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sábado, 2 de dezembro de 2017

Refundar boa parte da Esquerda

Ladrões de Bicicletas


Posted: 01 Dec 2017 01:58 PM PST

No dia 1 de Dezembro, Portugal comemora a recuperação da sua independência em 1640. Precisamente quando se encontra numa situação em que já não tem soberania desde 1992 com o Tratado de Maastricht (UEM). A ignorância do povo, quanto a esta situação paradoxal, é obra das suas elites, incluindo da esquerda europeísta. Por isso, considero que são meus adversários políticos todos os que defendem a manutenção de Portugal nesta condição de protectorado.

Mais, quem não defende a recuperação da soberania de Portugal, de facto aceita a farsa da pseudo-democracia em que vivemos. Quem é de esquerda não pode aceitar isto, tem de aceitar que o soberano é o povo português. Depois do que o Eurogrupo fez à Grécia, não há desculpas. Para mim, quem defende os poderes supranacionais existentes, e até o seu reforço, defende a política neoliberal e a redução do país à condição de província periférica de um império alemão juridicamente camuflado. E não me venham com a conversa da esperança numa reforma progressista "por dentro", nos "amanhãs que cantam" do neoliberalismo.

Precisamos de refundar uma boa parte da Esquerda, em Portugal e no resto da Europa, caso contrário ela desaparece. Se o meu leitor se considera de esquerda, então recomendo-lhe que encomende já o livro de que junto a imagem de capa. De seguida, traduzo alguns parágrafos de um artigo de apresentação do livro, onde algumas ideias centrais são resumidas pelos autores:

Não é difícil perceber que se a mudança progressista só pode ser implementada ao nível global ou europeu – ou, por outras palavras, se a alternativa ao status quo apresentada aos eleitorados é entre nacionalismo reaccionário e globalismo progressista – então a Esquerda já perdeu a batalha.

RESGATANDO O ESTADO

No entanto, não tem de ser assim. Como defendemos em 'Resgatando o Estado', uma visão progressista, emancipatória, da soberania nacional, uma alternativa radical à Direita e aos neoliberais – uma alternativa baseada na soberania popular, controlo democrático da economia, pleno emprego, justiça social, redistribuição dos ricos para os pobres, inclusão e, de forma mais geral, a transformação sócio-ecológica da produção e da sociedade – é possível. É mesmo necessária.

Como J. W. Mason escreve:

"Quaisquer arranjos institucionais [supra-nacionais] que em princípio possamos imaginar, como os sistemas de segurança social, a regulação laboral, a protecção ambiental e a redistribuição do rendimento e da riqueza que realmente existem, são de âmbito nacional e são geridos por governos nacionais. Por definição, qualquer luta para preservar a social democracia, tal como existe hoje, é uma luta pela defesa destas instituições nacionais."

Pela mesma razão, a luta para defender a soberania democrática do ataque da globalização neoliberal é a única base sobre a qual a Esquerda pode ser refundada, a Direita nacionalista desafiada, e o fosso que separa a Esquerda da sua base social ‘natural’ – os destituídos – pode ser preenchido.

Com esta finalidade, a Esquerda precisa de abandonar a sua obsessão com as políticas de identidade e recuperar o “entendimento mais alargado de emancipação, anti-hierárquico, igualitário, baseado na classe, anti-capitalista” que era a sua imagem de marca. Evidentemente, esta ênfase não anula a luta contra o racismo, o patriarcado, a xenofobia e outras formas de opressão e discriminação.

Adoptar plenamente uma visão progressista da soberania também significa abandonar os numerosos e falsos mitos da macroeconomia que infestam o discurso dos pensadores progressistas e de esquerda.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Foi um intervalo?

por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso, 01/12/2017)

Daniel

Daniel Oliveira

Veja-se o absurdo disto: no melhor momento económico e social do país dos últimos nove anos respira-se ambiente político de fim de festa. E foi neste ambiente que o mais redistributivo Orçamento do Estado de que me lembro, que maior impacto terá nas classes baixas e médias, só foi notícia porque houve um confronto entre o BE e o PS.

A imprensa vive concentrada em polémicas que duram uma semana e não deixam mais do que um rasto de desconforto difuso e inconsequente. Como o de Tancos, que foi abandonado depois de um relatório de origem desconhecida. Ou os jantares do Panteão, que existiam há anos e só agora foram notícia. Ou o escândalo com a não publicação do 6º capítulo do relatório sobre Pedrógão, que o parecer da Comissão Nacional de Proteção de Dados veio afinal justificar. Só reparou que havia um Orçamento do Estado quase no dia da votação. Mais uma vez, porque havia um caso.

