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sábado, 16 de dezembro de 2017

O que começa mal, acaba pior?

por estatuadesal

(Francisco Louçã, in Público, 15/12/2017)

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1 . O caso da Raríssimas é um exemplo de como o que começa mal acaba pior. Mas, no meio da pândega de coluna social em que isto se tornou, convém distinguir no terceiro sector o que responde por cuidados necessários e o que é “guito” e BMW. Não é fácil fazê-lo, porque o caso se presta a todas as derivações: a indiferença exibida quanto às dificuldades das contas, contrastada com a pressa da cobrança das prebendas, só pode chocar; o pedido de indemnização demonstra uma presidente que não se enxerga; e o carácter fútil de tudo isto revela um estilo de vida. Mas há mais na devoção de muitas associações do que estas pitorescas deambulações.

No essencial, tem sido sublinhado que o Estado fraco é isso mesmo, o que não faz o que lhe compete e deixa ao mercado o cuidado de quem precisa. Sim, quando as fronteiras se tornam nebulosas entre a obrigação pública, particularmente na saúde, e a esfera do negócio, desvanecem-se as garantias para os utentes dos serviços. Veja os casos dos cuidados continuados, ou do tratamento de toxicodependentes, em que o défice do Estado permitiu um submundo de clínicas sucateiras, a par de raros serviços de qualidade. Mas as excepções existem e esse é o ponto: há cooperativas de profissionais ou outras formas de associação, na saúde ou na educação, que respondem a graves carências sociais. Esses são os que sentirão o colapso da direção da Rarissimas com mais amargura, porque vai poluir quem se ocupa dos outros.

Nada deste espanejar de roupa suja, no entanto, é novidade, leia a lista dos processos e das investigações em curso sobre entidades deste tipo. Há portanto um problema essencial, que é a permeabilidade de algumas destas instituições a um duplo facilitismo, o da busca de efeito mediático para recolha de fundos (“o guito há-de vir”) e o da familiaridade e proteção política. Note esta lista de deputados e ex-governantes, já para nem lembrar a realeza espanhola, que querem ficar na selfie de uma instituição badalada, e perguntemo-nos porque é que tantos ilustres queriam ser vices e directores e consultores desta instituição. A resposta é triste: a exibição da caridade tem sido uma segunda pele para muita ambição e carreira.

Por isso, reduzir o assunto a fiscalização deficiente é ficar à espera da próxima. É como o debate da corrupção: que confortável que é isentar as boas consciências com a teoria da maçã podre. Se, afinal, os comportamentos desviantes forem só a excepção malévola, o mergulho na devassidão moral que tenta tantos mas atrai poucos, então uma correcção moralista e punitiva do caso isolado permitiria elevar a sociedade. Só que, para restabelecer a confiança, é preciso muito mais, a começar por enterrar a cultura de beautiful people que promove ou garante a longevidade destas figuras pícaras

2 . Francisco Assis explode em indignação e defende a “honra do PS” contra Catarina Martins, que disse, de forma “particularmente difamatória”, que o PS é “permeável” a interesses económicos por ter violado o acordo estabelecido para uma taxa sobre as rendas na energia. A crítica de Catarina a esta rasteira parlamentar “violou regras fundamentais da própria convivência democrática”, acusa Assis.

Há pouco tempo, Assis foi o principal apoiante de um candidato a secretário-geral que se definia contra “o PS associado aos negócios e interesses” (AJ Seguro, Sábado, 31-07-2014), denunciando que “existe uma parte do PS mais associada aos interesses” (Expresso, 23-09-2014), e isto foi só o mais suave do que disseram então. A acusação não era sobre uma renda abusiva nem sobre a tal permeabilidade que conduz à violação de um acordo: era sobre pessoas e a outra lista no seu próprio PS, dados como “associados aos negócios e aos interesses”. Assis assentiu com o voto e apoiou com a voz.

A “honra” de Assis tem dias. É o que ele chama apropriadamente de “moral de sacristia”.

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Jornalistas e professores

por estatuadesal

(António Guerreiro, in Público, 15/12/2017)

Guerreiro

António Guerreiro

A profissão de professor encontra-se hoje tão deslegitimada e degradada como a profissão de jornalista.


