento da União. Não é legítimo que possam colher os benefícios e escaparem às responsabilidades.

Nas Filipinas, o novo terror chama-se Duterte. Ele é presidente do país, eleito há três meses com 16 milhões de votos. Nos primeiros três meses de presidência 3600 pessoas foram mortas – média de 40 por dia - nas operações de esquadrões da morte, alimentados por polícias, contra pessoas que são suspeitas de venda ou consumo de drogas. A Comissão de Direitos Humanos da ONU levantou a voz para condenar esta violência sem sentido. Duterte, que gosta de se apresentar como “o castigador”, respondeu com a ameaça de retirar as Filipinas da ONU.

O mundo está em retrocesso, perigoso, nos níveis de liberdade, integração e abertura cultural e política. A eleição de António Guterres para secretário-geral da ONU, se acontecer, não traz a promessa de milagres mas é um sinal positivo de crédito ao mérito para a construção de pontes para mais amplos diálogos. Se a escolhida for Kristalina, não estando em causa as suas competências, fica a sombra de um processo manipulado que quebra a prometida transparência na seleção.

 

De: Sapo24

 

Ovar, 4 de Outubro de 2016

Álvaro Teixeira