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terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

A culpa é do Marcelo

 

(In Blog O Jumento, 20/02/2017)
Afinal o diabo era....
Afinal o diabo era….
o Marcelo!!
o Marcelo!!
Afinal o diabo era... o Marcelo!!

Durante quase um ano Passos Coelho representou a sua pantomina do primeiro-ministro no exílio, limitou o grupo parlamentar a serviços mínimos e andou por aí fazendo encenações para o telejornal e jantares de lombo assado. Passos não precisava de se preocupar com as sondagens, o OE para 2016 era para ignorar e o de 2017 foi pelo mesmo caminho; ele sabia que o poder voltava a ser-lhe servido numa bandeja.
Afinal de contas, se o diabo vinha em Setembro, não havia motivo para se preocupar com o desempenho orçamental, o crescimento não haveria de ser grande coisa, mais tarde ou mais cedo o país voltaria a afogar-se nos juros.
Passos sabia muito bem que em 2015 tinha disfarçado a austeridade aldrabando as receitas fiscais, antecipou as receitas do IRS com as retenções abusivas na fonte e deixou os reembolsos do IVA para 2016. O buraco estava cavado, era uma questão de tempo para que Centeno caísse nele.
O diabo já tinha viagem marcada, setembro seria o mês  do próximo armagedão financeiro do país. Mas o diabo não veio, Portugal apresentou o défice mais baixo da democracia e o reequilíbrio não resultou em recessão, antes pelo contrário. As coisas correram mal demais, o défice foi muito menos do que o previsto, o crescimento superior às expectativas, o desemprego está em queda, o país é elogiado e, para já, 2017 está a correr bem. O mesmo Passos que dizia, com ar condescendente, que a legislatura era para ir até ao fim já deixou de o ser. Com o PSD descer nas sondagens e sem a ajuda do diabo é preciso fazer algo.
Passos percebeu que por este andar está perdido e com ele toda a direita; até os sectores mais moderado do PSD deixaram de ser tolerantes e responderam ao toque de reunir do presidente do partido. E tal como fazem os treinadores de futebol Passos Coelho, José Eduardo Martins e outros atacam o árbitro, esperam que Marcelo comece a mostrar amarelos e vermelhos ao governo.
O diabo não pareceu, os Reis Magos não trouxeram a prendinha que Passos esperava e há um único culpado para o falhanço da sua estratégia, Marcelo Rebelo de Sousa. Até Cavaco, que está convencido de que é um mestre em vitórias eleitorais, veio dar uma ajudinha; escreveu mais uma página miserável da sua obra política, e agendou a publicação para a época de balanço do ano de 2016. Estava tão convencido da desgraça que até escreveu que não conhecia nenhum governo do tipo geringonça que tivesse trazido progresso. Também ele achou que devia pressionar Marcelo. Enfim, coube a Cavaco o papel de cereja neste bolo.
Passos Coelho esperava e desejava o diabo, agora manda dizer que o diabo é o Marcelo, alguém tem que levar com as responsabilidades dos seus falhanços.


Ovar, 21 de Fevereiro de 2017
Álvaro Teixeira


"Tentar apear Mário Centeno é uma jogada política"

Miguel Sousa Tavares abordou, no seu comentário semanal no ‘Jornal da Noite’ na SIC, a polémica que envolve Mário Centeno, António Domingues e a Caixa Geral de Depósitos.

 
O PSD e o CDS-PP já anunciaram que vão pedir a constituição de uma comissão de inquérito relativamente à Caixa Geral de Depósitos (CGD) e àquele que foi o acordo estabelecido entre o ministro das Finanças e o agora ex-administrador do banco público.
Para Miguel Sousa Tavares é “extraordinário que três dias depois” de os dois partidos da oposição terem anunciado a sua intenção “ainda estejam a definir o objeto da comissão”.
Mas quanto a isto, o comentador é perentório, assegurando que o “objeto é só um que é o de saber se Mário Centeno mentiu ou não”. Porém, como “isso não se pode escrever preto no branco, andam à procura de um objeto e de testemunhas para conseguir algo que soe mais plausível”.
Quanto à inquirição do primeiro-ministro em sede de comissão de inquérito, Sousa Tavares diz que “o mais provável é ele recusar comparecer” e lembra que nem a Constituição da República, nem o Código Penal foram revistos, razão pela qual diz “não perceber com que autoridade os deputados vão pedir acesso às SMS” trocadas entre o ministro das Finanças e António Domingues, pois o direito à privacidade da correspondência continua a existir.
Nesta senda, o comentador atira farpas ao PSD e ao CDS: “Se eles fossem Governo e confrontados com a situação dramática em que deixaram a Caixa e fossem escolher um administrador que achavam ser topo de gama iriam aceitar estas condições? Essa é que é a questão de fundo”.
Ainda sobre Mário Centeno, Sousa Tavares lembra que é o “primeiro ministro das Finanças a conseguir o défice mais baixo em 42 anos de democracia”, razão pela qual considera que “tentar apeá-lo agora é uma jogada política”.
 