Não há nenhuma classe profissional tão hostilizada nos jornais como os professores. De um modo geral, todas as reivindicações dos professores são consideradas ilegítimas e a classe profissional é vista como detentora de uma força sindical da qual faz um uso abusivo. Diga-se, em boa verdade, que antes de enfrentar a hostilidade do jornalismo, os professores tiveram de enfrentar as hostilidades do modelo de gestão da escola e do ensino, numa guerra da qual saíram vencidos. Foi-se reduzindo progressivamente o tempo de trabalho autónomo, que era uma parte importante do tempo de trabalho de um professor (porque se entendia que o saber – manual ou intelectual, técnico ou teórico, académico ou não — é um direito à autonomia) e aumentando o tempo de trabalho controlado, que é hoje a quase totalidade do trabalho docente.

O professor ficou assim submetido ao trabalho das classes proletárias, mas continua a recair sobre ele a imagem de que é um animal de luxo. E aí começa a caça ao professor. Há já algum tempo que começou a prosperar, por todo o lado, uma bibliografia que consiste em testemunhos desencantados de professores e ex-professores.

No princípio do século XX, a miséria espiritual da vida dos estudantes foi um tema filosófico que ganhou algum relevo: no princípio do século XXI é a miséria da vida espiritual dos professores que se tornou relevante.  Dir-se-ia que os professores integraram completamente um hábito muito próprio da escola, essa instituição que passa muito tempo a falar sobre si própria. Se recuarmos, talvez encontremos uma justificação para esta má relação entre jornalistas e  professores, que é mesmo uma inimizade se falarmos da relação entre o jornalismo e a universidade. Neste caso, trata-se de uma velha inimizade com uma história respeitável. Um eminente universitário italiano explicou-a em termos muito parciais, até um pouco arrogantes e demasiado marcados por uma pretensão de auto-legitimação: o discurso do jornalista situa-se na lógica da opinião; o poder dos professores, pelo contrário, legitima-se em termos de saber, isto é, o contrário da opinião. Pode ser que esta explicação tenha sido de algum préstimo, num passado já distante; hoje, dificilmente podemos dizer que o saber legitima qualquer poder dos professores. Há, no entanto, um princípio de competição entre jornalistas e professores que remonta ao Iluminismo, quando nasceu, em paralelo, tanto a universidade moderna como o jornalismo moderno. Ambos, o jornalismo e a universidade, tiveram a seu cargo uma missão crítica e de socialização do pensamento. Eles criavam uma cultura para a sociedade e uma sociedade para a cultura. Segundo a concepção iluminista dos jornais, eles deviam ser órgãos de formação colectiva de uma opinião pública racional. E deviam ser não tanto o instrumento de expressão de uma esfera pública pré-existente (como são hoje entendidos), mas mais o lugar de constituição dessa esfera pública. Ora, se os jornais tivessem hoje de assumir uma tal tarefa, já teriam desaparecido (e será que estão em risco de desaparecer precisamente porque não sabem que tarefa têm para cumprir?). De certo modo, a evolução da universidade e da escola (nalguns aspectos essenciais podemos amalgamar as duas instituições) foi paralela à do jornalismo e hoje todos têm de enfrentar um mundo que ameaça destituir a antiga função que detinham, sem que essa extinta função tenha sido substituída por outra. E a profissão de professor encontra-se hoje tão deslegitimada e degradada como a profissão de jornalista. Uns e outros perderam o privilégio da autonomia e reina sobre eles uma ordem gestionária.

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Всем скачкам скачки: австралийские леди затмили лошадей своими нарядами и манерами

Qwygonnjinn Октябрь 28, 2017 Комментариев Неr

Любители (а в особенности — любительницы) скачек обрадовались долгожданной хорошей погоде в Сиднее

и как следует приоделись на конный турнир. Пожалуй, посмотреть на публику, собравшуюся в минувшую

субботу на этом ипподроме, было не менее любопытно, чем на лошадей с наездниками.

Хорошо одетые зрители субботним утром стекались к ипподрому в центральной части Сиднея. После

нескольких дождливых недель они наконец-то могли порадоваться солнышку. Не только скачки были

международного класса, публика тоже не подкачала.

Дамы, разодетые в лучших традициях посещения скачек, привлекали множество взглядов. К примеру, вот

эта леди с экстремально высокими разрезами на ее облегающем платье.

