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terça-feira, 21 de fevereiro de 2017
Uma economia em aceleração
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
Cavaco Silva, a Maçonaria e o Opus Dei
A opacidade das despesas do Palácio de Belém, durante o consulado de Cavaco Silva, levou Marcelo a pedir uma auditoria cujos resultados, por decoro, não serão públicos, mas ajudarão a limpidez de quem tem para a função outro perfil e pretende da História um julgamento diferente.
Cavaco é um, provinciano, intriguista, dissimulado, vingativo, capaz de trair o seu mais dedicado ministro, Fernando Nogueira, para beneficiar Dias Loureiro, ou de, apesar da alegada seriedade, manter sepulcral silêncio sobre o suborno na compra dos submarinos, por Paulo Portas, a divulgação das dívidas à Segurança Social, de Passos Coelho, então PM, e no escândalo bancário SLN /BPN onde, depois de amealhar uns patacos em ações não cotadas na Bolsa, ele e a filha, viu os amigos afundarem-se na maior dos opróbrios.
Cavaco Silva (ex-PR) |
O silêncio ou desinteresse por privatizações ruinosas, nomeadamente Lusoponte, ANA, Telecomunicações e Energia, revelam desatenção do economista ou displicência do PR.
A revelação, de duvidoso crédito, das audiências semanais com o PM é inédita num PR e suspeita por ter um único alvo. Admitindo que não foi a mera vingança de um espírito mesquinho, é forçoso concluir que foi o desejo de arredondar as várias reformas com os direitos de autor que o levou a editar um livro de encomenda que só não o arruína o seu prestígio porque ninguém perde o que não tem.
A patética acusação da intriga das escutas, nascida na sua casa civil, à máquina do PS, como se Fernando Lima fosse assessor de imprensa do PM e José Manuel Fernandes o comissário político do PS no Público, é um exercício de dissimulação e hipocrisia.
Curioso é o espírito pidesco revelado na co-nomeação do PGR, Pinto Monteiro, depois de recusar os dois primeiros que o PM lhe propôs, e cujos nomes omite. Só delata quem odeia. Diz o ex-PR que julgava que era da Maçonaria e que só o nomeou depois de lhe garantirem que não era, como se a eventual pertença fosse ilegal ou legítima a devassa.
Quem escreveu um dia, no Expresso, um artigo laudatório sobre Escrivá de Balaguer, fascista, diretor espiritual do genocida Francisco Franco e futuro santo, é natural que o fascine o indefetível apoiante da ditadura franquista e a sua criação – Opus Dei.
Quem escreveu um dia, no Expresso, um artigo laudatório sobre Escrivá de Balaguer, fascista, diretor espiritual do genocida Francisco Franco e futuro santo, é natural que o fascine o indefetível apoiante da ditadura franquista e a sua criação – Opus Dei.
Pelo contrário, a maçonaria, que esteve na origem do liberalismo, da República e no combate à ditadura merece-lhe aversão e a discriminação dos seus membros.
Que diferença ética separa o Marquês de Pombal, D. Pedro IV, o general Gomes Freire de Andrade, António José de Almeida, Bernardino Machado, Magalhães Lima, Raul Rego ou António Arnaut de um ex-salazarista que a democracia reciclou!
Ovar 20 de fevereiro de 2017
Álvaro Teixeira
domingo, 19 de fevereiro de 2017
Trump inventa ataque terrorista na Suécia e culpa imigrantes
© Kevin Lamarque/Reuters
Segundo Donald Trump, na passada sexta-feira à noite houve um ataque terrorista na Suécia. A questão é que não houve um ataque terrorista na Suécia.
Num discurso proferido este sábado na Florida, o presidente dos Estados Unidos da América, declarou: "Vejam o que está a acontecer na Alemanha, vejam o que aconteceu ontem à noite na Suécia. Suécia!
Ovar, 19 de fevereiro de 2017
Álvaro Teixeira
A mão por detrás dos arbustos
por estatuadesal |
No livro lançado na quinta-feira sobre os seus anos em Belém, Cavaco Silva não poupou nas palavras sobre a governação de José Sócrates, com quem coabitou de 2006 a 2011. Depois de o DN pedir uma reação do antigo primeiro-ministro à obra de Cavaco Silva, Sócrates respondeu com um texto de opinião que publicamos nesta página.
Nunca um presidente ou primeiro-ministro relatou as conversas tidas entre ambos enquanto exerceram funções. Há boas razões para isso, que vão da boa educação até ao necessário sentido de Estado. A avaliar pelos relatos públicos e bem vistas as coisas, o livro agora publicado é um autorretrato perfeito das consequências que o ressentimento pode ter no carácter de um político.
Não desejo, nem nunca me ocorreu, seguir caminho tão indigno. Já no passado tive de suportar a indecente campanha de um partido da oposição contra mim, atacando-me por não ter falado com o seu líder, quando na verdade tivera com ele numa longa reunião. Fi-lo pelo escrúpulo de não revelar conversas que estava comprometido a não a divulgar.
