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quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Alternativa para a Europa


Expresso Diário

por estatuadesal


(Sandro Mendonça, in Expresso Diário, 28/09/2017)

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Sandro Mendonça

Europa parece quer renormalizar economicamente e anormalizar politicamente. Nem tudo é nítido pois vários ciclos se justapõem. E há um ciclo longo e há um ciclo curto, note-se.


Um ciclo curto, afinal mesmo muito curto. O ano entrou soluçando ansiedade pois as eleições na Holanda e na França podiam desafiar a normalidade política. Depois dos eventos gémeos anglo-americanos (Brexit & Trump) tudo continuaria a ser possível. Na verdade, Le Pen e Geert Wilders tiveram desaires eleitorais. E o establishment suspirou de alívio.

No entanto, o contraste entre o primeiro e o último quarto do ano é quase dramático: a entrada de rompante da direita anti-sistema no parlamento alemão e uma eminente declaração de secessão na Catalunha. Da bonança à tempestade foi, portanto, um ciclo curto.

E os corredores de fundo não abandonaram o tartan, continuam activos como se vê aqui e aqui. A Europa vai entrar em 2018 sendo de novo a sua própria primeira fonte de maior risco.

Foi bonito esse ciclo longo, pá. Nos EUA a actual responsável da Reserva Federal termina já o mandato em Fevereiro de 2018. E o mandato de Draghi terá o seu términus também, sensivelmente daqui a dois anos (31 Outubro 2019). As políticas que se se perfilam para a condução da política são conservadoras: na Europa, inclusivamente, o mais provável é ser um alto quadro da nomenclatura económico-financeira alemã a assumir o poder no BCE (note-se que nenhum alemão ainda comandou esta instituição, e só um a Comissão Europeia já há muitas décadas atrás). A expectativa é assim de um endurecimento da política monetária. Entretanto, os franceses (que não se vêem livres da reputação de terem empurrado a Europa para dentro do projecto da moeda) voltaram à carga: querem agora um reforço da integração em torno da política fiscal. E para azar deles é isso realmente o que poderão vir a ter. É que Wolfgang Schäuble pode agora estar de saída do cargo de ministro das finanças da Alemanha, mas a política das finanças alemã não sairá da Europa assim tão cedo.

Heterodoxia política e ortodoxia económica. Duas massas de ar em formação. Por enquanto é uma brisa, depois será uma corrente de ar. Ventos de mudança no ciclo-político-económico.

Autárquicas

PORTUGAL RUI MOREIRA


por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 28/09/2017)

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Tão amigas que nós éramos. Mas agora a Cristas vai mandar a "bola branca", isto é a Leal Coelho, para o buraco....

Rui Moreira aproveitou-se de um discurso de circunstância para numa manobra manhosa afastar o PS; estava convencido de que já não precisava do apoio do PS e que conseguindo manter Pizarro na sua equipa conseguia destruir o PS. Saiu-lhe o tiro pela culatra e agora luta de forma desesperada pela sobrevivência e nem o Centro de Sondagens da Católica escapa à sua raiva.

Passos Coelho insiste em lutar pela sobrevivência tirando o palco aos autarcas para fazer a sua própria campanha numas eleições autárquicas que o PSD transformou nas primárias para a sua liderança. Mas em vez de mudar o discurso não consegue superar o trauma de não ter conseguido apoio parlamentar para um governo minoritário e a cada intervenção lá vai exibindo o ressabiamento. Entretanto, como o discurso de André Ventura não parece ter dado resultado, Passos não vai aparecer a apoiar o seu maravilhoso candidato a Loures.

O que levará a Aximage a fazer sondagens para um concelho, Vila Real de Santo António, onde é suposto o PSD estar tranquilo? Acontece que a autarquia deste concelho é uma boa cliente de sondagens daquela empresa. A sondagem da Aximage vale o que vale, é um exemplo que mostra que sempre que uma empresa de sondagens faz uma sondagem devia inscrever uma declaração de interesses na sua ficha técnica. Há em Portugal várias empresas de sondagens que num dia trabalham para os partidos e no outro fazem sondagens onde o principal interessado é esse partido.