Ovar, 21 de fevereiro de 2017
Álvaro Teixeira

Novas leis de imigração de Trump vão deportar mais do que nunca 1/15

© Reuters Yuri Gripas

O Departamento de Segurança Interna norte-americano divulgou esta terça-feira as novas normas de imigração que deverão pautar a administração de Donald Trump. As autoridades explicaram que o objetivo não é produzir deportações em massa, mas sim tomar medidas mais fortes em relação à imigração ilegal, e que muitas das medidas precisam de tempo para serem implementadas.
Com este plano, o número de imigrantes ilegais deportados vai aumentar, segundo a Reuters, que cita funcionários da Segurança Interna, e os migrantes não mexicanos que atravessaram a fronteira ilegalmente poderão ser enviados de volta para o México.
O memorando assinado pelo secretário de Segurança Interna John Kelly é a materialização dos decretos presidenciais de Trump assinados a 25 de janeiro sobre a imigração e o controlo das fronteiras. Trump prometeu divulgar até ao final desta semana o decreto de imigração que irá substituir o que impedia a entrada no país de pessoas com origem em sete países muçulmanos que está atualmente suspenso por decisão judicial.
No novo plano, explicaram os funcionário da Segurança Interna, apesar de todos os imigrantes ilegais poderem ser deportados, a agência vai priorizar a deportação dos indocumentados que representam uma ameaça. Nesta categoria estão incluídos os imigrantes ilegais que foram condenados por algum crime, os que foram acusados de um crime mas ainda não foram a julgamento e os que entraram no país recentemente.
A agência entende o termo "recentemente" como referindo-se aos imigrantes que não consigam provar que estão nos Estados Unidos há mais de dois anos. Anteriormente esta deportação prioritária apenas era aplicada aos imigrantes encontrados perto da fronteira mexicana que estavam no país há menos de 14 dias.
Os serviços de imigração norte-americanos vão poder ainda deter os migrantes que aguardam uma decisão judicial sobre se são deportados ou recebem asilo, mas ainda é necessário rever a legislação para perceber o tempo máximo que um imigrante pode ficar preso, afirmaram as fontes à Reuters.
Os imigrantes que entraram ilegalmente nos Estados Unidos em criança, conhecidos como "dreamers", vão poder manter a proteção de que gozam nos últimos anos. A deportação dos "dreamers" proposta no decreto inicial de Trump foi um dos pontos que mais controvérsia causou.
Estas medidas dependem da aprovação do congresso e outras autoridades norte-americanas e de conversações com outros países, como o México.
O plano pretende, por exemplo, que o número de imigrantes que é deportado antes de ser ouvido pelos serviços de Fronteiras e alfandegas dos Estados Unidos aumente, mas esta medida não pode ser implementada antes de ser publicada no jornal Federal Register.
 
Ovar, 21 de fevereiro de 2017
Álvaro Teixeira

Uma economia em aceleração

 

(João Galamba, in Expresso Diário, 20/02/2017)
galamba
Mais uma dor de cabeça para Passos Coelho. O raio do diabo parece que ensandeceu de vez. Só dá boas notícias ao governo e enxaquecas à oposição tremendista e amante do apocalipse. Caro Coelho, está na hora de mandares vir um exorcista para expulsar o demo do país. Mandaste-o vir e, por esta hora, já estás arrependido. Os portugueses são tramados: enquanto tu fazes figas,  e queres que eles empobreçam, eles lá vão trabalhando, levando o país para frente, e afastando dessa forma as tuas profecias da desgraça.
Estátua de Sal, 20/02/2016