Ponho de lado as vulgares opiniões políticas expressas no livro pelo autor, que aliás, sempre me enfastiaram. Ponho igualmente de lado outras conversas, na sua maioria distorcidas e falsas, que não passam de vulgar exercício de mesquinhez disfarçado de relato histórico. Mas não posso pôr de lado, pela sua importância e pelo que tem de paradigmático, o inacreditável relato que faz do chamado "episódio das escutas", sem outro propósito que não seja o de distorcer e falsear a verdade histórica.
Houve, é certo, uma reunião no dia 16 de setembro de 2009, que recordo muito bem. Como poderia esquece-la? Nessa reunião exprimi ao então Presidente o meu protesto por não ter visto desmentida uma grave acusação de escutas que o meu gabinete teria feito ao Palácio de Belém e que o Presidente sabia ser falsa. O Presidente respondeu-me, como aliás faria noutras ocasiões, que não interromperia as suas férias para responder aos deputados do meu partido que tinham criticado a participação de membros da casa civil do Presidente na elaboração do programa de governo do PSD. Retorqui, como é óbvio, que não percebia a ligação entre os dois assuntos. Lembrei também que os senhores deputados "não eram do meu partido", mas deputados à Assembleia da República, membros de um órgão de soberania, e que só eles poderiam responder por eles, não eu. Insisti no assunto: a notícia das escutas era pessoalmente ofensiva e, estando o país em campanha eleitoral, tinha provocado sérios prejuízos ao Partido Socialista, podendo ter sido evitados se o Sr. Presidente da República a tivesse desmentido. Agastado, o Sr. Presidente entendeu lembrar-me que eu estava a falar com o Presidente de República. Respondi que nunca me esquecia disso, mas que estava ali a falar-lhe como primeiro-ministro, eleito democraticamente e contra o qual se tinha lançado uma falsa e maldosa campanha para que perdesse as eleições. A conversa ficou por aí.
Uns dias mais tarde soube-se a verdade. A publicação de um e-mail permitiu saber que tais notícias tinham sido transmitidas a um jornalista pelo principal assessor de imprensa do Sr. Presidente da República. Estava identificado o executante. Mais tarde, quando este publica as memórias, denuncia o mandante: "Recebi uma indicação superior para o fazer" (pag. 146 do livro de Fernando Lima). Tudo isto é conhecido e está comprovado. Custa acreditar na perfídia que a recente versão do livro contém: afinal, as notícias sobre as escutas teriam sido intencionalmente colocadas na imprensa pela "tenebrosa máquina de propaganda do PS" para, claro está, afetar a credibilidade do Sr. Presidente.
Por mais desprezo que sinta - e sinto - por tal estilo e por tal literatura, não posso consentir que tal deturpação da verdade fique sem resposta. O que se passou foi, tão simplesmente, isto: pela primeira vez na história democrática do país ficou provado que um Presidente concebeu e executou uma conjura baseada numa história falsa, por forma a deitar abaixo um governo legítimo em funções.
Pela sua importância, não devo também deixar de fazer um último comentário. Todos os que acompanharam a vida política na altura da crise política sabem bem que a única preocupação do Sr. Presidente era aquela que revelou na noite da sua reeleição: vingança e desforra. O seu discurso de posse foi o sinal de que a direita precisava para atirar o governo abaixo e provocar eleições. Na Assembleia da República, e pela primeira vez na história democrática, chumbou-se um acordo e um compromisso com as instituições europeias que um governo legítimo tinha conseguido para que o país não fosse forçado a pedir ajuda externa. O Presidente da República de então não tem moral para dar lições de lealdade institucional. Na crise política de 2011, ele sempre foi a mão por detrás dos arbustos.
E por aqui me fico, por agora.
PS: Nunca tinha visto uma transmutação de personagens tão estrambólica: "As reuniões com Soares eram sonolentas." O livro não é uma prestação de contas, mas um ajuste de contas.
Ovar, 19 de fevereiro de 2017
Álvaro Teixeira
sábado, 18 de fevereiro de 2017
A propósito de mentiras
(In Blog O Jumento, 17/02/2017)
A mentira está na ordem do dia. A direita vê petas em todas as esquinas. Mas esquece que o record do mundo da modalidade ainda não foi batido e vai continuar de pé, acredito que por largas décadas ainda. Pertence ao atleta Passos Coelho que o conquistou com grande gabarito e mérito. Aqui deixo alguns exemplos do alto nível que este português distinto conseguiu alcançar medalhas, levando o nome de Portugal aos quatro cantos do mundo.
Estátua de Sal, 17/02/2017
Compreende-se que Passos Coelho evite expor-se neste debate da CGD, não só está promovendo uma guerra suja e quer poupar a sua imagem, como sabe que em matéria de mentiras é um campeão na história da democracia portuguesa. Enganou tudo e todos, mentiu ao parlamento, enganou os portugueses, mentiu aos militantes do seu próprio partido. Passos tentou impor uma revolução económica digna de Pinochet sem que nenhuma das suas medidas constasse de qualquer proposta eleitoral.