Assunção Cristas está batendo a Teresa leal Coelho aos pontos; se a campanha da líder do CDS parece ser uma campanha para uma associação de estudantes, a campanha de Teresa Leal Coelho faz lembrar um cortejo fúnebre. Cristas evitou a campanha nos lares de idosos; em contrapartida a Teresa Leal Coelho socorre-se dos idosos que lideraram o seu partido para conseguir a notoriedade que não tem. É caso para dizer que a Teresa não sabe andar de Lambreta.

A campanha de Medina não é má nem boa o que é normal num candidato a quem tudo corre bem. A única força da oposição que enfrenta na capital são os administradores e multadores da EMEL que parecem fazer tudo o que está ao seu alcance para perseguir e tramar a vida dos lisboetas, com obras mal geridas onde não se respeitam os peões ou com uma caça miserável à multa como os portugueses nunca tinham assistido na capital.

A imutabilidade das autárquicas

André  Veríssimo

Jornal de Negocios

André Veríssimo | averissimo@negocios.pt

A imutabilidade das autárquicas

A cada quatro anos, ele é praças embelezadas, acessibilidades rodoviárias renovadas, pavilhões desportivos e de outros usos com cara lavada, parques infantis arranjados, a que se juntam agora as incubadoras de start-ups.

É mais um daqueles velhos hábitos que voltaram assim que o programa de austeridade fez as malas. Olha-se à volta e não há como desgostar desta renovação quadrienal. Quem não aprecia a calçada enfim reparada, os novos bancos do jardim, o empedrado no centro histórico ou o brilho da pintura fresca? Depois pensa-se na racionalidade deste ciclo, que é coisa que não existe. Fora a da política, impura e dura, claro está.

Até os temas se repetem. Há umas semanas saiu no Público um pertinente exercício de comparação dos assuntos que marcavam esta campanha autárquica e a de há 20 anos, em Lisboa. Na essência são os mesmos, habitação para os jovens, desenvolvimento dos transportes, redução do número de carros.

Têm um tempero diferente, a habitação choca agora com o turismo e aos problemas do trânsito chama-se mobilidade, mas os ingredientes são os mesmíssimos. Prova de que neste exercício plástico a que assistimos de quatro em quatro anos, as questões essenciais ficam para segundo plano.

Nem todas são responsabilidade exclusiva das câmaras. E é justo que se diga que nem todas as autarquias funcionam assim, e isso vê-se na cautela financeira de umas a contrastar com a irresponsabilidade de outras. Mas é assim que funciona a grande maioria, sem gestão estratégica que não seja a gestão do ciclo eleitoral. Porque ainda é assim que se vencem eleições, com o voto do eleitor a deixar-se levar na sedução da obra feita. O Governo central não foge à regra, com a promessa orçamental de mais rendimentos a tomar o lugar ao betão e ao alcatrão. Se agravamentos fiscais houver, só os conheceremos depois do próximo domingo.

Invariável é também o debate sobre se os resultados das autárquicas devem ou não ter uma leitura nacional. Quem os teme diz que não, mas acabam sempre por ter. Nestas eleições, a carapuça serve inteirinha ao PSD e a Passos Coelho. Depois de em 2013 o partido ter ficado apenas com 106 câmaras, o número mais baixo de sempre, e perdido várias capitais de distrito, olhando para o andar da carruagem tudo aponta para que este possa ser o fim da linha para o actual líder do PSD.

As autárquicas oferecem-nos, a cada quatro anos, um retrato do país real político. E o que se viu já foi bem pior. Mas da gestão eleitoralista, passando pela figura do candidato itinerante que salta de concelho em concelho, muito há ainda a progredir na moralização do poder local.