A economia portuguesa fechou o ano a crescer acima da média da Zona Euro e da UE, algo que não acontecia desde o segundo trimestre de 2015. Tendo em conta a dinâmica ao longo de 2016 e os dados já conhecidos de 2017, podemos afirmar que estamos, finalmente, a assistir a uma retoma sustentável da economia e do emprego, com o consumo privado a acompanhar o crescimento do emprego e do rendimento disponível das famílias, com o investimento público e privado a aumentar e com um crescimento robusto das exportações.
A economia portuguesa começou a ter taxas de crescimento positivas no 4º trimestre de 2013, quando a economia cresceu 1,9%. Depois disso, em 2014, ao invés de acelerar, como aconteceu com Espanha, a economia estagnou em tornou do 1%, acabando o ano a crescer apenas 0,7%.
Espanha começou 2014 a crescer 0,6%, mas acabou o ano a crescer 2%, quase o triplo de Portugal. A aceleração da economia espanhola continuou em 2015: começou com a economia a crescer 2,7% e acabou com 3,5% de crescimento, o maior da zona euro. Portugal teve o comportamento oposto: começou a crescer 1,7% e acabou o ano em desaceleração, crescendo apenas 1,4%.
Em 2016, pela primeira vez desde que Portugal saiu da recessão de 2011-3, a economia acelerou ao longo do ano. Tal não aconteceu em 2014 nem em 2015, só em 2016. Depois de um primeiro semestre que prolongou o arrefecimento que vinha do segundo semestre de 2015, a economia acelerou de 0,9% para 1,6% no terceiro trimestre e para 1,9% no quarto. A economia espanhola teve o comportamento oposto: desacelerou ao longo do ano. De acordo com todos os indicadores de confiança de Janeiro, publicados pelo INE, o crescimento do segundo semestre de 2016 ter-se-à consolidado e reforçado no início deste ano, o que abre boas perspectivas para, no início de 2017, Portugal crescer acima dos 2%. Seria o melhor crescimento económico desde 2007.
Depois de uma forte desaceleração ao longo de 2015, que se prolongou durante o primeiro semestre de 2016, as exportações aceleraram e terminaram o ano a crescer aproximadamente 10%. A produção automóvel aumentou mais de 50% em Janeiro, o que mostra que 2017, também nas exportações, será um ano de reforço dos resultados de 2016. Não esquecer que a Auto Europa, um dos nossos maiores exportadores, teve uma redução significativa da sua actividade ao longo do ano de 2016 e vai produzir e exportar um novo modelo em 2017. Tal não deixará de ter impacto nas exportações portuguesas. De acordo o com o Inquérito sobre Perspectivas de Exportação de Bens (IPEB), realizado em novembro de
2016 pelo INE, as empresas portuguesas de bens perspectivam um crescimento nominal das exportações de 5,3% em 2017, o que representa uma aceleração de 1,3% em relação a 2016.
O investimento estagnou no segundo semestre de 2015 e caiu, em termos homólogos no início de 2016, mas melhorou nos segundo e terceiro trimestres e teve uma forte recuperação no final do ano, como refere o INE. O comportamento negativo do investimento ao longo de grande parte de 2016 deve-se exclusivamente à construção e ao investimento público co-financiado por fundos europeus, uma vez que o investimento empresarial teve um crescimento superior a 6%, em forte aceleração face a 2015. A recuperação do investimento no final de 2016, que se vai reforçar ao longo de 2017, deve-se à recuperação da construção e de uma aceleração na execução dos fundos europeus. Quer os indicadores de confiança na construção do final de 2016 e do início de 2017, quer as vendas de cimento - que foram negativas nos três primeiros trimestres de 2016, marginalmente positivas no quarto trimestre, e cresceram 28,5% em Janeiro – mostram que a construção, que representa mais de metade de todo o investimento feito no país, está em recuperação. O mesmo se passa com o investimento público que, depois de uma queda em 2016, deve crescer mais de 20% em 2017.
O consumo privado, ao contrário do que aconteceu em 2013-5, não foi feito à custa da taxa de poupança, o que reforça a dimensão de sustentabilidade do crescimento de 2016, bem como a adequação da estratégia de aumento de rendimento das famílias preconizada pela actual maioria. Com cerca de 100 mil novos empregos em 2016 e com o aumento dos salários, incluindo o salário mínimo, com descongelamento e aumento das pensões e de outras prestações sociais, como o abono de família, o CSI ou o RSI, com o alargamento a mais de 800 mil famílias da tarifa social de electricidade, o rendimento disponível das famílias teve um forte aumento, o que permitiu que o consumo cresça, de forma sustentável, acima dos 2%. A manutenção a aprofundamento das actual estratégia, que consta do orçamento do Estado para este ano, é, pois, essencial para que o crescimento do consumo se mantenha sustentável.
O facto de tudo isto ter acontecido com um défice orçamental que bateu mesmo as expectativas mais optimistas, ficando abaixo dos 2,1%, e com o reforço do saldo da balança de bens e serviços, mostra que, contrariamente ao que alguns afirmavam ser inevitável, a actual estratégia económica e orçamental não só é sustentável como tem melhores resultados que a anterior, quer na frente económica, quer na frente orçamental, quer na frente social.