Mas a comunicação social não é a única a distrair-se. Em vez de se concentrarem no essencial, que é o que estão a fazer ao país, o primeiro-ministro entretém-se com fogachos mal amanhados como a ida do Infarmed para o Porto e os partidos da maioria dedicam-se a uma coreografia trapalhona das suas próprias divergências. A exceção foi a excelente intervenção de Pedro Nuno Santos, no Parlamento. Talvez porque represente o que não é mero cálculo nesta solução política, concentrou-se no essencial. Para o país, a tentativa de romper com as ideias de que só é reformista e corajoso o que piora a vida das pessoas, de que distribuir melhor o que se tem é desperdício e de que pode haver crescimento económico sustentado sem mercado interno. Para o PS, a tentativa é apanhar o comboio onde vão os poucos partidos socialistas que se estão a salvar da crise identitária e eleitoral do centro-esquerda, constituindo-se como alternativa à privatização do Estado e desregulação da economia.

O incidente entre PS e BE revela um Governo mais frágil para enfrentar lóbis e uma ‘geringonça’ mais descoordenada, sem um guião depois de cumpridos os acordos iniciais, que apenas tratavam da reposição de rendimentos. Apesar de ser fundamental, a política não se esgota numa folha de pagamentos. Estes quatro anos deveriam servir para implementar algumas das reformas que a esquerda defende para o país e para o Estado: a modernização da Escola Pública, o reforço dos cuidados de saúde primários, o regresso à contratação coletiva, a regionalização, o investimento para requalificar serviços públicos. Mesmo dentro dos limites europeus há coisas que podem ser feitas. Concentrarem-se nelas, nesta e na próxima legislatura, seria a forma desta experiência ser mais do que um plano de emergência antes de voltarmos a mais uma década de perdas para os trabalhadores, privatizações e aumento da desigualdade social. Mais do que um intervalo na rotina de um PS que desiste, um BE que denuncia e um PCP que protesta. A esquerda portuguesa conseguiu vencer um tabu, devolveu alguma normalidade ao país e fez de Portugal uma ilha de sanidade na Europa. Não tem estado, nos últimos meses, à altura do seu feito histórico.

A DOR DE CORNO

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 01/02/2017)
centeno_gravata

Apesar das amostras de incompetência que foram muitos ministros de alguns governos de direita, com o governo de Santana Lopes na liderança do ridículo, a direita gosta de passar a ideia a ideia de que tem um exclusivo do rigor e da competência, em particular na pasta das Finanças. Todos os ministros das Finanças estão na linha de Oliveira Salazar, gente rigorosa e competente.

Gaspar era um modelo de virtudes que recordava Salazar, não tinha nascido num meio rural, mas um grande jornal descobriu com a avó Prazeres, da Serra da Estrela, o tinha moldado, o ex-ministro era um suprassumo, licenciado na Católica e doutorado na Nova, e até foi convidado pelo ministro das Finanças alemão para escrever um artigo para publicar no site daquele ministério. A Maria Luís era uma sumidade, com modesta formação universitária foi promovida a sumidade e até foi falar num seminário de fachada organizado igualmente pelo ministro alemão. De Gaspar dizia-se ser ele o futuro Salazar, a Maria Luís era apresentada como o plano B de Passos Coelho.

Quando Centeno apareceu, e apesar de bem mais qualificado do que os antecessores, foi tratado e gozado como se fosse um patinho feio. A incansável Teodora Cardoso desancou nele e até se ofereceu para censora oficial das suas propostas e Passos Coelho chorou até às lágrimas na primeira vez que Mário Centeno se apresentou no parlamento.

Mas as coisas não correram como a direita desejava e até o ministro das Finanças alemão o designou por Ronaldo do Eurogrupo. As reações de inveja e de desvalorização na direita não se fizeram esperar. Quando o nome de Centeno surgiu como hipótese de presidente do Eurogrupo a direita desvalorizou, no caso de Marques Mendes até gozou, o pequenote chegou a dizer que tal hipótese só podia ser uma mentira do dia 1 de abril.

Compreendem-se as manifestações de dor de corno a que temos assistido, se da primeira vez ainda houve quem defendesse que era prestigiante para o país, desta vez Lobo Xavier diz que o ministro faz falta em Portugal.