Mas o grande campeão da mentira foi Passos Coelho. Aqui ficam apenas algumas das suas muitas mentiras, uma recolha que se refere apenas aos s«primeiros meses do seu governo, não consta aqui a promessa feita na campanha eleitoral de que as receitas fiscais estavam a correr tão bem que os idiotas iam receber um reembolso de uma parte significativa da sobretaxa do IRS.
1. "A haver algum ajustamento fiscal será nos impostos sobre o consumo" (Bruxelas, 24-03-2011) [Expresso]
2. "Em Miranda do Corvo, Pedro Passos Coelho admitiu que a população local «ficou a ver comboios» e prometeu que o «comboio vai voltar», muito embora tenha lembrado que «não há condições para nos comprometermos nesta fase com esta obra»."(Miranda do Corvo 31-05-2011) [TSF] O pessoal de Miranda do Corvo já anda de comboio?
3. "O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de se dizer basta: a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento." [Twitter] [DN]
4. Perguntou a estudante: "Vai tirar os subsídios de férias aos nossos pais?", respondeu Passos Coelho: "Eu nunca ouvi falar disso no PSD. Eu já ouvi o primeiro-ministro dizer, infelizmente, que o PSD quer acabar com muitas coisas e também com o 13.º mês, mas nós nunca falámos disso e isso é um disparate" e acrescentou: "isso é um disparate" (Vila Franca de Xira81-04-2011) [TVI24]
5. "Já ouvi o primeiro-ministro dizer que o PSD quer acabar com o 13.º mês, mas nós nunca falámos disso e é um disparate." [Twitter][DN]
6. "Nós calculámos e estimámos e eu posso garantir-vos: Não será necessário em Portugal cortar mais salários nem despedir gente para poder cumprir um programa de saneamento financeiro" (30-04-2011) [JN]
7. "Quando digo que estou preparado para construir um Governo com não mais do que 10 ministros, falo evidentemente da possibilidade do PSD ter uma maioria absoluta e poder responder por esse resultado" [CM]
8. "Aqueles que são responsáveis pelo resvalar da despesa têm de ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus actos." Promessa feita no Facebook. Cumpriu?
9. "Nas despesas correntes do Estado, há 10% a 15% de despesas que podem ser reduzidas.". [Twitter][DN]. Cortou?
10. "Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português.". Quantos mandou para a mobilidade com vista ao despedimento?
11. "Se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das pessoas." [Twitter][DN]
12. "Queremos transferir parte dos sacrifícios que se exigem às famílias e às empresas para o Estado." [Twitter][DN]
13. ""Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Se as coisas não estiverem bem temos que dizer que os que têm mais terão que ajudar os que têm menos em Portugal" (Oliveira de Azeméis 1-07-2011) [Público]
14. «Passos Coelho prometeu até final deste mês apresentar “um programa ambicioso” que passará por “acabar com institutos públicos fundações”, aquilo a que se chama a “gordura do Estado”. O plano de acção, garantiu, “até final de Outubro estará em grande medida concretizado”.» (Festa do pontal, 15-08-2011) [Público]. Alguém viu o famoso plano ambicioso?
15. A cereja em cima do bolo das mentiras de Passos Coelho foi a famosa fraude eleitoralista conhecida por reembolso da sobretaxa. Recordemos o que o traste de Massamá dizia:
"Reiterando que não se trata de um “anúncio” sobre a devolução da sobretaxa, Passos Coelho lembrou que todos os meses as pessoas podem fazer uma simulação de quanto vão receber no próximo ano. “O mês passado apontava para 25%, este mês para 35,7%, mas não é um valor fechado. Não é uma promessa, não é um anúncio para as eleições. A minha expectativa dada a evolução é ter fechado até ao final do ano um valor de devolução muito significativo”, afirmou." [Público]
Pois, não só se limitou a reembolsar um corno e a ponta do outro como foi o Centeno que teve que suportar os custos das fraudes na contabilização das receitas fiscais promovidas por Passos. Aliás, umas das razões que levavam Passos a ter esperança num segundo resgate estava nas vigarices fiscais que fez.
Nenhuma destas mentiras justificariam a demissão, isso apesar de o próprio ter em tempos escrito no Twitter que "Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?". Mas o mentiroso Passos Coelho nunca mentiu aos deputados de uma Comissão parlamentar e, como se sabe, uma coisa é mentir aos idiotas dos portugueses e outra, bem mais grave, é mentir a essas sumidades "parlamentícias".
Só é pena que Lobo Xavier não tenha tido acesso aos SMS trocados entre Portas e Durão a propósito dos submarinos, entre Portas e Passos acerca da irrevogabilidade da sua demissão, entre Maria Luís e Carlos Costa sobre a contratação de Sérgio Monteiro para caixeiro-viajante, ou entre a Maria Luís e Passos Coelho a propósito dos seus negócios com swaps.
Já que estamos em tempos de voyeurismo tenho de confessar que tenho gostos bem diferentes dos de Lobo Xavier, não aprecio os SMS entre gajos com barba. Mas , enfim, cada um tem as suas preferências em matéria de curiosidade mórbida.
Ovar, 18 de fevereiro de 2017
Álvaro Teixeira
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