Ovar, 21 de fevereiro de 2017
Álvaro Teixeira

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Cavaco Silva, a Maçonaria e o Opus Dei

 

(Por Carlos Esperança, in Facebook, 20/02/2017)
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A opacidade das despesas do Palácio de Belém, durante o consulado de Cavaco Silva, levou Marcelo a pedir uma auditoria cujos resultados, por decoro, não serão públicos, mas ajudarão a limpidez de quem tem para a função outro perfil e pretende da História um julgamento diferente.
Cavaco é um, provinciano, intriguista, dissimulado, vingativo, capaz de trair o seu mais dedicado ministro, Fernando Nogueira, para beneficiar Dias Loureiro, ou de, apesar da alegada seriedade, manter sepulcral silêncio sobre o suborno na compra dos submarinos, por Paulo Portas, a divulgação das dívidas à Segurança Social, de Passos Coelho, então PM, e no escândalo bancário SLN /BPN onde, depois de amealhar uns patacos em ações não cotadas na Bolsa, ele e a filha, viu os amigos afundarem-se na maior dos opróbrios.

Cavaco Silva (ex-PR)
O silêncio ou desinteresse por privatizações ruinosas, nomeadamente Lusoponte, ANA, Telecomunicações e Energia, revelam desatenção do economista ou displicência do PR.
A revelação, de duvidoso crédito, das audiências semanais com o PM é inédita num PR e suspeita por ter um único alvo. Admitindo que não foi a mera vingança de um espírito mesquinho, é forçoso concluir que foi o desejo de arredondar as várias reformas com os direitos de autor que o levou a editar um livro de encomenda que só não o arruína o seu prestígio porque ninguém perde o que não tem.
A patética acusação da intriga das escutas, nascida na sua casa civil, à máquina do PS, como se Fernando Lima fosse assessor de imprensa do PM e José Manuel Fernandes o comissário político do PS no Público, é um exercício de dissimulação e hipocrisia.
Curioso é o espírito pidesco revelado na co-nomeação do PGR, Pinto Monteiro, depois de recusar os dois primeiros que o PM lhe propôs, e cujos nomes omite. Só delata quem odeia. Diz o ex-PR que julgava que era da Maçonaria e que só o nomeou depois de lhe garantirem que não era, como se a eventual pertença fosse ilegal ou legítima a devassa.
Quem escreveu um dia, no Expresso, um artigo laudatório sobre Escrivá de Balaguer, fascista, diretor espiritual do genocida Francisco Franco e futuro santo, é natural que o fascine o indefetível apoiante da ditadura franquista e a sua criação – Opus Dei.
Pelo contrário, a maçonaria, que esteve na origem do liberalismo, da República e no combate à ditadura merece-lhe aversão e a discriminação dos seus membros.
Que diferença ética separa o Marquês de Pombal, D. Pedro IV, o general Gomes Freire de Andrade, António José de Almeida, Bernardino Machado, Magalhães Lima, Raul Rego ou António Arnaut de um ex-salazarista que a democracia reciclou!
 
Ovar 20 de fevereiro de 2017

Álvaro Teixeira