Compreende-se o incómodo dos que apoiaram a política de Passos, como o pequenote, o governador do Banco de Portugal, a incansável Teodora, o comentador da TVI Marcelo Rebelo de Sousa e muitos outros, nunca lhes passou pela cabeça que o “grego” cá do sítio soubesse o que estava fazendo e convencesse a Europa rigorosa e exigente do Euro a elegê-lo. Afinal, é mais fácil convencer a senhora Merkel com inteligência, competência e honestidade, do que chicoteando os trabalhadores portugueses com cortes, perdas de direitos e acusações subliminares de gandulice.

Como é que Marcelo, que chegou ao ridículo de chamar o ministro a Belém para lhe ler as mensagens de SMS trocadas com um administrador bancário, se sente ao engolir agora o Centeno numa posição três palmos acima da dele? Esperemos que Marcelo não se venha a lembrar de chamar o Centeno a Belém, para que o ministro lhe mostre os e-mails que trocou com o ministro das Finanças alemão ou com a presidente do FMI. Como se sentirá Marcelo quando se arma em merceeiro esclarecido e diz que vai estudar muito bem um orçamento elaborado por alguém que até pode ser presidente do Eurogrupo, antes do OE ser promulgado pelo muito douto, curioso e afetuoso Marcelo?

Compreende-se a dor de corno que se sente por aí, engolir o Centeno no Eurogrupo é muito doloroso. Não deve ser fácil para Passos e Assunção Cristas, que foram a Madrid, onde se reuniam os seus parceiros do Partido Popular Europeu, implorar para que chumbassem o governo português e as políticas propostas por Centeno, serem agora humilhados e rebaixados ao verem algumas das mais importantes personalidades da direita Europeia a apoiarem a candidatura de Mário Centeno.

Há vida depois do clássico

1 de Dezembro de 2017

Nesta sexta-feira à noite, já depois de ter sido jogado o derby lisboeta entre Sporting e Belenenses, FC Porto e Benfica disputam um dos duelos mais intensos do futebol europeu. Primeiro e terceiro da classificação na Liga portuguesa, separados por três pontos no arranque da 13.ª jornada, rivais eternos, lutam pelos três pontos e pela liderança do campeonato nacional. Com os “leões” à espreita do que possa suceder no Dragão, o clássico mais importante do futebol nacional terá sempre implicações relevantes na classificação.

Em caso de triunfo dos portistas, e se o Sporting derrotar o Belenenses em Alvalade – algo que o ano passado não conseguiu fazer – o FC Porto segue na frente com a curta margem que o empate na ronda anterior, na Vila das Aves, lhe deixou (dois pontos). Mas em caso de empate ou derrota dos “azuis-e-brancos”, o campeonato quase que regressa à estaca zero, com FC Porto, Sporting e Benfica embrulhados uns nos outros no topo da tabela ou à distância de um ponto.

Se se olhar para os números, o FC Porto surge como favorito. Em casa, os “dragões” não perdem nas provas nacionais há 28 jogos e esta época, para o campeonato, o FC Porto venceu os seis jogos que disputou no Dragão, marcando um total de 23 golos (média de 3,8 golos por jogo). Mas… e há sempre um mas, chega ao clássico vindo de dois empates (uma para a Liga dos Campeões e o segundo, o tal, contra o Desportivo das Aves) e, nas últimas cinco partidas, só numa delas não consentiu golos.

Já o Benfica não perde para o campeonato há seis encontros e soma quatro vitórias consecutivas, o que é o seu melhor registo esta temporada. Por outro lado, nos dez jogos disputados pelas “águias” fora de casa esta época os resultados não têm sido muito inspiradores (soma tantas vitórias como derrotas – quatro) e só por duas vezes o Benfica não sofreu golos.

Minutos antes, o Sporting recebe o Belenenses. A realizar um dos melhores inícios de campeonato da sua história, os “leões” já levam sete jogos sem perder em todas as competições e, em caso de triunfo, podem ficar sentados na poltrona a ver o que sucederá no Dragão. Pela frente terão um Belenense que esteve 62 anos sem vencer em casa do Sporting. Um jejum que terminou a época passada. Na deslocação a Alvalade, o Belenense venceu por 1-3, depois de ter estado em desvantagem no marcador. E os “azuis” são mesmo a última equipa portuguesa a ter vencido em Alvalade. No entanto, o favoritismo não deixa de estar do lado “verde-e-branco” por os “azuis” já não vencem há três jogos, só tendo ganho um dos seus cinco últimos jogos.