Obra, obra, obra, feita à medida do calendário da campanha, sabe Deus com que custos extraordinários. É tal o afã que este ano o investimento das autarquias já aumentou 40%, coisa inédita em, pelo menos, uma década.

Teodora Cardoso: É um erro descer impostos à boleia da redução do défice

Conselho das Finanças Publicas

Teodora Cardoso

O Conselho de Finanças Públicas melhorou as suas previsões sobre a redução do défice em 2017, projetando agora que o desequilíbrio orçamental fique em 1,4% – abaixo dos 1,5% projetados pelo governo em abril no Programa de Estabilidade. E estima que a economia cresça 2,7%. Apesar da melhoria dos indicadores macroeconómicos, a presidente do CFP, Teodora Cardoso, avisa que será um erro voltar a práticas seguidas no passado, de subida de despesa e descida de impostos e alerta que não se pode enveredar por este tipo de estratégia apenas porque o défice público está a descer. Em causa não está, sublinhou, que se diminuam alguns impostos ou se aumente alguma receita, mas a ideia de que se pode aumentar despesa e reduzir receita apenas porque o défice público está controlado. A prioridade deve ser dar estabilidade à politica orçamental e atacar os estrangulamentos que persistem, referiu. “Seria um erro muito grande voltar a enveredar por esse caminho. Os problemas estão resolvidos no curto prazo, mas o médio prazo chega num instante”, referiu acrescentando que “o principal, no caso da despesa, é pensar em geri-la bem. “O que se trata é de não entrar num caminho de reduzir de impostos e aumentar despesa apenas porque reduzimos o défice. Isso é que não deve fazer-se”. Coisa diferente, afirmou, é que não se deva repensar os impostos pelos efeitos que tem na economia ou as carreiras a a progressão das carreiras na função pública. “Se decidirmos que ao baixar os impostos se pode torna-los mais favoráveis à atividade económica, não tenho nenhuma objeção. E o mesmo digo em relação às despesas. Uma das coias absolutamente crucial é definir carreiras e permitir que as pessoas façam carreira na Administração pública”, exemplificou. O 1,4% de défice para 2017 agora projetado conta com o efeito de reposição do empréstimo ao BPP. Sem o impacto desta medida extraordinária, o saldo será de 1,6%. Estes valores pressupõem uma melhoria face aos antigamente projetados pelo CFP, o que reflete o comportamento do mercado de trabalho e o impacto positivo do crescimento do emprego nas receitas (retenções na fonte e contribuições) e da descida do desemprego nas despesas (subsídio de desemprego e prestações sociais). As novas projeções do organismo liderado por Teodora Cardoso para o horizonte 2017-2021 apontam para nova descida do défice em 2018 para 1,3%, e para um desequilíbrio de 0,2% em 2021, ano em que o papel das medidas extraordinárias volta a ser relevante. Ajustado destas medidas, o défice será nessa altura de 0,6%. O CFP espera que a economia avance 2,7/% este ano – valor igualmente mais positivo do que os 2,5% que ainda constam das últimas projeções oficiais do governo. Para os anos seguintes, o CFP projeta crescimentos do PIB mais modestos: 2,1% em 2018; 1,9% no ano seguinte e 1,7% nos em 2020 e 2021 Esta atualização do cenário macroeconómico assenta ainda numa evolução mais favorável da dívida pública, projetando-se um recuo para 126,8% no final deste ano e de uma manutenção da tendência de descida até 2021.

Praia em tempo de castanhas

Correio do Minho

por dariosilva

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Nas ruas de Braga já se assam castanhas mas isso não deve impedir a junta de freguesia de São Victor de, a quatro dias de ida às urnas, levar 150 eleitores a molhar os pés no Atlântico. Campanha eleitoral com o dinheiro dos munícipes? Em Braga?? - nah…
Entretanto, tem sido impossível calar os professores no que diz respeito à falta de funcionários nas escolas do concelho de Braga.
(in Correio do Minho, 28-09-2017)

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