Буквально сияя, она шагала по улице в своем роскошном платье. Вообще цветом дня оказался черный, хотя

некоторые красотки и предпочли одеться в более жизнерадостные тона.

Самый скромный наряд: цветы и розовые кружева

Откровенное платье, бутылка в руке — и улыбка буквально от уха до уха…

Эффектная блондинка пришла в комбинезоне.

В субботу все облака над Сиднеем развеяло, и всем желающим удалось понежиться под теплыми лучами

солнца.

Три элегантные блондинки в черном… и фотохулиган на заднем плане!

В любом случае настроение у всех было, похоже, отличное.

А эта троица явились почти в карнавальных костюмах: белые парики и платья в карточном стиле

Как роза между двух шипов! Между двумя парнями в черном с головы до пят идет человек, надевший белый

костюм с цветочным принтом.

И красотка в белом платье в цветочек ему под стать.

Все в ремешках…

Скачки на Randwick Racecourse проходят регулярно еще с 1833 года.

Две девушки позируют в элегантных платьях и с бантами а голове.

Передышка на лестнице.

День закончился живым выступлением Ронана Китинга.

Источник

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Da descolonização, de Pedro Pezarat Correia.

Carlos Matos Gomes
2 h ·
Foto de Carlos Matos Gomes.

Da descolonização, de Pedro Pezarat Correia.
“Sem o 25 de Abril Portugal teria perdido o seu encontro com a descolonização, não é uma forma de retórica. É uma realidade. Porque a independência verificar-se-ia sempre, noutras condições. Provavelmente com Portugal derrotado militarmente no terreno. A colonização far-se-ia sempre, mas far-se-ia sem a colaboração de Portugal. O 25 de Abril permitiu que Portugal ainda pudesse colaborar na parte final da descolonização".
O paradoxo de que enferma o processo de descolonização: “ter sido a ditadura a desencadear a guerra para manter o sistema colonial, mas ter sido a guerra colonial que introduziu em Portugal o processo de descolonização”.
"Sem a descolonização Portugal teria falhado o seu encontro com a liberdade. É essa frase final que tenho nas minhas conclusões, que como digo não é um 'slogan', não é uma forma de retórica, é um resumo em minha opinião muito objetivo de toda esta realidade".
O livro de Pezarat Correia é uma leitura fundamental para abordar o fenómeno histórico mais importante do século XX da história de Portugal: a independência das colónias. O fenómeno que desata o Nó Górdio do impossível colonialismo português, que derruba a ditadura e coloca Portugal no lugar digno que o seu passado histórico lhe confere no mundo.
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Presidente da Raríssimas tem de “repor o dinheiro que meteu no bolso, nem que seja até ao fim da vida”

Revista de Imprensa JE

Ontem 10:40

Manuela Ferreira Leite considera que a ex-presidente da Raríssimas terá devolver "do seu bolso" todo o dinheiro que usou em proveito próprio.

A antiga governante Manuela Ferreira Leite defendeu na quinta-feira à noite, no seu habitual espaço de opinião da TVI24, que Paula Birto da Costa deveria “repor o dinheiro que meteu ao bolso”, “nem que fosse até ao fim da vida”.

Manuela Ferreira Leite falava sobre a investigação que está a ser feita à Raríssimas, na sequência de uma reportagem da TVI que expôs a gestão indevida das verbas da IPSS por Paula Brito da Costa, quando afirmou: “Na Função Pública, nas instituições que têm dinheiros públicos e em que há desvios de dinheiros públicos, por um lado a pessoa é demitida, portanto perde o seu lugar. Por outro lado, tem que repor o dinheiro que meteu ao bolso e, portanto, há uma figura da reposição de dinheiros que não são da pessoa. (…) Teria que os repor, nem que fosse até ao fim da vida, através de cortes nos vencimentos, mesmo nas pensões, enquanto fosse viva e tivesse essa dívida. ”

A antiga ministra considerou a gestão da Raríssimas, por Paula Brito da Costa, como uma “atuação ilegítima” e esclareceu que é necessário separar o trabalho da Raríssimas com a polémica do desvio de verbas para uso pessoal da presidente demissionária.

“As notícias têm sido dadas de uma forma para a opinião pública que põem em causa não só a instituição, mas pior do que isso instituições desta natureza”, afirmou Ferreira Leite, acrescentando depois que essa ideia “muito perigosa” deve ser evitada.

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