A jornada completa da I Liga e os respectivos horários das transmissões televisivas estão aqui e aqui encontra o calendário da jornada da II Liga, um campeonato que se está a revelar bem competitivo. Prova disso mesmo é que há apenas seis pontos a separar o primeiro (Académico de Viseu) e o nono (Arouca).

No futebol internacional, o fim-de-semana traz dois jogos de abrir o apetite em Inglaterra e em Itália, sendo que um deles envolve um português. Na Premier League, sábado, o Manchester United vai ao terreno do Arsenal, naquele que será mais um embate entre José Mourinho e Arsène Wenger, dois homens que “não se gramam”. A partida tem o picante adicional de colocar frente a frente o quarto e o segundo da tabela, separados por quatro pontos, e realiza-se na jornada que antecede o escaldante derby de Manchester. Sim, no próximo fim-de-semana os “red devils” recebem os “citizens” e tudo o que menos querem é ver aumentada a distância que neste momento já existe para o Manchester City (oito pontos).

Em Itália, já nesta sexta-feira, o duelo é entre o primeiro e o terceiro. O Nápoles recebe a Juventus com quatro pontos de vantagem sobre o clube que há seis épocas consecutivas conquista o “scudetto”. É uma oportunidade soberana para os napolitanos cavarem um pouco mais o fosso que conseguiram construir, até porque a “vecchia signora” tem revelado alguma inconstância – conseguiu os três resultados possíveis nos seus últimos três jogos. Já o Nápoles, nesses mesmos três últimos jogos, venceu todos.

A próxima semana vai ainda trazer definições nas competições europeias. FC Porto e Sporting ficarão a saber o seu futuro na Liga dos Campeões. Encontra aqui o calendário dos jogos, mas se quiser perceber quais as contas que cada clube ainda tem que fazer pode espreitar aqui.

O mesmo se passa na Liga Europa. O Sporting de Braga já está na fase seguinte, mas ao Vitória de Guimarães resta-lhe ainda uma ténue esperança de se apurar. O calendário de todos os jogos está aqui e as contas que podem levar à qualificação aqui.

No sábado, o Planisférico vai falar-lhe do Amiens, o clube da terra de Emmanuel Macron, mas do qual o presidente francês não é adepto. Nem depois do emblema que se estreia nesta temporada na I Liga francesa lhe ter oferecido uma camisola.

Para o fim, fica, como é hábito, a sugestão da semana. Desta vez, basta-lhe olhar bem para o ecrã. Sugiro-lhe que pare uns segundos e admire esta foto. Quando a vi, de imediato surgiu na minha cabeça uma legenda para ela: o poder do futebol. O que se vê na foto é a imagem de Lorena, uma menina de 11 anos, e adepta ferrenha do Corinthians. Durante alguns minutos ela permaneceu sentada na sua cadeira de rodas à espera que os seus ídolos subissem ao relvado da Arena Corinthians para um treino à porta aberta, poucos dias depois de se terem sagrado campeões brasileiros de futebol. E, no momento em que os jogadores entraram em campo, ela agarrou-se à barra de ferro que tinha à sua frente e levantou-se, juntando a sua voz à dos perto de 15 mil adeptos para receber os seus heróis. Portadora de uma doença rara – mal formação congénita da coluna vertebral – que lhe condiciona o movimento das pernas, por momentos, Lorena superou essa sua limitação e ergueu-se.

Assunção Cristas lança a piada do ano: “Estou a preparar-me para ser primeira-ministra”

Assunção Cristas

Nov 30, 2017

Assunção Cristas lançou aquela que pode ser considerada a piada do ano ao afirmar que: “Estou a preparar-me para ser primeira-ministra

Enquanto o PSD, principal partido da oposição, se prepara para ir a votos, de modo a escolher a nova liderança do partido, Assunção Cristas vem a público afirmar que se está a “preparar para ser primeira-ministra”.

Para a líder do CDS-PP, António Costa governa para o “show-off e para a fotografia” e é “bonacheirão”, “incapaz de assumir responsabilidades” e de “lidar com a crítica”, como se ainda vivêssemos no “antigo regime”.

Ao Observador, Assunção Cristas assume que o CDS-PP está a preparar-se para “governar numa posição cimeira“, tentando ser “a primeira escolha dos portugueses”.
Após o óptimo resultado obtido nas eleições das últimas autárquicas de Lisboa, Assunção Cristas quer repetir a votação a nível nacional nas legislativas.